Passageiro...
Sei que sonho, e o sonhar é tudo.
Na vigília, o destino cego vagueia.
No onírico, o âmago vivo se solta.
Sei que canto, e o cantar é pouco.
No poema, o verso cego alumia.
No dia a dia, um partir sem volta.
Sei que ouço, e o ouvir é prenhe.
Na poesia, o nous cego abrolha.
Na enação, os saberes ajustam.
Sei que olho, e o olhar acolhe.
Na matéria, o gene cego replica.
Na mente, o meme apreende.
Sei que vivo, e o viver é mútuo.
No morrer, volto cego para Gaia.
Na ilusão, o viver fútil em vão.
Sei que vamos, e o ir é a exmo.
Na senda, rumo cego evolui.
Na vida, sem designer, se crea!