TEXTOS AVULSOS DE ALGUNS DOS MEUS HETERÔNIMOS

Prólogo

Os erros nos ajudam a crescer. Eu cresci e sigo evoluindo porque aprendi a minha lição.

Cai. Levantei-me depois das rasteiras da vida. Demorei, mas aprendi a caminhar e a dizer NÃO!

Tenho vários heterônimos. Fui inspirado por Fernando Antônio Nogueira Pessoa. Ora, se o português podia ter tantos pseudônimos... Por que eu, um neófito aprendiz da didática epistolar, também não posso? – (Nota deste Autor).

PERGUNTAS E RESPOSTAS NEM SEMPRE COMPREENDIDAS

Jacinta perguntou a Eugênio:

– O senhor pode me dizer algumas palavras sobre a solidão?

A RESPOSTA DO EUGÊNIO

– Ah! Sim. Quantas vezes precisei cerrar meus olhos e me imaginar no meio de uma multidão? Isso sempre acontece comigo em momentos de extrema solidão.

Solidão faz isso com a gente que, sem amigos ou amigas, por excesso e/ou falta de tempo, busca no próprio interior a segurança outrora existente nos bosques floridos da imaginação.

UM INUSITADO ENCONTRO NA FEIRA CENTRAL

Assis Vieira se encontrou com Alfredo na Feira Central de Campina Grande, PB e perguntou:

– Alfredo, a nossa Constituição Federal, em seu artigo 5º, diz que todos somos iguais perante a lei. Você entende que nós seres humanos somos todos iguais?

RESPOSTA DO ALFREDO

– Não! Perante a lei só seríamos iguais se não houvesse o foro privilegiado. O foro privilegiado possui respaldo legal principalmente nos artigos 53 e 102 da Constituição Federal.

Esse malfadado foro privilegiado é o direito atribuído a algumas autoridades que ocupam cargos públicos de não serem julgadas perante a primeira instância em matéria penal (crimes comuns ou de responsabilidade). Então, a própria Carta Magna se contradiz quando diz que todos somos iguais perante a lei.

Somos ambulantes, tais quais mortos-vivos sempre em busca de progresso, refúgio e proteção. Somos diferentes.

Tal qual o mar, água em constante movimento, instável, somos um corpo no lugar das transformações e dos renascimentos. Somos diferentes em todos os sentidos e, definitivamente, jamais seremos iguais.

OS CONVIDADOS DO DOUTOR ORLANDO

Numa animada tertúlia de confraternização, que se realizava na luxuosa mansão do Dr. Orlando, Fernando olhou para Henrique e disse repentinamente:

– Diga-me algo que eu possa considerar sabedoria, mesmo que de imediato eu não lhe compreenda.

HENRIQUE RESPONDEU

– Estou sempre inovando. O tempo passa depressa e não tenho tempo a perder. Pesquiso, estudo, aprendo e ensino. Ah! de quebra, trabalho mais do que preciso para ganhar menos do que mereço.

Mantenho-me sempre em atividade, apesar de já ser considerado um idoso, por saber que são as horas ociosas que costumam levar uma pessoa acomodada à ruína financeira.

NO CALÇADÃO DA CARDOSO VIEIRA

Paulo Ferreira encontrou Cláudio Zinn no calçadão da Cardoso Vieira, sito em Campina Grande, PB. Depois de um efusivo abraço Paulo perguntou:

– Se você precisasse de uma ajuda, qualquer tipo de auxílio, como você a pediria?

A RESPOSTA DE CLÁUDIO ZINN

– Há sempre um momento oportuno de pedir ajuda, de se abrir, de tentar sair do sufoco, mas antes, é imprescindível passar por uma reclusão com reflexão.

Nessa ocasião não é bom se fechar em si nem tampouco ser arrogante, grosseiro e agressivo.

É ótimo reconhecer a dor e aprender com essa indesejável situação. Deve-se enfrentá-la sem vitimismo, sem orgulho.

Descobrir a causa da necessidade é tão importante quanto saber pedir ajuda. Quem precisa de ajuda precisa ser humilde. Ajuda se pede, não se cobra!

Assim como protegemos nossa felicidade, temos também que proteger nossa infelicidade, mágoas e ressentimentos.

Se você está sofrendo e infeliz, antes de pedir ajuda, recolha-se, não suba ao palco, não seja pedante nem orgulhoso. Não seja atrevido nem desrespeitoso.

Não seja cretino nem hipócrita dizendo que está passando por dificuldades, mas é feliz estando nessa condição miserável por que Deus quer. Sobretudo é preciso ser humilde, sincero e verdadeiro. Deus não quer a infelicidade de ninguém!

O COQUETEL NA HONDA CAMPINA

Certa ocasião, na concessionária da Honda Campina, durante um fino e farto coquetel muito bem-organizado, Wagner perguntou a Eugênio se ele gostaria de viver como um pobre, isto é, com todas as infelicidades que a falta de dinheiro traz e/ou potencializa.

RESPOSTA DO EUGÊNIO

– Eu já vivo assim, correndo de empreendimentos a investimentos, entre devaneios e realidades para ter um pouco de dinheiro a mais. Em verdade, o que o dinheiro faz por nós não compensa o que fazemos por ele.

NA BIBLIOTECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO

Henrique perguntou a Arnaldo:

– Estando em sua casa, o que você estuda? Tem aprendido alguma coisa com tanto tempo dedicado ao estudo?

RESPOSTA DO ARNALDO

– Quando estou em minha casa, deitado, estudo as causas da preguiça. Quanto mais estudo mais preguiçoso e dorminhoco fico. Acho que vou precisar permanecer deitado por mais tempo até descobrir a causa dessa minha alergia a trabalho.

EM BOA VISTA – PARAÍBA

Numa reunião entre os sócios de uma pequena fábrica de queijos, Jubineide, a mais jovem dos sócios, perguntou a Zé Preto:

– O senhor pode me dizer três verdades absolutas?

A RESPOSTA DE ZÉ PRETO

– Existem muitas verdades absolutas, mas no meu entendimento são essas as principais:

1. Paz e harmonia sociofraterna só tem quem se livra das mágoas e/ou dos ressentimentos,

2. O sol nasce para todos que têm coragem para trabalhar mantendo a fé, a esperança e o foco,

3. Sem comunicação, informação, qualificação e determinação não haverá progresso nas relações interpessoais e nos negócios.

CONCLUSÃO

Muitos consideram a inteligência uma das armas de conquista mais poderosa. Meus heterônimos não são inteligentes, mas são inovadores. Iguais a mim, não podendo ser diferentes, eles também se superam em suas dificuldades diversificadas.

Seja para dizerem o que estão sentindo, incentivar uma reflexão ou simplesmente expressar algum pensamento nas redes sociais, esses briosos carbonos de mim mesmo pesquisam, estudam, aprendem e ensinam desejando apenas serem úteis e necessários aos menos afortunados.

Eu e meus benquistos heterônimos desejamos e queremos continuar traduzindo o amor, a tolerância e o perdão em palavras e contribuindo para a educação e o ensino dos nossos semelhantes.