Gênero e tipologia textual - "4"

DISSERTAÇÃO.

Dos gêneros textuais, a dissertação (ou tex-

to argumentativo) é, sem sombra de dúvida, aquele que mais comple-

xidade envolve para a sua produção, visto que, conforme já mencio-

nado em nosso encontro anterior, a elaboração de um texto disserta-

tivo exige do autor um grande senso de coerência, noções de "enca-

deamento" das idéias ou argumentos.

E a razão disso é simples : se o texto disser-

tativo É AQUELE QUE TEM POR OBJETIVO DEFENDER UM PONTO-DE-

VISTA, é óbvio que, para tal, os argumentos a serem apresentados,

ALÉM DE BEM SELECIONADOS, devem ESTAR NUM SEQUENCIAMENTO

LÓGICO E QUE BEIRE A GRADAÇÃO, de tal forma que, ao final, não

reste ao leitor outra alternativa senão tomar como verdadeiro o ponto-

de-vista defendido pelo autor.

O sequenciamento deve obedecer RIGOROSA-

MENTE a esta ordem :

INTRODUÇÃO (onde deve estar contida a

idéia-base ou o resumo do

ponto-de-vista que se quer

defender).

E UMA INTRODUÇÃO BEM

ELABORADA NÃO DEVE ULTRA-

PASSAR UM PARÁGRAFO, ob-

viamente, O PRIMEIRO;

O DESENVOLVIMENTO (que deve relacionar,

num adequado sequenciamen-

to os argumentos comproba-

tórios do ponto-de-vista ex-

posto).

O DESENVOLVIMENTO ADE-

QUADO, NUMA DISSERTAÇÃO,

ALÉM DE BEM CONCATENADO,

NÃO DEVE CONTER ALÉM DE

DOIS PARÁGRAFOS (o segundo

e o terceiro parágrafos); e

A CONCLUSÃO, que vem a ser nada mais nada

menos que o retorno ao ponto

-de-vista ou idéia central (nes

-se momento bem embasada,

através dos argumentos apre-

sentados).

E ESSA CONCLUSÃO DEVE

TRINGIR-SE A UM ÚNICO PA-

RÁGRAFO, no caso, o último.

IMPORTANTE :

O item considerado mais importante numa

dissertação é A COERÊNCIA DOS ARGUMENTOS.

Veja, no exemplo a seguir, como um argu-

mento incoerente põe por terra todo o esforço de se defender este ponto-de-vista :

Tomemos por base que um determinado au-

tor tenha em vista PROVAR QUE "O LUGAR DA MULHER É NO TRABALHO" e, dentre os argumentos selecionados para comprovar es-

se ponto-de-vista, ele relacionou este :

- " ...outra razão para a mulher trabalhar fo-

ra é como forma de dar mais atenção aos filhos"...

Ora, o bom-senso leva qualquer leigo a en-

tender que, "se a mulher que trabalha fora ficará distante do lar - e,

por consequência, também dos filhos -. Tal dedução lógica fará com

que todos os demais argumentos, por melhores e mais convincentes

que sejam, percam totalmente o sentido, ou seja, tornam-se nulos.

Finalizando, pode-se afirmar que o que mais

se destaca numa boa dissertação, NÃO É O USO DE VOCABULÁRIO

REBUSCADO, mas sim, O USO ADEQUADO DE UM VOCABULÁRIO TIDO

COMO "COMUM".

(Num dos próximos encontros, depois de

abordarmos sobre A TIPOLOGIA TEXTUAL (ou os outros "sub-gêneros"

textuais), relacionaremos outras preocupações que o autor deve ter

ao produzir um texto dissertativo ou argumentativo. FALOU?)

'Té !