A narrativa de ficção

A NARRATIVA DE FICÇÃO: Principais características

Atenção para alguns pontos que devemos ressaltar. Incrivelmente, é importante observar a distinção entre:

-NARRATIVA: sequência de acontecimentos/discursos que são acionados por um narrador, ou seja, é o resultado do ato de narrar (ou da narração).

-NARRAÇÃO: ato pelo qual os acontecimentos de uma narrativa são atualizados por um locutor particular, em circunstâncias temporais e espaciais determinadas.

-NARRADOR: é o destinador da narração. Pode ele estar implícito no enunciado (“À noite todos os gatos são pardos.”) ou inscrito em seu interior (“Eu acho que todos os gatos, à noite, são pardos.”).

-NARRATÁRIO: é o destinatário da narração. Também ele pode ou não estar inscrito no enunciado.

Os elementos narrativos são:

narradores; personagens; tempos; espaços; enredo (cf. Maia, 1995).

NARRADORES: é importante distinguir a diferença entre autor e narrador.

• Interno: de um protagonista; de um personagem secundário; de vários personagens; epistolar...

• Externo: limitado; testemunhal ou visual; onisciente (este é um tipo específico de narrador externo).

PERSONAGENS: “a criatura ficcional é, normalmente, imitação do ser humano” (Pires, 1989, p.184), quando um elemento não humano é antropomorfizado, pode-se afirmar tratar-se também de um personagem.

TEMPOS: o tempo é “montado” de acordo com as escolhas feitas pelo narrador, daí termos: tempos da narrativa e tempo da narração.

ESPAÇOS: Às vezes, para a melhor compreensão da narrativa, é necessário distinguir o espaço, ou seja, o “cenário onde se desenvolve a ação” (Pires, 1989, p.194), do ambiente, que é percebido pela combinação de elementos de ordem social, ideológica, política, ecológica etc. com o cenário propriamente.

ENREDO: a definição clássica de enredo compreende-o como “uma ação completa, com início, meio e fim” (Pires, 1989, p.188). Desse modo, num enredo tradicional teríamos as seguintes etapas:

a) exposição;

b) complicação;

c) clímax;

d) desenlace (conclusão).

A ordem acima não é necessariamente obrigatória, podendo o narrador organizá-la a seu modo. Por sua vez, conforme o gênero narrativo vai evoluindo, novas ordenações são utilizadas, chegando-se mesmo a abolir a visão tradicional do enredo.

BIBLIOGRAFIA:

GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. São Paulo: Ática, 2000.

LEITE, Lígia Chiappini Moraes. O foco narrativo. São Paulo: Ática, 2000.

MAIA, João Domingues. Literatura: textos e técnicas. São Paulo: Ática, 1995.

PIRES, Orlando. Manual de Teoria e Técnica Literária. Rio de Janeiro: Presença, 1989.

SANTOS, Luís Alberto Brandão; OLIVEIRA, Silvana Pessôa de. Sujeito, tempo e espaço ficcionais: introdução à teoria da literatura. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

ACADÊMICO
Enviado por ACADÊMICO em 02/11/2022
Reeditado em 04/09/2024
Código do texto: T7641539
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