BLECAUTE

BLECAUTE

Recomendo aos estudiosos da psique essa leitura.

Por mais incrédula que lhe possa parecer, leia!

Pois eu lhe garanto o sucedido como verdadeiro.

Estava eu no ventre da minha mãe, no fim da guerra.

O Brasil havia aderido pela Força Expedicionária,

Ao fronte na Itália, aderindo ao blecaute doméstico.

Assim, aqui, muito longe da guerra, não sei porque,

Todo mundo escurecia as janelas com pano preto.

Esta lembrança eu trago como visto do ventre dela.

Por muito tempo em minha casa lá ficaram os pregos,

Nas janelas que suportavam os panos negros do blecaute.

Para a aviação não localizar as residências iluminadas.

Que bobagem! Pois as ruas iluminadas bem traçavam

Todo o mapa como alvo para os possíveis bombardeios.

Teria cabimento esta operação de defesa civil?

Vou consultar o Professor Google pra completar

Este terceto mal informado e inacreditável

Da minha vida uterina de minha mãe.

Achei a explicação pra tudo isso como precaução.

Pois o Brasil cedera aos americanos o extremo de Natal

Onde construíram um aeroporto para os bombardeiros.

Por isso, no Brasil se fazia exercícios de blecaute às 21h.

Tocavam as sirenes, apagavam-se as iluminações em geral.

Um exercício de guerra para o ataque aéreo ou naval.

E assim, os soldados americanos alojados em Natal,

Contribuíram para a modernidade do povo formal,

Para a informalidade da causa de brim azul unissex.

Trouxeram o for all, ou forro, Whisky, Coca-Cola,

Lucky Strike, foxtrot e bombardeiros de 16 toneladas.

As moças agora de calças compridas, mascando chicletes.

Mas como não era possível ver no útero, nasci em março,

Enxergando tudo até 8 de maio quando cessou a Guerra.

Eu tinha dois meses de vida e a tudo assisti e ouvi.

Chico Luz

CHICO LUZ
Enviado por CHICO LUZ em 08/01/2016
Reeditado em 08/01/2016
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