POESIA ... ETERNA POESIA

POESIA ... ETERNA e sempre eterna POESIA

Maria Nascimento Santos Carvalho

Site: www.marianascimento.net

Dia Nacional da Poesia - 14 de março

Dia mundial da Poesia - 21 de março

O Dia Nacional da Poesia, 14 de março, foi instituído em homenagem ao magnífico Poeta ANTÔNIO DE CASTRO ALVES, que nasceu em Cabaceiras, no Estado da Bahia, no dia 14 de março de 1847 e faleceu no dia 6 de julho de 1871 com apenas 24 anos de idade.

CASTRO ALVES, apesar da pouca idade, deixou vários livros :

“Espumas Flutuantes” (1870), “A Cachoeira de Paulo Afonso”,

“Gonzaga ou a Revolução de Minas”, “Hinos do Equador”, “Os Escravos” etc. Com exceção de Espumas Flutuantes, todos os demais livros foram publicados depois de sua morte.

CASTRO ALVES foi o criador da chamada escola condoreira e, sem dúvida, o seu maior vulto. Também foi um grande Trovador.

São de autoria de Castro Alves, as Trovas:

“Na hora em que a terra dorme,

enrolada em frios véus,

eu ouço uma reza enorme

enchendo o abismo dos céus.”

“As nuvens ajoelhadas,

nos claustros ermos e vãos,

passam as contas douradas

das estrelas – pelas mãos.”

Dia Mundial da Poesia

O Dia 21 de março foi proclamado o Dia Mundial da Poesia, pela UNESCO – United Nations Educational , Scientific and Cultural Organization, instituição fundada em 1946, dedicada à difusão da Educação, da Ciência e da Cultura, ligada a O.N.U. – Organização das Nações Unidas., organismo internacional criado em 1945 (26/06/1945, salvo engano)

Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira,

POESIA é uma composição poética de pequena extensão gerada pelo entusiasmo criador e a inspiração. É tudo aquilo que desperta o sentimento do belo e o que há de elevado ou comovente nas pessoas ou nas coisas ... o encanto, a graça. É a arte de escrever em versos.

Não tenho a pretensão de discutir o mérito dos dicionaristas, mas discordo, no que tange a expressão "de pequena extensão", levando-se em conta que o Poema e a Epopéia são gêneros poéticos que não podem ser desassociados da Poesia, em si mesma, porque poesias são, embora possam ter um conteúdo de grande extensão.

Quanto ao POEMA, o Aurélio registra : Poema é uma obra escrita em versos, uma composição poética de certa extensão com enredo.

O POEMA, segundo ele, pode ser Dramático, (Teatral) designação genérica das peças e espetáculos nos quais os elementos psicológicos, dramáticos, visuais, musicais, coreográficos etc., convergem para o simbólico, o fantástico, o lírico.

POEMA Sinfônico, (Musical) é uma peça orquestral em um só movimento, de caráter descritivo e de forma muito livre.

EPOPÉIA é um Poema de longo fôlego acerca de assunto grandioso e heróico... uma ação ou série de ações heróicas.

E, como exemplo de que uma Poesia pode conter uma grande extensão, citamos a Epopéia, OS LUSÍADAS, de LUIZ VAZ DE CAMÕES, obra publicada em Portugal, em 1572, até hoje conhecida universalmente.

Falando em Poesia, apenas para esclarecimento àqueles internautas que não fazem ainda este gênero literário, informamos que a Poesia Clássica é composta por versos rimados e metrificados e pode conter qualquer número de estrofe, com exceção de o SONETO que só pode ter 14 estrofes, isto é, 14 versos, conforme exemplificaremos ao final.

Sobre a Poesia, escreveu Thierry Maulnier (Jacques Louis Talagrand) 1909 : ... podem ser chamadas de poesia a qualidade de uma atmosfera que emana de uma obra em prosa ou qualquer manifestação do espírito criador que apresenta uma "alma", " um quê indefinível ", que em sua própria vontade de traduzir a realidade a transcende. " Presente no cerne das grandes obras do espírito, ela dá a impressão de ora ser o seu princípio, a sua fonte, ora o nimbo e o orvalho...

E afirmava Baudelaire (Charles) 1821 – 1867 : a poesia é de tal modo inalcançável, que o poeta dela não nos pode dar senão uma definição à sua imagem... Tome impulso na emoção ou na razão, a poesia quer dizer mais, dizendo-o melhor e no próprio momento em que é escrita, ela se afirma como um ato privilegiado, correspondendo à " aspiração humana por uma Beleza superior ".

Como entendia Cocteau (Jean) 1889 – 1963, a função da poesia é erguer o véu e mostrar " nuas, sob uma luz que afugenta o torpor, as coisas surpreendentes que nos cercam e que nossos sentidos registram maquinalmente ". Ser privilegiado, o poeta sobre o mundo com o qual vive em simbiose um olhar profundo cuja extrema pureza se assemelha à natureza visual da infância.

Em sua origem, a Poesia é rigor. Sua história, antes de tudo, é a de uma submissão incondicional à métrica. Dos cantares medievais aos sonetos parnasianos, de Villon a Valéry, de Gil Vicente a Manuel Bandeira e até hoje, ela não deixou de se lembrar as regras que se impôs: as da versificação.

Muitos outros Poetas e Escritores teceram comentários em relação às características da Poesia. Mas se analisarmos detidamente o conteúdo de cada comentário, chegaremos à conclusão de que, apesar de usarem vocabulários diferentes, todos entenderam que" a Poesia Clássica, aqui focalizada, "é a música da alma quando respeita a harmonia, a métrica, a rima e todas as demais qualidades que a levam a corresponder, principalmente, a aspiração humana por uma Beleza Superior e ao bem comum que a ela possa levar a toda comunidade e enriquecimento do espírito.

A Poesia Moderna é composta em versos brancos, sem rima obrigatória, mas é necessário que se observem determinadas exigências para que ela não se torne enfadonha e sem sentido. Por isso, não se pode compor um amontoado de versos apenas para lhe dar cunho de Poesia Moderna.

A Poesia Moderna também depende da nossa inspiração, de sentimento, de harmonia, de sonoridade, de beleza, de emoção e, sobretudo, de correlação entre uns versos e outros, para que entendamos o tema principal abordado pelo autor e para que ela nos penetre a alma.

Referindo-se à Poesia Moderna, Breton ( André) 1896 – 1966 disse : ao sabor de suas libertações, a época moderna não chegou a extinguir o verso regular. Mas seria pouco dizer que sua arquitetura se tornou menos rígida... O metro, em nossos dias, perdeu muito de seu rigor matemático. Voluntariamente se submete à música, em vez de tentar submetê-la, e não raro incorpora todo o poder que emana dela: a censura oscila : a rima divaga, e se, sob certos aspectos empobrece, encontra na abundância da invenção um destino novo.O verso livre abalou a ordem poética Rimbaud anunciou a ruptura. Outros se encarregariam de consumá-la. Rimbaud (Jean Nicolas Arthur) 1854 – 1891.

E acrescentou : o verso dito livre não o é, porém, tanto quanto o sugere. Tem seu rigor interno, suas leis que não podem ser codificadas. Preocupa-se com as cadências, faz um esforço de harmonia, costeia a iluminação etc.

Para Clovis Hugues, “a poesia não é grande a não ser quando completa o sonho pela idéia e a idéia pela ação”.

A poesia é política, filosófica, , religiosa e social e, segundo entendia Ricardo Neftali Reyes, o Pablo Neruda, poeta chileno, detentor do Prêmio Nobel de Literatura, em 1971, que nasceu no dia 12 de julho de 1904 e faleceu em 1973, “ a poesia pode se tornar uma verdadeira arma de revolta”.

Dadas as explicações acima, registramos FANTASIA, um soneto decassílabo que, pela expressão "decassílabo", já demonstra que é composto por versos de 10 sílabas poéticas. E, neste estágio, falaremos apenas sobre a métrica, apontando onde se encontram as elisões. Antes, porém, a título de ilustração, registramos que :

Elisão é a supressão (eliminação) da vogal final de um vocábulo quando o seguinte principia por vogal.

Ex. Neste estágio falaremos apenas sobre a métrica, apontando onde se encontram as elisões.

Nes / te es / tá / gio / fa / la / re / mos / a / pe / nas / so / bre a / mé / tri / ca, a / pon / tan / do on / de / se en / con / tram / as / e / li / sões.

Também se elide quando há vogal no final do vocábulo e o seguinte começa com h.

Ex. Tam / bém / se e / li / de / quan / do há / vo / gal / no / fi / nal / do / vo / cá / bu / lo e o / se / guin / te / co / me / ça / com / a / le / tra a / gá. (h).

EX. Se há na minha alma alguma cicatriz ...

Se há / na / mi / nha al / ma al / gu / ma / ci / ca / triz ...

Ainda como ilustração, informamos que as sílabas poéticas são contadas apenas até a última sílaba tônica do verso.

Ex. Quando era de tristeza que eu chorava !

Quan / do e / ra / de / tris / te / za / que eu / cho / ra /(va) = 10 sílabas

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

FANTASIA

(grifadas as últimas sílabas poéticas, cuja contagem difere

das sílabas gramaticais)

Meu - so - nho e - ra - fa - zer - ver - sos - um - di (a) ...

e, - quan - do, às - ve - zes - , tris - te - me en - con - tra (va),

fin - gi - a - que - cho - ra - va - de a - le - gri (a),

quan - do e - ra - de - tris - te - za - que eu - cho - ra (va) !

E - per - ce - bi - que a - té - nu - ma - Poe / si (a),

que en - tre - lá - gri - mas - tris - tes - me - bro - ta (va),

co - mo um - di - vi - no - to - que - de - ma - gi (a),

mes - mo - so - fren - do, as - sim me - rea - ni - ma (va) !

Foi - tu - do em - vão, - por - que, - fa - zen - do - ver (sos),

eu - nem - no - tei - que os - meus - so - nhos - dis - per (sos)

trans - cen - di - am - meu - mun - do - pe - que - ni (no) ...

E, - na an - gús - tia - de - quem - sem - pre - so - freu,

en - tão -, per - gun - to a - Deus - por - que - me - deu

um - so - nho – bem - mai - or - que o - meu - Des - ti- (no) ...

Maria Nascimento Santos Carvalho

Maria Nascimento
Enviado por Maria Nascimento em 14/03/2008
Código do texto: T900912