REFLEXÕES SOBRE MEU PROCESSO CRIATIVO LITERÁRIO
Uberaba/MG, 03 de dezembro de 2024
Oi Dirlene,
Sobre seu comentário no site onde publiquei a homenagem à memória do Eustáquio. Sim, sou poeta. Escrevo poesias desde os 17/18 anos. Tenho 51. Para a Rita, escrevi um livro não publicado, apenas para ela, faz quase 20 anos. Meus poemas e demais escritos, estão publicados principalmente na internet e jornais, mas pretendo ainda publicar em livros.
Meu processo criativo é variado. Tem poema que são rápidos, em especial quando eu opto pela "poesia moderna", onde a métrica e o sistema de rimas não precisam de exatidão. Às vezes um poema surge em minutos. Mas quando procuro seguir "as regras poéticas", o processo demora mais, no mínimo um a dois dias, pois tenho que me preocupar com a contagem de sílabas poéticas e esquema de rimas.
No caso do Poema que fiz para o Zé, 'O Incansável Militante', a vontade de escrevê-lo veio a partir do momento que soube que o perdemos. Comecei a rascunhar ainda no domingo, mas por volta das 21h40min, acabei transformando meu rascunho num Obituário Político-Biográfico, que enviei para todos meus contatos.
Mas por volta das 23h de domingo, a poesia voltou a reclamar seu lugar à luz, queria vir ao mundo e recomecei a trabalhar novamente no poema. A ideia inicial era fazê-lo usando a métrica dodecassílaba (também chamada de alexandrino), que é compor os versos com doze sílabas poéticas. No momento, depois de viver uma fase de poetrix e haicais, que são poeminhos, estou curtindo escrever versos longos. Queria também usar o esquema de rimas ABBA em todo o poema.
Entretanto, mesmo depois de diversas revisões e horas de trabalho, 'O Incansável Militante' ficou meio que mesclado: tem versos com 12 sílabas (dodecassílabos), de 10 sílabas (decassílabos) e de 9 sílabas (eneassílabos), talvez algum com 11 sílabas (hendecassílabo), não me lembro ao certo. No esquema de rimas, ficou tanto com ABBA como ABAB, creio.
Esse o processo criativo de 'O Incansável Militante' me consumiu cerca de seis horas.
Além do tempo que gasto escrevendo e revisando, o processo criativo tem outras nuances: leio muito, de tudo, inclusive (mas essa não é minha principal leitura) teoria literária (métrica, esquema de rimas, tipos de poemas), além dos livros e textos políticos, jurídicos e romances e assisto bons filmes e séries. Também ouço músicas de qualidade ao acordar antes de vir ao trabalho (sou barulhento de manhã cedo, nas palavras de Rita), enfim, busco estar envolvido com ambiente cultural, mesmo que de forma virtual, como estou envolvido nos ambientes político, jurídico e social.
Mas, mesmo assim, como disse uma vez Manoel Bandeira, "Não faço poesia quando quero e sim quando ela, a poesia, quer".
Era isso que eu sentia necessidade de escrever, pra você e para quem me lê.
Adriano Espíndola Cavalheiro