Não escreva [...]
Não escreva para você,
seu ego chora,
chorem seus versos de dor.
Não escreva por você,
seu orgulho grita,
gritem seus versos de angústia.
Não escreva por escrever,
sua preguiça esmiúça,
esmiúce sua preguiça em definhação.
Não escreva pelos outros,
seus elogios decaem,
decaiam seus elogios em devaneio.
Não escreva por suas preferências,
sua carne reclama,
reclame sua carne em agonia.
Não escreva para o eu,
seu eu se entristece,
entristeça-se seu eu em lágrimas.
Não escreva na carne,
sua carne sangra,
sangrem seus versos em morte.
Não escreva para seu bem-estar,
sua fraqueza salta,
pranteie seus versos em fraqueza.
Não escreva por mim,
eu lhe agradeço,
agradeça eu em alegria.
Não escreva pelos frutos,
escreva pela videira,
seus versos, assim florescerão - floresçam seus versos em abundância!
Não escreva seus versos manchados,
ou maculados pela carne,
seus versos, sejam pura bonança.
Escreva para quem, então?
Quem é o Criador dos versos?
O Senhor do choro e do grito.
Não escreva para ninguém,
não escreva,
seus versos, sejam para o Altíssimo, senão de nada valerão.
[01/09/12]
Cesare, em tudo capacitado pelo Senhor.