Desilusão e Renascimento

Bateu a porta e saiu

Foi buscar outro repouso

Quando o coração partiu

Se perdeu desiludido

Foi buscar-se noutro olhar

Sem olhar ficou perdido

Não ouvia nem sentia

Nem falava o que sentia

Não sabia o que fazia

Coitado em desilução

Confiou num coração

Que tampouco lhe queria

Lhe enganou, lhe desprezou

Fez-lhe bobo, lho pisou

Foi tão triste ver seu fim...

Ah, que dor, e que saudade

Dos tempos de felicidade

De quando a conheceu

Ah, coitado, que maldade

Nunca queiras algo assim,

Nem pr'um inimigo teu!

Foi de encontro com morte

Mas por pouco, foi por sorte

Que escapaste deste fim

Uma dona corajosa

Seguraste-o bem na hora

Que ele ia se matar

Ela o disse: Meu menino

O que há? Que te amola?

Vai, me dizes. Que lhe há?

"Eu queria ir embora

desta vida. Vá embora!

Nada podes me ajudar..."

"Meu garoto, é teu peito

Que te matas, que sem jeito

Que tu ficas por amar!

Amar é se arriscar

E tu deverias saber

Antes de se envolver

Coração que se entregou

Está perto de sofrer

Por quem só se apaixonou

E o teu coração ardente

Poderá ser mais contente

Se conheces novo amor

Pois assim, então, tu saibas

Não te envolvas com amarras

De um verdadeiro amor

A menos que tu se acerte

Que a mulher que tu conheces

Também sente algo assim

Coração, órgão sensível

Tu o tens pra mais que isto

Vá e busca feliz fim!"