8- Elementos da Narrativa - RETRATO físico e RETRATO psicológico

Com as vossas desculpas, eu vou usar a palavra VOCÊ, para simplificar o texto!

Agora que já vimos como nasceram as histórias desde as mais primitivas, vamos ver – não propriamente como se constrói uma história... mas sim O TEXTO com o qual se conta uma história.

Para isso, vamos ter presentes as tais 5 questões de Quintiliano, de que falámos no capítulo 1:

QUEM?

O QUÊ?

QUANDO?

ONDE?

COMO?

PORQUÊ?

Para além destas questões, também se costuma ensinar que um texto deve ser formado por três partes:

INTRODUÇÃO,

DESENVOLVIMENTO,

CONCLUSÃO.

Quanto a estes elementos, diríamos que são muito importantes, mas reservado-los para os textos de CARÁCTER CIENTÍFICO (ou seja, TEXTOs INFORMATIVOs). Mas não propriamente, ao contarmos uma HISTÓRIA.

Uma história deve ser contada segundo a Arte de cada autor!

MAS:

Há várias questões que devem ser contempladas, pelo menos por quem está a começar os seus treinos:

Então, vamos começar:

1=Eu vou dizer:

PARTICIPOU

Você vai perguntar:

QUEM participou?

O QUE É QUE ... FEZ (em que é que participou)?

2= Eu vou ter que esclarecer:

Quem – ROSA MOTA

O QUÊ (o que é que ela fez) – PARTICIPOU NA PRIMEIRA MARATONA FEMININA

Onde? NA GRÉCIA

Quando? EM 1982.

3= Você já pode formular uma FRASE - ou INFORMAÇÃO, COMPLETA! ...ou quase:

Rosa Mota participou na primeira maratona feminina, na Grécia, em 1982.

4- MAS Você não sabe QUEM é Rosa Mota...

Vamos ter que voltar ao princípio, e esclarecer essa questão:

Rosa Mota, a grande maratonista portuguesa, participou na primeira maratona feminina, realizada na Grécia, em 1982.

5- Temos aqui uma frase rica em informação.

No entanto, esta informação continua incompleta...

Você ficou a saber que há uma mulher, uma senhora, chamada Rosa Mota, que é maratonista... Mas continua sem saber NADA sobre ela...

Vamos ter que AMPLIAR a INFORMAÇÃO:

QUEM é ROSA MOTA? QUANDO nasceu? QUANDO começou os seus treinos?

COMO era ela quando começou ... fisicamente... psicologicamente...

PORQUE é que se entregou a treinos tão rigorosos?

Então, vamos tentar responder:

Rosa Mota é uma atleta portuguesa. Nasceu em 29 de Junho de 1958, na cidade do Porto, em Portugal.

Ela começou a correr quando ainda era estudante, pois era apaixonada pelo exercício físico.

Franzina, magrinha, de pequena estatura, ela compreendeu que o seu corpo seria apropriado para a corrida de fundo.

Mas para ser a atleta que ganhou várias maratonas internacionais, ela teve que treinar arduamente, com persistência, acreditando que a sua determinação seria um dia premiada!

Ora bem, temos aqui uma INFORMAÇÃO muito mais rica sobre a nossa excelente maratonista: temos um TEXTO que nos NARRA quem é Rosa Mota.

Como tal, vemos que temos os necessários elementos para que uma NARRAÇÃO tenha sentido e seja aliciante para os nossos ouvintes ou leitores:

= Dizemos QUEM é a PERSONAGEM da nossa narrativa;

= Dizemos QUANDO nasceu; e QUANDO participou na primeira maratona feminina mundial.

= Dizemos COMO ela é FISICAMENTE: fazemos o seu RETRATO FÍSICO:

“franzina, magrinha, de pequena estatura”

=Dizemos como ela é PSICOLOGIMENTE: fazemos o seu RETRATO PSICOLÓGICO: ela era PERSISTENTE e trabalhava CONFIANTE de que o seu esforço seria premiado.

Por hoje, ficamos por aqui.

Você agora pode treinar-se a fazer uma breve narrativa. Por exemplo:

Imagine que tem UM GATO, ou UM CÃO:

QUANDO foi que o CÃO entrou na sua vida?

COMO é o Cão? Pequeno, grande, frágil, forte (com estas CARACTERÍSTICAS, Você está a fazer o RETRATO FÍSICO do seu companheiro)

COMO é que ele se relaciona consigo? Ele é dedicado, atento, ou é distraído, indiferente? Com estas CARACTERÍSTICAS, Você está a fazer o RETRATO PSICOLÓGICO do seu amigo canino!

Pode também exemplificar com alguma ou algumas das HABILIDADES que o cãozinho gosta de fazer!

E aqui, sim, terá uma NARRATIVA já bastante completa sobre o seu grande companheiro!

Agora, Você poderá argumentar:

– Mas eu não tenho nenhum cão...

E eu direi:

– Pouco importa! Isto é uma HISTÓRIA! Se não tem um cão de verdade, pode ter um de imaginação! O que nos interessa, neste momento, é a história! Pois como dissemos, igualmente no capítulo 1:

Uma história é FICÇÃO!

E se a história for bem contada, até parecerá verdadeira!

E esse é que é o fascínio que os ROMANCES, ou os CONTOS, ou as TELE-NOVELAS, ou os FILMES – exercem sobre todos nós: parecem histórias verdadeiras!

© Myriam Jubilot de Carvalho

2020

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 05/12/2020
Reeditado em 23/06/2021
Código do texto: T7128657
Classificação de conteúdo: seguro
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