Não é para rir nem para chorar, só para melhorar
Edson Gonçalves Ferreira
Os garotos, parando na entrada do parque de diversão, falaram: “_Spé ceis qui”.O dialeto ficou evidente tanto na primeira fala quanto na resposta dos colegas: _”Nóis num vai demora. Nós só vai na roda gigante!” Eu, dentro do carro, engoli seco, não ri. Olhei para os jovens, bem vestidos, bonitos e, então, pensei: _A escola não dá conta da língua. A escola ainda não conseguiu ser inclusiva! Estrangeiro não entenderia nunca, precisaria traduzir para: “Espero vocês aqui” e “Nós só vamos na roda gigante!”.
Entristeci, porque sou professor e, às vezes, julgo-me incompetente. Depois, mais tarde, ouvi uma senhora, bem vestida, dizendo: _"Estou fazendo regime e já esmagreci cinco quilos e quinhentas gramas!” Novamente, fiquei sem fala. Deu-me vontade de dizer para ela que ela tinha engordado um “s”, porque o verbo é emagrecer e, também, que ela chamasse o jardineiro para cuidar das gramas dela. Sim, porque “o grama” é o peso e “a grama” é a vegetação. Assim, a frase correta é: “_Estou fazendo regime e já emagreci cinco quilos e quinhentos gramas!”.
Tanto a fala quanto à escrita, dependendo do momento, precisam de certo controle. A fala é menos vigiada que a escrita, mas devemos evitar erros graves. Agora, cuidado, amigo e amiga, nós devemos respeitar as pessoas que cometem “desvios” ao falar. Não podemos rir. Se você puder, delicadamente, repita. Por exemplo, quando alguém falar: “_A festa era beneficiente” - repita: _ “A festa era beneficente”. Sim, porque o certo é “beneficente”.
Necessitamos do português mais correto para garantir nossa inserção no mercado de trabalho, principalmente, hoje, quando a internet exige que escrevamos muito e muito e, também, que falemos. Assim, nenhuma mulher pode dizer: “Eu estou menas triste”, sim porque “menas” não existe.
Até o computador rejeita. Você digita “menas” e ele corrige. A máquina foi “alimentada” só com o advérbio “menos” e, portanto, toda mulher fica menos triste ou mais triste, certo? No momento, lembro-me, também, das palavrinhas “meio” (advérbio = um tanto) e “meia/meio” ( = metade). No primeiro caso, a palavra não varia: “A madame está meio triste, mas o patrão está meio alegre”. Viram, não?
Já quando a palavra “meio” significa metade, ela se torna variável: “Os doutores dizem meias verdades” – ou: “Ela comprou duas dúzias e meia de ovos¨ - ou: “Chupei meia laranja”. Agora, pelo amor de Deus, não escreva e não diga: “Ela está meia triste”. Isso não existe, entenderam?
Agora, só para terminar, eu digo obrigado para todos vocês, leitores e leitoras. Se eu fosse uma mulher, eu diria “obrigada” tanto para um homem ou para uma mulher. Muito obrigado, obrigado mesmo, porque vocês, meus leitores e minhas leitoras, são adoráveis.
Divinópolis, 01.04.08