Tercetos Confessos

Solitude, louca vaidade quimérica.

Por que tu me pedes ascéticos amores

De cunho simbólico e angústia homérica?

Solitude, mitologema satírico.

Teu solipsismo ideal invejo os valores,

Restituídos do rasgo deste sofrer lírico.

Solitude, reminiscente quasimatéria.

Teu bramido só ouvem os aduladores,

Em mim, alimenta-se a triste comiséria.

Solitude, antiparoxismo metafórico.

Quem há de vir a ti sossegar as dores?

Nostalgiar-me parece último verso córico.

Solitude, inacontecida memória.

Se a hiância do antigo calar-se fores,

Não encontrarás-me tua fenda compulsória.

Solitude, impenetrável mistério.

Dá-me o antídoto para as epífanas dores,

Alforria-me deste claustro cautério!

Solitude, controversa retórica.

Não me inventes gesto às mortas flores,

Resguarda-me desta paixão eufórica.

Solitude, antiga chaga coronária.

Não quero mais reclamar meus horrores;

Invade-me, tira-me desta senda ordinária!

Hernán I de Ariscadian
Enviado por Hernán I de Ariscadian em 11/04/2017
Reeditado em 15/02/2020
Código do texto: T5968346
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