A CARTA DE ALFORRIA

Prólogo

Desencarnados, Joseanne e Fernando não sabiam para onde ir. Eles sabiam que a incerteza dá medo, mas a outros fascina. Tudo é maravilhoso entre brumas quando se tem uma certeza de que a vida continua mesmo na incerteza da verdade, na ilusão do amor, na dura realidade, no medo da solidão, angústia, silêncio e amaríssimas lágrimas. — (Nota deste Autor).

PERGUNTAS DE FERNANDO

O que devemos fazer para a conquista de uma merecida paz, sair dos nossos sonhos cinzentos para ouvir os cânticos dos pássaros e não somente os risos alegres, emanados de bocas joviais apenas imaginadas?

O que devemos fazer para sonhar volitando felizes por pradarias sem-fim, sentindo a carícia leve da brisa calmante nos rostos antes glabros, mas hoje escanifrados e/ou vultuosos pelas súplicas não atendidas por um perdão mútuo ansiado?

Como devemos proceder pela manutenção das nossas esperanças de um retorno para a troca de abraços fraternos? Devemos desistir ou permanecermos confiantes na benevolência divina para com moribundos pecadores e insanos?

Outrora nos separavam um rio caudaloso e um abismo na forma representativa de um desnível sociocultural medonho. Hoje, desencarnados, somos iguais.

Evoluímos e por méritos habitamos nesse mundo surreal de luzes multicores inebriantes, mas algo nos mantém afastados. Na vida material, mesmo errando e aprendendo, quase tudo nos era favorável. Será que precisamos unir nossas resiliências para descobrirmos a causa dessa força desintegradora dos nossos anseios?

Nesse momento um espírito de luz segurou a mão de Fernando para ensinar. — (Nota deste Autor).

"Vocês precisam crer que o pote do arco-íris está no lugar mais recôndito dos seus íntimos. Devem acreditar que não há contradição entre disciplina e iniciativa, confiança e determinação.".

"Você tem a disciplina. Se Joseanne tiver a iniciativa o êxtase que buscam será como suas cartas de alforria para serem livres na melhor forma para conquistarem ideais e até o cosmos sem-fim.".

CONCLUSÃO

O idoso perguntou a Fernando com a voz pausada e cariciosa. Lembra da Alice no país das maravilhas? Caso não se lembre leia o livro de Lewis Carroll, pseudônimo do autor Charles Lutwidge Dodgson, intitulado Alice no País das Maravilhas.

Veja o diálogo entre Alice e o Gato Cheshire. Alice perguntou:

— Gato Cheshire... pode me dizer qual o caminho que eu devo tomar?

— Isso depende muito do lugar para onde você quer ir — disse o Gato.

— Eu não sei para onde ir! — disse Alice.

— Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve.

Você conseguiu entender a resposta do Gato para a insegura Alice? Explico: Desde sua publicação, Alice no País das Maravilhas chama a atenção por permitir inúmeras interpretações possíveis.

Para mim, — disse o experiente ancião — é como se o autor dissesse: "A interpretação de minha mensagem é livre. Se você não compreender a moral de minha história qualquer interpretação serve".

"Mas se você quiser voar mais alto, como fez Fernão Capelo Gaivota, terá que confiar em si mesmo e em mais ninguém. Não esqueça que disciplina, confiança e determinação são a chave para o progresso.".

UMA EXPLICAÇÃO PERTINENTE E NECESSÁRIA

Fernão Capelo Gaivota é uma fábula em forma de novela, escrita e publicada em 1970 por Richard Bach. Essa ave decide que voar não deve ser apenas uma forma para uma ave se movimentar.

A história desenrola-se sobre o fascínio de Fernão pelas acrobacias que pode modificar e em como isso transtorna o grupo de gaivotas do seu clã. É uma história belíssima sobre liberdade, aprendizagem e amor.