O ÚLTIMO POEMA

E antes da minha morte
Espero ainda ter a sorte
De escrever um poema.

Em uma cadeira de balanço
No vai e vem do descanso
No alpendre que dá pra rua.

E que a minha última lembrança
Seja a algazarra das crianças
Correndo a gritar na chuva.

Quando a cabeça der o giro
Eu no meu último suspiro
Seja o final do poema.

Eu dormirei satisfeito
Mas não ponha flor em meu peito
Pois isso a ninguém se faz.

Divirtam-se e bebam a vontade
Mas sem choro de falsidade
Declamem a mim meu poema.

JOEL MARINHO