Passageiro...

Sei que sonho, e o sonhar é tudo.

Na vigília, o destino cego vagueia.

No onírico, o âmago vivo se solta.

Sei que canto, e o cantar é pouco.

No poema, o verso cego alumia.

No dia a dia, um partir sem volta.

Sei que ouço, e o ouvir é prenhe.

Na poesia, o nous cego abrolha.

Na enação, os saberes ajustam.

Sei que olho, e o olhar acolhe.

Na matéria, o gene cego replica.

Na mente, o meme apreende.

Sei que vivo, e o viver é mútuo.

No morrer, volto cego para Gaia.

Na ilusão, o viver fútil em vão.

Sei que vamos, e o ir é a exmo.

Na senda, rumo cego evolui.

Na vida, sem designer, se crea!

Cesar de Paula
Enviado por Cesar de Paula em 06/01/2022
Reeditado em 07/01/2022
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