Corpo de um poeta
Se sente dor é se sentir tanto normal
se não sente bem do que não teve,
é sorri as ternuras que não lhe fez mal
sentindo o que não sentia ou esteve
Não se finda a corda que ele gira
por girar imensamente fica a penar
das quatros portas, alarde, se atira
a chama entorpece o verbo amar
Mil noites de solidão vale uma só
nascem as pedras mortas do abismo
borbulha sangue sal a gosto de pó
-virgem flor a tremer seu erotismo
Fonte imatura de memória sombria
ventura sinistra de terno banhada,
poeta não pulsa, grita, cospe poesia
luz que vela e morre sem ser velada!
Pombal, 24 de Dezembro 2014.