TEMPO
Ó tempo, senhor de tudo e de todas as coisas
Pego-me pensando em tua falta de compaixão
Meu corpo carrega o peso de tua maldita ira.
 
Quando eu era menino não me preocupei contigo
A tua existência era de certa forma invisível a mim
Porém sem camaradagem mostrou minhas rugas.
 
Ó tempo, pense um pouco, pare com essa sua pressa
A sua loucura de estar sempre caminhando me mata
E eu não sei mais quem sou quando olho o espelho.
 
As rugas me enlouquecem, onde está minha juventude?
Tu com tua ligeireza roubou covardemente de mim
E agora tudo o que me resta, esperar calado o fim.
 
Aurora que um dia me fez sorrir sem medo
Hoje é degredo não quero vê-la nunca mais
Pois cada aurora que vejo me parece ser o fim.
 
Ó tempo, tenha pena de um pobre em desespero
Por ver em ti a maldita morte sorrindo em evidência
Pare, deixe-me viver um pouco mais, por favor, pare!
 
Quero apenas caminhar perdido na estrada
De mãos dadas com a doce felicidade
Pelos largos caminhos da juventude.
 
É tempo, sei que tu não perdoa de forma alguma
És como areia movediça que suga o corpo e a alma
A miragem que aparece em forma de oásis para matar.
 
Como diria o poeta, tu não para em nenhuma circunstância
Não existiu nenhum invento humano capaz de te parar
E tu continua caminhando loucamente sem paradeiro.
 
Ah tempo, vou me entregar um dia aos teus nobres braços
Pois contigo sei que jamais terei espaço para negociar
Mas enquanto puder resistir a ti não me entregarei jamais..
JOEL MARINHO