"CELULAR"
PARTIPOU DA CIRANDA DO CELULAR
Valdemiro Mendonça
Pois aquele telefone é a razão que me faz pecar,
Fico bem encafifado quando ela sai do meu lado
Para ir atender longe de mim o bendito celular.
Fico soltando faíscas, vai me coçando uma orelha,
Ao vê-la sorridente mostrando o brilho dos dentes,
Como um colar de perolas na sua boca vermelha.
Vai subindo bem lentamente, um terrível calafrio!
O coração se enrola parece querer saltar pra fora,
Como se a vela da vida queimasse o ultimo pavio.
Eu pego o meu desafeto e vejo em cada botãozinho
Um possível escondedor dos amantes da minha flor,
Que irão receber no toque do seu dedo um carinho.
Aí é o meu que está tocando faço só por desaforo,
Se quem ligou foi João, chamo o pobre de conceição,
Aí me sinto bem vingado com sua carinha de choro.
Nós vamos vivendo, a vida moderna no comunicar,
Escondo minha agenda para que não haja contenda
Enquanto isso ficamos reféns e escravos de celular.
Trovador.