SILÊNCIO

Falava pouco

Mas o pouco que falava

Se tratuzia na mais perfeita oração

Ria pouco

Mas o pouco que ria

Se transformava na mais alegre atração

Brincava pouco

Mas o pouco que brincava

Se construia a mais atraente diversão

Escrevia pouco

Mas o pouco que escrevia

Se encontrava a mais patente redação

Cantava pouco

Mas o pouco que cantava

Se eternizava na mais bonita canção

Agia pouco

Mas o pouco que agia

Se produzia a mais rara construção

Sonhava pouco

Mas o pouco que sonhava

Se esperava a mais perene realização

Sofria pouco

Mas o pouco que sofria

Se refletia a mais profunda solidão

Amava pouco

Mas o pouco que amava

Se acalentava o mais virtuoso coração

De tão pouco que fazia

Em seu silêncio escondia

A mais verdadeira perfeição

De tão pouco

Em silêncio

Retidão

Paulo Roberto Fernandes
Enviado por Paulo Roberto Fernandes em 25/04/2018
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