ESTADO DO HOMEM

Correm as horas nas veias

Uma chuva ainda fina lembrava pelo

cheiro uma terra de outrora

A memória voa de volta

para o infante estado em ares

chuvosos da alegria matinal

Agora dorme, já era tarde

ainda os escombros eram a foto

triste no portal da entrada

A mente corre por terras

imaginárias da abstração noturna

As vozes dormem à sombra

É cedo, os olhos lembram...

o estado temporal do humano

ser no frio do chão descalço

A respiração se fez ofegante

no distante solo de morada esquecida

no fogo concreto hodierno

Há um cheiro inexplicável

na sensação, talvez um coração

sem memória a acordar acelerado

Enfim, chega o tempo

Tão próximo que dói nos ombros

verdes da memória sem tom

Desfalecida intriga as horas

nos braços fortes de um trabalhador

sonâmbulo no templo da celebração

Ardem, ainda, em estado mórbido

as flores murchas da memória. Sem aroma

as lembranças se equilibram bêbadas

nas cordas bambas do picadeiro alheio

aos aplausos invisíveis da imaginação

pela névoa nos olhos do tempo.

INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI
Enviado por INALDO TENÓRIO DE MOURA CAVALCANTI em 03/04/2011
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