PELA FORÇA DO AMOR EU A TEREI SEMPRE COMIGO

Prólogo

Dedico esta Teoria Literária a todos os casais que, pela força do amor, resiliência e cumplicidade, mantém o elo da união fraterna fortalecido pelo aprendizado penoso de conviver um com os defeitos do outro. – (Nota deste Autor).

Se eu pudesse revelar, na totalidade, meus devaneios e dar-lhes vida... Certamente acrescentaria nova luminosidade e beleza ao mundo surreal dos sonhadores e solidariedade mais verdadeira aos corações dos meus semelhantes. – (Nota deste Autor).

APENAS UM DEVANEIO

Gostaria de viver em um lugar selvagem. Nesse local eu construiria um abrigo simples, tosco. Para sobreviver comeria frutos silvestres, raízes e peixes de um rio com águas translúcidas e refrescantes.

Ah! Nesse aprazível paraíso eu certamente me lembraria de como passeei, embriagado de desejo, nas madrugadas frias e chuvosas, pelos corpos tépidos e perfumados das feminis beldades e amores errantes de outrora.

Analu, Betânia, Creuza, Danuza, Eulália, Fernanda, Gertrudes, Helena, Ione, Jussara, Kátia, Luzia, Marta, Norma, Paula, Roberta, Walkiria, e outras do alfabeto do idioma português inteiro.

Ah! Eu concluiria esse passeio errático no que considero ser semelhante ao navegar no triângulo das Bermudas.

São essas figuras geométricas perfeitas, acarpetadas com fios finos, perfumados "in natura", macios, dourados ou escuros, mas que brilham como se tivessem luz própria.

E desses corpos trêmulos, comandados por mentes em chamas, desses amores sem lindes e verdadeiros, eu tiraria a seiva translúcida, inovadora e energética para outras sobrevidas.

AS FLORES SÃO DIVINAS

Flores são bonitas, delicadas, perfumadas... Iguais às mulheres, as flores são divinas, mas é triste vê-las no viço da beleza murchando.

Aos dezessete anos, em 1967, olhei para uma flor no campo, colhi-a para meu jardim e ainda hoje a tenho para meu deleite, sob minha proteção, embora hoje me cause tormento.

Eu nunca tive coragem de dizer para essa flor no que ela se tornou, ao longo das dezenas de anos: Irascível, tagarela ou taciturna; possessiva, insegura, inconveniente, vitimista, murcha e rabugenta.

Ora, eu também tenho inúmeros defeitos e não sou mais o Adônis de outrora, disputado por deusas castas e virgens no bairro onde nós morávamos, mas gostaria ao menos de falar uma cruel verdade:

“Você nunca será só minha. Mais cedo ou mais tarde vou dividi-la com os nefastos vermes e eu também, por ser comestível, farei parte desse banquete macabro. Só nessa ocasião a terei sempre comigo para seguirmos em frente em outras provações divinas.”.

PROVAÇÕES SÃO DÁDIVAS DIVINAS

As provações ocorrem de acordo com a providência divina. Isso implica no entendimento de que Deus utiliza acontecimentos da vida diária para provar a fé e o caráter do ser crente.

Algumas provações são mais difíceis que outras; na verdade há até provações severas. Essas provações podem consistir tanto em tormentos físicos quanto espirituais.

Portanto, alegremo-nos pelas provações, dádivas e bênçãos divinas concedidas aos felizes amantes, vencedores por meritórias ações benfazejas.

CONCLUSÃO

Ela, minha flor caseira, hoje murcha, doente, e eu cada vez mais recalcitrante, mas resiliente, sobrevivemos e estamos vivenciando as duas modalidades de provação: Física e Espiritual.

Aprendemos a convivermos com os defeitos um do outro. Creio que esse é o segredo da coexistência fraterna pacífica.

Às vezes eu chegava machucado, extenuado, de um exercício penoso e sofrido, no campo, e minha flor não perguntava como foi minha estressante semana.

Não precisava perguntar. Eu podia e sempre quis compreender! O sorriso jovial da viçosa flor já me acalmava de tudo. E no meu cansaço eu pensava:

“Quero apenas tomar um banho, repousar e dormir de conchinha, acordar no seu abraço e mergulhar no seu amoroso e infantil sorriso.". – Certa ocasião um amigo mais experiente me ensinou: – "Se você quer sentir mais proximidade física e afetiva com seu amor, dormir de conchinha é a posição perfeita para dormirem.".

"Não importava que pela falta de experiência você manchava minhas roupas e fardas com água sanitária, colocava sal no suco e/ou café, ou fazia sopa com contrafilé.".

"Que experiência pode ter alguém com apenas dezessete anos de vida? Não importava a sua indiferença e criancice involuntárias porque pela força do amor eu a terei sempre comigo.”.