19 - As TEMÁTICAS da Literatura

A Literatura, parecendo uma actividade que os Escritores desenvolvem para entretenimento dos Leitores – é, como sabemos, uma actividade para fazer pensar, embora, obviamente, também tenha o intuito de “distrair”!

Os grandes nomes da Literatura mundial – seja qual for a Língua em que se exprimam – desejam mostrar-nos o que é a Vida – ou talvez, melhor dizendo, desejam dialogar connosco sobre a sua visão da vida, com todo o seu manancial de contradições e injustiças, ao mesmo tempo que todo um manancial de sonho – ou de sonhos – e de surpresas, que se manifestam tanto de forma feliz, como de forma infeliz...

Quando os Estudantes precisam de apresentar um trabalho sobre Literatura, precisam de identificar o Tema em que uma dada obra se insere.

Então, preocupei-me em organizar um “guião” que permita apoiar qualquer Estudante que precise de identificar qual o TEMA em que se inscreve a obra que está a estudar.

I – O que é o TEMA

É fácil de perceber o que é o “tema”:

Podemos dizer que o TEMA de uma obra, é o ASSUNTO que essa obra nos apresenta.

II – O TEMA ao longo da História da Literatura:

Podemos identificar que há TEMAS – ou ASSUNTOS – que se mantêm.

MAS há outros que se tornam predominantes conforme as preocupações, ou as realidades, de cada época.

Assim, verificamos que há TEMAS que são próprios de uma certa época, pois reflectem as preocupações dessa época.

Exemplos:

= Na passagem do século XVIII para o século XIX, e na primeira metade do séc XIX, na Europa, temos o período designado como ROMANTISMO.

Nessa época, dá-se a consolidação das fronteiras de alguns países europeus. Vivia-se uma tomada de consciência de que a um certo povo deveria corresponder um certo país. Foi um período de “nacionalismos”:

Na Literatura, esse período corresponde ao gosto pelos temas da Idade Média, a época em que se formaram os países que, com mais ou menos alterações, ainda hoje existem. Um exemplo disso, é o famoso romance “Ivanhoe” (publicado em 1818 ou 1819), do romancista inglês Walter Scott (1771-1832).

No Brasil, um exemplo do “Terceiro Período Romântico”, é a obra do poeta Castro Alves (1847-1871), que tanto se dedicou ao problema social (ou anti-social...) que é a Escravatura.

Em Portugal, o grande romancista da época romântica foi Camilo Castelo Branco (1825-1890), que tão bem retratou aspectos da vida social portuguesa nesse tempo.

= A obra “Almas Mortas”, publicada em 1842, do escritor russo Nicolai Gogol (1809-1852), retrata magistralmente o regime de escravidão em que, nessa época, permaneciam os camponeses russos.

= Leão Tolstoi (1828-1910), em “Guerra e Paz” (obra publicada em 1869), retrata o imenso drama que foi a invasão da Rússia, por Napoleão Bonaparte. Mas a par disso, Tolstoi também nos dá um impressionante retrato do que era a Rússia dessa época: ele conhece os ambientes da aristocracia, que retrata com todo o seu brilho; bem como conhece o que era a ‘grande Rússia profunda’, comovendo-nos com o que era a vida paupérrima dos seus camponeses.

A partir de meados do século XIX, no período designado como REALISMO, verificamos que a Revolução Industrial tem repercussão na Literatura: não é em vão que a obra “Ana Karenina” (publicada em 1877) – igualmente de Leão Tolstoi, começa com uma cena passada numa estação de comboios. “Ana Karenina”, obra publicada em 1878, é uma obra em que o seu autor, ao mesmo tempo que retrata vários níveis sociais da sociedade russa da sua época, dá uma imagem do que era a situação social da Mulher, na sociedade europeia do século XIX.

Mais obras do século XIX retratam a condição da mulher, como por exemplo, “Eugénie Grandet”, do escritor francês Honoré de Balzac, obra publicada em 1833 (recentemente levada ao cinema).

Por seu lado, a exploração dos operários, que nessa época não eram protegidos por nenhum tipo de legislação, é retratada nos romances do escritor francês Émile Zola (1840-1902).

No Brasil, o grande expoente do Realismo é Machado de Assis (1839-1908), e em Portugal, temos Eça de Queiroz (também se escreve como Eça de Queirós; 1845-1900).

= Outro exemplo de como a Literatura é importante a retratar as diferentes épocas, verifica-se no século XX, no período que se seguiu ao final da Segunda Guerra Mundial:

Surgiram forçosamente, romances que repercutiam esse terrível drama. É o período que designamos por LITERATURA DO PÓS-GUERRA. Muitos autores viveram esse drama, nomeadamente os dramas do Holocausto – e registavam histórias baseadas no que tinha sido vivido – como se dizia, “para que o Mundo não esqueça”. Exemplos desse período são as obras do escritor Primo Levi (1919-1987); ou do romancista Imre Kertesz (1929-2016), por exemplo, “Sem Destino”, publicada em 1975; ou a obra do poeta Paul Celan (1920-1970).

Há, pois, TEMAS, ou ASSUNTOS, que são característicos de certas épocas.

Mas há, também, TEMAS que se prolongam ao longo da História! Um desses temas eternos, será, sem dúvida, o tema do Amor – mostrando as diferentes faces do Amor, ou antes, das relações humanas, em todos os seus aspectos! Um tema que nos permite conhecer como têm sido as relações humanas ao longo dos tempos.

Neste momento, poderemos reter o seguinte:

Saber identificar as grandes TEMÁTICAS em que um romance – um poema – uma peça de teatro – um filme – se inserem, ajuda-nos:

- não só, a compreender melhor a obra,

- como ainda nos ajuda a perceber a sua ‘profundidade’, sobretudo se nos preocuparmos em COMPARAR o que diferentes autores têm dito sobre um dado assunto.

Para enriquecermos a nossa compreensão de uma obra, é igualmente aconselhável:

= procurarmos saber QUEM MAIS terá tratado – ou desenvolvido – um dado tema que nos é proposto estudar;

e COMPARARMOS o modo como cada um dos autores o faz,

= ou procurarmos DESCOBRIR quais as VARIANTES que esse tema sofre, não só conforme as diferentes ÉPOCAS em que é abordado, mas também conforme os diferentes autores,

= ou procuramos DESCOBRIR se haverá algum tema seu OPOSTO – e porquê...

III –

Vamos prosseguir neste nosso apontamento:

Na perspectiva do LEITOR, um TEMA pode ser visto (estudado) segundo diferentes abordagens:

Como é natural, num ROMANCE, num POEMA, numa PEÇA DE TEATRO, encontramos o TEMA PRINCIPAL;

Mas simultaneamente, apercebemo-nos de que esse TEMA PRINCIPAL é enriquecido por outros TEMAS SECUNDÁRIOS que com ele se cruzam, e que poderemos designar por SUB-TEMAS.

Vou dar um exemplo colhido na última obra que li, e da qual já falei na secção “Análise de Obras”:

Refiro-me às duas pequenas obras da autora premiada com o NOBEL da Literatura deste ano, ANNIE ERNAUX – “Um Lugar ao Sol seguido de Uma Mulher” – que na edição portuguesa figuram num pequeno volume.

Nessas duas pequenas obras, Annie Ernaux segue o seu tema principal – a autobiografia. Assim, ela desenvolve uma narrativa AUTO-BIOGRÁFICA, através da evocação de seu Pai (na primeira narrativa) e de sua Mãe (na segunda). Para devidamente documentar como foi a vida dos seus progenitores, a Autora apoia-se em explicações da Sociologia. Ou talvez fosse mais correcto pensarmos que, com a evolução que foi sendo a vida dos seus pais, ela queira mostrar como foi a evolução da França no pós-guerra... Com esse exemplo, tão vívido, ela demonstra como, em França, evoluíram socialmente as populações rurais que após a Primeira Guerra Mundial, migraram para as cidades.

Vejamos agora os TEMAS – que se prolongam ao longo da História da Literatura

– quer no Romance, quer na Poesia, quer no Teatro

– Na perspectiva do ESCRITOR:

1– Um TEMA pode ser exposto segundo diferentes enfoques:

= Numa perspectiva “humana” – ou seja, numa perspectiva “laica”

= Numa perspectiva “transcendente”, ou seja, a obra é um reflexo da relação do ser humano com o ser divino, isto é, a obra reflecte uma perspectiva “mística”

2. – Os TONS do discurso:

O MODO de EXPRESSÃO, ou seja, o TOM em que o escritor se exprime, revela a INTENÇÃO do escritor

Em geral, os escritores narram as suas histórias de 'forma' VEROSÍMIL! De forma tão verosímil que nós, leitores, facilmente assumimos a história contada COMO SE fosse real, pois sabemos que as personagens e as situações são “retratos” da Realidade. Isto é, a história contada no ROMANCE, inspira-nos a SEGURANÇA de que podemos confiar tal e qual na narrativa que nos é apresentada. “Sentimos” que é uma narrativa “feita a sério”, sentimos que há uma identidade entre a história e o mundo real!

...Mas nem sempre é assim! Temos que saber distinguir entre o que é VEROSÍMIL... e o que é FANTASIA! E mais! Temos que perceber como a FANTASIA ajuda a CRIAR ambientes e personagens que sejam verosímeis!

Há histórias que nos são contadas com SENTIDO DE HUMOR! Os Autores, neste caso, põem a ridículo as suas personagens, com o intuito de fazer realçar os “podres” de certos caracteres, de certos aspectos da Sociedade!

Este aspecto da ARTE NARRATIVA caracteriza as PERSONAGENS, e as SITUAÇÕES realçando o seu aspecto ridículo! É o que se chama a IRONIA.

A IRONIA pode-se exprimir de um modo “suave”...

...Mas também pode exprimir-se de um modo MUITO CÁUSTICO! Aqui, já não estaremos perante a Ironia, mas sim perante o RIDÍCULO.

Na Idade Média, na Península Ibérica, praticou-se com muito sucesso, a poesia de ESCÁRNIO E MALDIZER! E essa tradição permaneceu, por vezes de modo mais discreto, por vezes de modo mais “descarado”!

Também na Península Ibérica, a partir do início do século XVI, começou a praticar-se um tipo de ROMANCE que tinha por objectivo fazer CRÍTICA SOCIAL... CRITICAVA-se o CONTRASTE entre as classes bem instaladas na vida e as classes miseráveis, sem esperança, que tinham de viver de expedientes. Mas para que essa crítica pudesse ser aceite, essa crítica caracterizava-se pelo exagero e pelo ridículo com que eram tratadas as personagens! Foi o que se designou como ROMANCE PICARESCO! Esse tipo de romance era tão ridículo pelo exagero, mas ao mesmo tempo tão objectivo ao criticar os "grandes", que foi proibido pela Inquisição.

Temos o primeiro desses romances: “O Lazarillo de Tormes”, publicado ANONIMAMENTE em Espanha, em 1554.

Esse tipo de romance depressa se expandiu pela Europa! Em Inglaterra, surgiu “TRISTAM SHANDY”, publicado em 1759; é da autoria de Lawrence Sterne (1713-1768).

É interessante como, no século XX, temos exemplos desse estilo de romance! A obra de estreia da escritora italiana SUSANA TAMARO – “Com a cabeça nas Nuvens”, publicada em 1989, é uma réplica ao Lazarillo de Tormes!

Penso que a obra de estreia de ISABEL ALLENDE, "Eva Luna", também pode ser apreciada sob a perspectiva do "romance picaresco"!

2 – Na perspectiva do ESCRITOR:

2.1 – Um TEMA pode ser exposto segundo diferentes enfoques:

 Numa perspectiva “humana” – ou seja, laica

 Numa perspectiva “transcendente”, ou seja, de relação do ser humano com o ser divino (perspectiva mística)

2.2 – Conforme os TONS do seu ‘discurso’, o Escritor manifesta a sua “intenção”:

Ele irá criar personagens que se definem por comportamentos de

Segurança e Afirmação

ou de Dúvida

Ele pode tratar algumas personagens com IRONIA,

Ou põe, francamente, as suas personagens a RIDÍCULO, numa perspectiva que já vem da Idade Média, e que classificaremos de “Escárnio e Maldizer”

2-3 – O tema do AMOR também envolve o tema da Morte, o tema da Traição, com as componentes da

Paixão

Erotismo

Amizade

Saudade

Amor divino

- O tema da NATUREZA articula-se muito bem com o tema do TEMPO (da passagem do Tempo) e articula-se com:

O tema do “Eterno Retorno”

o tema do Bucolismo

o tema da 'Idade de Ouro'

e ainda:

o tema da OPOSIÇÃO Campo / Cidade

o Mar

e ainda:

o tema da NATUREZA como “ESPELHO”, tanto das mudanças do humor do autor, ou das personagens,

Como a Natureza como “espelho” do Poder, ou do Amor divino

- O tema da NOITE e o tema da oposição entre a Noite (ou Escuridão) e o tema da LUZ

Engloba, como facilmente se compreende:

o tema da Névoa, do Nevoeiro, do Mistério (e ainda o "mistério da Vida")

O tema da Noite é por vezes assumido como “a ausência de Deus”... que também se compreende como a “Noite Mística”... ou a “longa noite mística”, como diria a poetisa portuguesa Fiama Hasse Pais Brandão (1938-2007).

Um grande poeta que tratou liricamente e de forma muito bela este tema, foi o poeta espanhol São João da Cruz (1542-1591).

- O tema do VINHO e, consequentemente, da EMBRIAGUÊS

= Na poesia da antiga Grécia (ou Grécia Clássica), por exemplo, o vinho simbolizava a verdade (pois o homem embriagado, revela-se tal como é...

= na Poesia Árabe da Idade Média, o vinho, além do seu significado ligado ao PRAZER, o VINHO simbolizava a

“Embriaguez Mística”, a “embriaguez” sentida pela intensidade do Amor Divino. Temos exemplos deste tema na poesia do grande poeta do Al-Andalus, IBN ARABI (1165-1240), e dos grandes poetas persas OMAR KHAYYAM (1048-1131), ou FARID UD-DIN ATTAR (c. de 1145-c.1221), autor do longo poema místico "A Conferência dos Pássaros" (de 1147), ou o sublime poeta RUMI (1207-1273).

- O tema do SONHO, que também podemos agrupar ao tema da EFEMERIDADE da VIDA (o tema da Vida e da Morte) -

aparece associado aos temas de:

Paraíso Perdido – Recordação de uma Idade de Ouro

Memória, ou Nostalgia – da Infância, da Juventude

Mudança

e

ao tema do ETERNO RETORNO – comparando-se o retorno das estações do ano com a Efemeridade da Vida... que vai

passando, avançando, termina... e não volta mais...

- O tema do LUGAR

O tema do LUGAR pode ser assumido como o tempo do AQUI.

Neste caso, o LUGAR pode simbolizar um dado ESPAÇO que é solidário com o EU do Poeta, ou da Personagem; é o

LOCUS AMOENUS tão aludido na Poesia;

Mas por vezes, o ESPAÇO, o LUGAR, anuncia uma desgraça, ou é hostil ao Poeta ou à personagem, ou anuncia ou

simboliza um mau momento: é o LOCUS HORRIBILIS

O tema do Lugar pode ser assimilado ao tema da NATUREZA. Foi muito glosado na Poesia do Renascimento: o Poeta,

solitário, procurava a NATUREZA como CONFIDENTE...

- O tema da Dor, do Pessimismo, do DESENGANO

Em geral, o DESENGANO, a MÁGOA... é o desengano de Amor...

Mas também pode ser a dor provocada pela TRAIÇÃO, qualquer tipo de traição...

- O tema da EXALTAÇÃO do tempo PRESENTE

A vida só é possível no AQUI e AGORA

É o conhecido tema do CARPE DIEM, que, traduzido à letra, significa: “vive o dia presente! Vive o momento presente!

Sem te preocupares com mais nada”

Este tópico foi explorado no filme “O CLUBE DOS POETAS MORTOS”.

Vemos que este tema do CARPE DIEM poderá articular-se com outros temas, como por exemplo:

O MISTÉRIO, a INCÓGNITA quanto ao DESCONHECIDO... quanto ao Futuro, quanto ao “para lá do aqui e agora”...

O Real, a Realidade, é o que temos AQUI, é AQUILO QUE EXISTE... aquilo que é...

- O tema da SOLIDÃO – que se articula com o tema de O OUTRO

O OUTRO é uma incógnita... o OUTRO é inatingível, representa o DESCONHECIDO, muito possivelmente, o meu

OPOSTO...

Ao tema da SOLIDÃO, podemos associar um outro tema:

O tema da POSSIBILIDADE, expressa através da imagem da PONTE – podemos estabelecer PONTES entre o EU e o

OUTRO!

Ao tema da SOLIDÃO podemos também articular a possibilidade do ENCONTRO ... e sempre o seu inverso,

naturalmente... o Desencontro

E ainda o tema da eterna BUSCA e o tema da eterna SEPARAÇÃO.

Ou seja, podemos articular aqui o tema da COMUNICAÇÃO – que é, como sabemos, um dos tormentos do Eu-Poético –

será que a COMUNICAÇÃO é possível?

Este tema da POSSIBILIDADE – ou IMPOSSIBILIDADE da Comunicação foi um dos temas da Literatura dos anos 60 do

século XX.

- O tema da JUSTIÇA, da legitimidade da Lei – ou de certas leis...

Neste tema, podemos incluir o tema do INDIVÍDUO perante a SOCIEDADE

E aqui se articula novamente, o tema da COMUNICAÇÃO!

- O tema da VIAGEM

Aqui, deparamo-nos com o grande tema do Homem face ao Desconhecido! Mas também do HOMEM como o eterno

PEREGRINO desafiando o Desconhecido!

Como exemplo desta necessidade ou deste prazer de Peregrinação, ou de Errância, temos os famosos “O livro de

Marco Polo”, ou a “Peregrinação” de Fernão Mendes Pinto.

Mas aqui também entram a Viagem poética, a Inquietação, a Peregrinação Interior

Talvez aqui pudéssemos incluir, como exemplo, “O Velho e o Mar”, de Hemingway...

Ainda neste tema da VIAGEM, eu incluiria a extraordinária obra "The Song Lines", traduzida em Português como "Canto

Nómada", de BRUCE CHATWIN (1940-1989) - obra de 1987.

- O tema da CORAGEM – e forçosamente, o tema do MEDO

Aqui incluiremos a Força, a FORÇA INTERIOR, a alma indomável perante a adversidade!

- Há ainda o TEXTO CONFESSIONAL, ou o Registo auto-biográfico. Actualmente, este tema articula-se com a auto-análise, a

narrativa de introspecção sob a influência da Psicanálise;

Ao fim e ao cabo, articula-se com a AUTO-BIOGRAFIA.

O texto CONFESSIONAL marcou muito a Poesia de épocas anteriores: ficou marcada pelo INTIMISMO, a

INQUIETAÇÃO

- Finalmente, faltam-nos outros aspectos a que devemos dar atenção:

= o ROMANCE HISTÓRICO

O romance histórico representa uma tentativa de reconstituir épocas do Passado, inspirando-se quer em personalidades que ficaram célebres, quer em acontecimentos marcantes de épocas passadas...

O romance histórico exige que o seu autor tenha um profundo conhecimento da História:

Neste género de romance, um escritor actual tenta reconstituir episódios de épocas passadas, com mais ou menos fantasia, embora sempre atento ao RIGOR do ENQUADRAMENTO da época que quer retratar.

Um exemplo conhecidíssimo será a obra "BEN-HUR", publicada em 1880, do escritor estadunidense LEWIS WALLACE.

Em Portugal, temos um caso curioso. O romance "Mário" relata episódios da guerra civil que aconteceu em Portugal, entre 1832 e 1834, que opôs os partidários da "monarquia absoluta" aos partidários da "monarquia constitucional". O romance é da autoria de um médico, António de Oliveira da SILVA GAIO, que viveu entre 1830 e 1870. De certo modo, Silva Gaio foi contemporâneo dessa guerra, e quis retratar a dureza e a brutalidade de uma guerra cicil, que como se costuma dizer, "opõe irmão contra irmão, e vizinho contra vizinho" :

Com este apontamento, quero dizer que Silva Gaio quis fazer um romance que fosse um TESTEMUNHO do SEU TEMPO. Por isso, não deveremos considerá-lo como "romance histórico", mas sim como "romance que dá testemunho de uma época vivida pelo seu autor".

= O romance REGIONAL:

No romance REGIONALISTA, os autores tratam temas que vão inspirar-se em questões consideradas REGIONAIS -

Estaremos aqui perante a denominada LITERATURA REGIONAL.

Em Portugal, temos um notável autor que tratou "temas regionais" - AQUILINO RIBEIRO (1885-1963).

No Brasil, é notável o autor JOSÉ DE ALENCAR (1829-1877).

= Temos a FICÇÃO CIENTÍFICA:

Não se pense que a ficção científica só surgiu no século XX, com a ida do Homem à Lua.

A FICÇÃO CIENTÍFICA nasceu há muitíssimos séculos! Um exemplo disso é a obra "Viagem pelo espaço", de um autor que viveu no século II dC. Chamava-se LUCIANO de SAMÓSATA, era sírio, e contou como o seu navio foi atingido por uma tempestade que o fez subir no ar... E assim foi parar... à Lua!

No século XX, um dos mais famosos escritores de Ficção Científica foi ISAAC AZIMOV (1920-1992).

Outro autor de grande nomeada, neste campo, foi KAREL ČHAPEK (1890-1938). Foi este autor quem introduziu o termo "robot"!

Em Portugal, conforme já anotei na secção de 'Análise de Obras', a romancista e poetisa ROSA LOBATO DE FARIA tem uma obra notável, "A Trança de Inês" - um enredo que vagueia entre três tempos: o Presente, no séclo XX, o Passado, na Idade Média, e o Futuro, um Futuro tenebroso onde a pretexto da conservação do que resta do Planeta, se instala um governo totalitário e cruel.

= Temos, ainda a chamada LITERATURA POLICIAL:

Muito baseada na fórmula da oposição entre os "bons" e os "maus", sendo os "bons" os agentes da Lei, e os "maus" toda a espécie de delinquentes, dos menos ofensivos aos mais perigosos.

Um grande autor de Literatura Policial foi o americano DASHIEL HAMMET (1894-1961).

Também americana, é a autora PATRICIA HIGHSMITH (1921-1995).

Outros grandes nomes da Literatura Policial são a inglesa AGATHA CHRISTIE (1890-1976);

ou o belga GEORGES SIMENON (1903-1989)

Em Portugal, o escritor DINIS MACHADO (1930-2008), criou um pseudónimo americanizado para a sua criação policial - DENNIS MCSHADE!

Podemos enunciar a fórmula da Literatura Policial como "amor-paixão-sexo-segredo-traição, crime e mistério, perseguição e suspense'"...

***

Espero com este extenso panorama ter sido útil!

Claro que os TEMAS poderão ter outra arrumação!

Este trabalho é apenas um guia para os Leitores mais jovens, sobretudo para os estudantes que não possam contar

com ajuda familiar que lhes dê apoio nos seus trabalhos-de-casa... Com o tempo, poderão corrigir ou formular de outro

modo algum detalhe que não lhes agradar!

*

Por outro lado, deixo alguns exemplos que os interessados poderão procurar nas bibliotecas, para um primeiro contacto com as matérias atrás referidas.

Myriam

1º de Dezembro de 2022

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 01/12/2022
Reeditado em 10/03/2023
Código do texto: T7662330
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