PERCO
Perco tudo aquilo que é meu.
Perco sonhos tranquilos
Acho pesadelos sombrios.
Perco palavras rabiscadas
Acho poemas prontos.
Perco vida a cada dia
Mas tenho beleza ao gastá-la.
Perco-me do destino
Refaço o caminho, e volto ao fado.
Perco meu perfume, meu azedume
Perco a paciência, a sapiência
Perco o amor, perco a alegria, perco a tristeza.
Perco a fé em negras horas
E reencontro-a no alvorecer
Em cada reerguer do sol da escuridão.
Perco tudo aquilo que é meu,
Mas acho algo em troca bom ou ruim
Na volta dos dias sem fim.
Sou um Achados e Perdidos na vida
Todo o azar e apostas passam por mim
Nesta dádiva de ser e não ser, afinal.