GÊNEROS LITERÁRIOS - O QUE É E QUAIS SÃO? - Parte II
2. GÊNERO LÍRICO
Esse gênero vem da palavra lira, que é um instrumento musical de cordas usado desde a Grécia Antiga até o final da Idade Média para acompanhar os cantos dos gregos, pois naquela época os poemas eram cantados. A principal característica é apresentar um eu-lírico em 1º pessoa, o qual expressa seus sentimentos, emoções e estados de alma em versos, o que chamamos de subjetividade ou subjetivismo. Mais tarde, ao ser dispensado o acompanhamento da lira para o texto, a poesia lírica passou a apresentar uma estrutura mais rica, com o surgimento da métrica (que é a medida do verso) e outros elementos como: ritmo, rima, estrofe, sendo mais cultivado pelos poetas. Entretanto, é importante salientar que nem toda poesia precisa apresentar tais elementos para ser considerada poesia. Algumas escolas literárias, como o Modernismo, por exemplo, eram extremamente avessas à aplicação desses elementos poéticos, preferindo a utilização de versos livres e brancos, conforme se verá mais adiante.
Como, infelizmente a maior parte desses textos se perdeu, vejamos alguns poemas e poetas dessa época:
Plêiades
Deitaram-se lua
e Plêiades. A noite
em meio, em fuga o tempo
─ e eu dormindo só.
Deitaram-se lua,
e Plêiades. Alta,
alta noite.
Tão e tanto
o sono do tempo
acompanhado!
E eu me fico
dormindo
só.
Pertencentes à única poetisa da época, Safo de Lesbos, esses versos relacionam o sofrimento amoroso e a solidão do eu-lírico aos astros. Enquanto a lua e as Plêiades (conjunto de 7 estrelas que fazem parte da constelação de Touro) se deitam juntas à noite e o tempo vai passando em fuga, o eu-lírico dorme solitário, reclamando a presença do ser amado.
Deuses e Homens
Uma só é a raça dos homens e dos deuses.
Ambas respiramos, vindas da mesma mãe.
Porém, um poder bem distinto nos separa.
Um nada é: e o brônzeo céu, esse permanece
sempre seguro.
No entanto, algo nos aproxima dos imortais,
ou do espírito sublime
ou do corpo, apesar de não sabermos que caminho,
de dia ou de noite,
o destino traçou para nós percorrermos.
Esses versos pertencentes a Píndaro, o maior dos líricos gregos, fazem parte da primeira estrofe da Sexta Nemeia, um poema dedicado ao menino Alcimida por ocasião de sua vitória na luta de meninos dos jogos de Nemeia, os quais como as Olímpiadas eram consagrados a Zeus. Aqui o poeta faz uma reflexão sobre a natureza dos homens e dos deuses.
Fr. 395
Agora já estão acizentadas nossas
Madeixas e branca por inteiro a fronte.
Gentil nada mais da juventude resta
Em nós, mas os dentes se fizeram velhos,
E doce não mais por um longo intervalo
O tempo da vida permanecerá.
Por isso me cubro de soluço e pranto,
Por medo frequente de descer ao Tártaro,
Pois do Hades é plena de terrores vários
A gruta, e até ele de aflição repleta
A trilha, pois lá já está reservado
Àquele que desce não voltar jamais.
Do poeta Anacreonte de Teos, estes versos falam sobre a velhice, um dos temas recorrentes de sua obra, além do vinho e do amor, tendo também escrito alguns poemas eróticos.
Referências Bibliográficas:
MOISÉS, M. A criação literária: poesia e prosa. 1 ed. São Paulo: Cultrix, 2015.
NICOLA, de J. Literatura Brasileira: das origens aos nossos dias. 15 ed. São Paulo: Scipione, 1998.
OLIVEIRA, de B. C. Arte literária: Portugal – Brasil. 1 ed. São Paulo: Moderna, 1999.
SILVA e AGUIAR de MANUEL, V. Teoria da Literatura. 8 ed. Coimbra: Almedina, 2007.
SOARES, A. Gêneros literários. 7 ed. São Paulo: Ática, 2007. Série Princípios.