Multiplix: quatro ou mais poetrix
Uma forma complexa
Diferentemente do Duplix, onde apenas duas pessoas participam, e do Triplix, onde três poetas se envolvem, o Multiplix permite que um número maior de poetas contribua para a criação do poema. Essa interação adiciona um elemento desafiador à escrita colaborativa, pois os poetas precisam se adaptar ao estilo e à ideia do outro enquanto mantêm a fluidez e o equilíbrio do Poetrix. É uma forma bem mais complexa.
Variação desenvolvida pelos poetas Pedro Cardoso, Tê Soares, Sávio Drummond, Sara Fazib e Fausto Vale, o Multiplix oferece uma experiência enriquecedora para os poetas, permitindo a criação de poemas únicos e inovadores por meio de uma colaboração criativa. Essa subcategoria do Poetrix estimula a interação entre os poetas, além de promover a diversidade e a troca de ideias.
Exemplo de Multiplix para contemplação:
1. DE TUDO QUE SEI // DE TUDO QUE POSSO // DE TUDO QUE SINTO // DE TUDO QUE VEJO
(Gilnei Nepomuceno // Mardilê Fabre // Fátima Mota // Mari Saes)
Sei meias verdades // realizo meias ideias // meio inconsequente // meio embaçado
Pintadas em inteiros // surgidas na mente // as palavras se contradizem // num piscar de olhos
Do que penso saber // tropeçam nos meios-fios da realidade // fundem-se com as in_verdades // são vultos da irrealidade.
O processo no exercício de intertextualidade no multiplex “De tudo que sei/ De tudo que posso/ De tudo que sinto/ De tudo que vejo” envolve a combinação de diferentes conhecimentos e experiências representados pelos autores Gilnei Nepomuceno, Mardilê Fabre, Fátima Mota e Mari Saes.
Cada autor traz sua própria perspectiva sobre o que sabem, podem, sentem e veem. No entanto, essas perspectivas são apresentadas de forma ambígua e incompleta, refletindo a natureza fragmentada da realidade. As palavras utilizadas pelos autores contradizem-se rapidamente, destacando a instabilidade e a incerteza do conhecimento. As ideias e verdades são pintadas em inteiros, mas logo se revelam como vultos da irrealidade, misturando-se com inverdades e criando uma visão embaçada e inconsequente da realidade.
O processo de intertextualidade nesse multiplix evidencia a complexidade do conhecimento humano e a dificuldade em alcançar uma compreensão plena e definitiva da realidade.