A burocracia atemporal incrustada no termo ‘Kafkiano’
A obra de Kafka, para além do entretenimento fantasioso do homem que acorda como um enorme inseto, tece críticas sociais à burocracia moderna de sua época, e que hoje em dia se concretizaram atemporais.
Para compreendermos o contexto de sua escrita, e consequentemente o termo ‘kafkiano’, é válido ressaltar que após se formar em direito, ele trabalhou em uma companhia de seguros, estando em contato direto e vendo de perto o sistema burocrático, que mais complica do que facilita a vida das pessoas.
‘Kafkiano’ caracteriza situações extremamente burocráticas e complicadas que o sistema legal jurídico (criado para facilitar a vida em sociedade) nos faz passar para conquistar algo, além da alienação da sociedade moderna que faz o homem prisioneiro dele mesmo em prol do trabalho.
Isso é observado na reação do protagonista de Metamorfose, que ao acordar como uma barata gigante se preocupa primeiro com seu trabalho, e se conseguirá chegar no horário para bater seu ponto.
Ele ignora o fato primeiro de não ser mais ‘quem ele é’, e sim com o seu serviço no sistema trabalhista.
Há também um conto, ‘Poseidon’, em que o deus encontra-se prisioneiro de seu próprio desequilíbrio, querendo controlar todas as suas tarefas, não achando alguém além dele tão capacitado para fazer seu serviço, mostrando também como psicologicamente nos tornamos escravos do trabalho, abdicando totalmente de nosso tempo livre para algo externo à nossa vida pessoal.