MEU EU E MEUS OUTROS EUS QUE NÃO SÃO MEUS
A poesia
não vem de mim
por obra do acaso,
pois em Deus
tudo tem uma
razão pra ocorrer.
Se o fim do dia
gera o belo
do sol no ocaso,
é para que, do outro
lado do orbe, o sol
possa reaparecer.
O fluir do verso,
é fruto do que
o poeta pensa,
acerca de algum
caso que a alma
agiu em sonho,
ou com o corpo
desperto; ou apenas
observou o que
outrem fez acontecer.
Sucede também
que o poeta,
com a inspiração
abstraída, pode
cometer algum
descaso poético,
mas mesmo assim,
a poesia não perde
o sentido artístico
prazeroso
para quem a lê.
Cada vocábulo
que forma o verso,
vem do meu eu
que almeja fazer
a poesia; vêm
de outros eus
que me auxiliam
nesses instantes
de fazer poético;
vem da força das
coisas que exalam
os seus fluidos
energéticos; vem
da unidade cósmica
por efeito da Causa
Eterna que cria
todas as coisas.
Não faço poesia
só com o meu eu,
pois acresço no seu
fazer, outros eus.
Eus múltiplos
que se inserem
no meu eu. Eus
que estão livres,
mas que me visitam
no cárcere humano.
Eus que sabem que,
em algum porvir,
estarei livre desse
cárcere. Eus que voam
comigo em sonhos,
não por obra do acaso,
mas porque fazem
parte como eus e como
eu, do Eterno de Deus.
Escritor Adilson Fontoura
E-mail: aafontoura@hotmail.com.br