ESTADO DO HOMEM
Correm as horas nas veias
Uma chuva ainda fina lembrava pelo
cheiro uma terra de outrora
A memória voa de volta
para o infante estado em ares
chuvosos da alegria matinal
Agora dorme, já era tarde
ainda os escombros eram a foto
triste no portal da entrada
A mente corre por terras
imaginárias da abstração noturna
As vozes dormem à sombra
É cedo, os olhos lembram...
o estado temporal do humano
ser no frio do chão descalço
A respiração se fez ofegante
no distante solo de morada esquecida
no fogo concreto hodierno
Há um cheiro inexplicável
na sensação, talvez um coração
sem memória a acordar acelerado
Enfim, chega o tempo
Tão próximo que dói nos ombros
verdes da memória sem tom
Desfalecida intriga as horas
nos braços fortes de um trabalhador
sonâmbulo no templo da celebração
Ardem, ainda, em estado mórbido
as flores murchas da memória. Sem aroma
as lembranças se equilibram bêbadas
nas cordas bambas do picadeiro alheio
aos aplausos invisíveis da imaginação
pela névoa nos olhos do tempo.