O BREVE LIVRE VOO DOS VERSOS

O BREVE LIVRE VOO DOS VERSOS

O livro se abre pelo vento

e permite que os versos nele contidos,

voem pelos ares frescos do dia.

Voam esses versos por instantes,

mas pousam logo sobre

as frondes das árvores dispersas.

O livro continua aberto

pela ação do vento afoito,

que ri com a fuga dos versos.

A ação do vento se amplia

e leva os versos para mais longe,

que já pousam sobre as aves

que passam voando apressadas,

levando alimento aos ninhos

feitos nos cimos das árvores serranas.

Os versos, bem alegres, se divertem

sob a luz do sol morno do dia,

cujo vento lhes refresca as letras.

Por enquanto, sofre tão triste,

da solidão tão amada por Rilke,

o livro ainda aberto sem os versos.

De súbito, o vento cessa e o livro

se fecha. O sol agora é apenas

um ocaso rubro no final da tarde.

Ouve-se o canto do rouxinol,

que chega para a alma do livro,

como um lamento de algo vazio.

Mas, qual porta fechada que se abre,

o livro recebe do bico da ave canora,

os versos exaustos do breve livre voar.

Escritor Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 11/12/2017
Código do texto: T6195913
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