Trens de subúrbio
Um trem, na vida de alguém.
Um destino - paralelo - rumo trilhado.
Um vagão, cápsula turgada, engadada.
Um banco, que acolhe tão bem.
Um esperar, que se chegue bem.
Um vendedor, vendendo desdém.
Uma estação, na saída e na chegada.
Uma rotina de semblantes esculpidos .
Uma re-ida e re-vinda automatizada.
Por vezes, uma prosa das melhores.
Por vezes, um perfume dos piores.
Por vezes, um silêncio cochilado.
Nas sacolas, marmitas minguadas.
Nos bolsos - pouco - só pra passagem.
Nas bocas, sorrisos neutros de coragem.
É um entra e sai: me saio e me entro.
É uma estação escura, chamada Luz.
São Paulo, saudosa cidade cenário..
Gado no curral de concreto labirintado.
Sofrido laborar, na mesmice petrificada.
Gente, gentes ausentes, mesmamentes.
Entre Santos/Jundiaí, - Franco da Rocha.
Mesmas horas, mesmas idas e vindas.
Noutros dias, mais uma ida e outra vinda
Me fui na semana comprida...
Me volto saudoso de vida...
Me vejo ainda. Indo. Vindo!
Locomotiva que não mais motiva.
Locomotiva de rabo comprido.
Locomotiva me puxou pela vida.