SINOPSE DE ''A LUZ DO MUNDO'

Em 2006, quando recebi os originais de“Genealogia e Memória de uma Família” percebi que havia chegado o momento de publicar também “A Luz do mundo”. O livro que me foi confiado para revisão era irmão gêmeo daquele que eu escrevia. Havia neles uma luz vinda do mesmo candelabro com a qual os autores procuravam dissipar as trevas. Ambos buscavam restaurar a alma humana, com pincel embebido no amor de Deus.

Os rascunhos de “A Luz do mundo”, ao serem digitados, passavam por modificações: a pedra bruta era lapidada e uma camada de verniz polia e dava acabamento à estrutura das frases. Porém, um defeito no computador fez com que parte do livro se perdesse.

As máquinas precisam de revisão e reparos por causa da poeira acumulada e dos vírus lançados em seu interior. Assim como as máquinas, a alma humana também necessita de restauração, por causa do lixo espiritual constantemente soprado contra ela. É verdade que todo dia somos atingidos por bombas de pensamentos e sugestões diabólicas que se não forem rejeitadas, podem nos levar à prática o mal. É preciso que estejamos revestidos com a armadura de Deus, renovados e restaurados pela fé em Jesus Cristo, “para que possamos resistir às ciladas do demônio.” (Ef. 6,12).

Refletindo sobre a pane no computador, descobri que a poeira da vaidade de escrever um livro havia se instalado em meu coração. Naquele dia em que perdi parte do “meu livro” descobri que ele não era meu.

As obras das mãos do homem, mesmo as mais duradouras, jamais serão eternas, porque parciais e imperfeitas (I Cor 13,9-10).A fama e a vaidade, tudo é vento que passa ! Com esta compreensão, pude aceitar também, sem nenhuma revolta, o fato de terem furtado “meu” carro. Antes, era tamanha a possessão por ele, que lhe dei até um nom. Era o Xebinha. Dele só fiquei com as chaves e uma lembrança que não me atordoa... Há um adágio popular bem antigo que diz: “ Vão-se os anéis e fiquem os dedos”,pois, de que vale o efêmero diante daquilo que é infinitamente duradouro? Todo tesouro acumulado na terra está sujeito à traça, à ferrugem ou à pilhagem de ladrões. Nenhuma obra humana é eterna, nem dura eternamente a memória do sábio. “Morre o sábio e o insensato e ambos já não são mais lembrados” (Ecle 2,l6). Portanto, não havia razão para envaidecer-me do livro que escrevo, porque “minha pregação não é nenhuma glória para mim. Nada digo em meu nome, mas em nome daquele que me mandou dizer ”(I Cor 9,16). Não escrevo para tornar-me conhecido, mas para que se torne conhecido Aquele que anuncio. Esta foi a ordem que recebi do Senhor meu Deus: “ Anunciar o Evangelho a toda criatura: “quem crer e for batizado será salvo”(Mc 16,16).

Eu não sou a Luz, mas a luz está em mim. Não falo em meu nome, mas em nome daquele que me mandou falar (Jo 14,10). Eu não sou a luz. Eu vim para dar testemunho da Luz (Cf.Jo 1,1.6-8.20-21). Não sou profeta, sou apenas um caniço agitado pelo vento (Mt 11,7) a clamar no deserto de cada coração. Sou apenas um lenho seco a quem o Senhor, em sua infinita bondade, prolongou a permanência entre os homens, até que eu aprenda habitar eternamente em Deus. Tudo que tenho é de Deus, veio de Deus e a Ele retornará, à exceção do pecado que não veio do Senhor, mas de mim mesmo. Não sou modelo nem referencial de santidade. Eu caí, da mesma maneira que muitos, um dia também caíram (Sb 7,-3). Se me olho no espelho, não vejo nada além do que é corruptível, mas se minha alma pudesse ser vista através da matéria, com certeza, revelaria traços divinos, por causa d’Aquele que habita em mim. Não falo apenas do Deus habita em mim, mas também do Deus que habita em ti, pois embora simples vaso de argila como eu, todos recebemos um sopro espiritual vindo de Deus, de modo que, todo batizado é chamado a evangelizar e tornar-se uma “pedra viva” na construção do Reino do Senhor.

Aquele que anuncio é superior a mim, porque existe antes de mim. É preciso que eu diminua e Ele cresça. Anunciar o Reino de Deus não é deliberação minha de colaborar com o plano de salvação, é uma ordem do próprio Jesus a todo batizado. Permita Deus que eu aponte corretamente ao outros o caminho da salvação, e ao apontá-lo, siga também eu este caminho. Eu quero ser, como Madre Tereza de Calcutá, tão somente um lápis na mão de Deus.

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Adalberto Antônio de Lima