A Vida
Escrevo não porque gosto, mas pela necessidade de escrever, é como se a escrita fosse algo que precisa sair de mim, é como procurar algo que ainda não tenho. O que é? Não tenho certeza, se tivesse encontrado talvez não escrevesse, não sei dizer.
Sinto como se abrisse uma velha porta toda vez. O que há nessa porta nunca sei eu dizer, nunca soube nada, não hei de saber, não sou sábio. Mas a porta sempre se abre quando preciso, quando pego a caneta e coloco no papel. E quem sou eu pra me enganar? Nunca tive caneta e tão pouco papel. Digito frases aqui e frases ali, algumas com sentido, outras sem sentido algum. A maldição que estou fadado é a de ser escritor, onde não se usa mais papel e caneta.
Sim, já tentei fazer poesias, até as fiz de com maestria, não sabia se deveria, mas quando sentia, sempre escrevia. E agora, escrevo tão pouco, e se escrevo, pareço mais um louco. Queria isso ou aquilo, aquela utopia ali me parece mais real, vamos procurá-la para que jamais possamos encontrá-la. Tão em vão.
Corri, corri e corri e jamais tive o prazer de estar caminhando. Era tudo muito rápido, intenso, era aquilo ou aquilo, era o que sentia. Se me arrependo? De maneira alguma, me entreguei sempre de corpo e alma e aprendi. Aprendi que a coisa mais bela é conseguir ver o pôr do Sol todos, aprendi que ainda há poetas e escritores por aí, aprendi que ser amigo da sabedoria é enfrentar a você mesmo. E ainda sim, nunca consegui caminhar.
Há caminhos que levam à uma direção e há caminhos que levam a outra, não sei qual devo escolher. Nunca escolhi, sempre fui escolhido. E mesmo que nunca tenha feito escolha alguma, ainda foi uma escolha. Tão bela e complexa és tu vida, que não sei dizer tão pouco sobre você, nem muito sobre. Só sei que escrevo, porque escrever é meu dever!