1- O gosto pela Leitura. As 5 questões de QUINTILIANO

Todos gostamos de LER:

1-

Ou lemos livros, ou pequenos textos, que nos INFORMAM sobre TEMAS CIENTÍFICOS:

São livros sobre coisas reais, COISAS CONCRETAS:

São TEXTOS INFORMATIVOS:

O Mundo Animal, O Livro dos Mares, A Electricidade, O Mundo da Química, Biologia, Geografia, Geografia Humana...

Os próprios textos sobre História são textos informativos – História do Mundo; História da Europa; História das Religiões, História da Música, História de África, História das Américas, História da Ásia, História da Ciência, História da Arte, A Idade Média, História dos Índios, A Segunda Guerra Mundial, etc...

2-

Ou lemos livros, ou pequenos textos de FANTASIA, que preencham as horas de lazer, que nos facultem PRAZER ESTÉTICO.

São obras de FICÇÃO, são LITERATURA:

Romances,

Contos,

Poesia,

Teatro.

3-

Há ainda uma outra categoria de TEXTOS INFORMATIVOS:

Estamos a falar, agora, do TEXTO JORNALÍSTICO:

O texto jornalístico dedica-se, como todos sabemos, a INFORMAR SOBRE A ACTUALIDADE:

Trata-se, em geral, de textos mais ou menos BREVES.

O texto jornalístico obedece a certas REGRAS, a primeira das quais é a OBJECTIVIDADE:

Então, como é que um Jornalista deve proceder para garantir essa objectividade:

Deverá avaliar se o seu texto corresponde às seguintes questões:

=QUEM? = quem fez, quem praticou um dado acto, um dado facto?

=O QUÊ? = o que é que aconteceu?

=QUANDO? = em que momento é que o facto relatado aconteceu?

=ONDE?= Em que local foi que o facto teve lugar?

=COMO? = Como foi que aconteceram os factos?

=PORQUÊ? = Um jornalista deverá fornecer as razões pelas quais os acontecimentos relatados tiveram lugar.

.

VEREMOS, no decorrer dos futuros 'posts', como estas perguntas são fundamentais para avaliarmos a CLAREZA, a OBJECTIVIDADE, de qualquer texto.

*

Antes de finalizarmos, poderemos saber quem formulou essas regras de objectividade e clareza:

Foi QUINTILIANO, um advogado da Antiguidade:

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Para sabermos quem foi QUINTILIANO, poderemos consultar a ENCICLOPÉDIA que mais facilmente está ao nosso dispor: a WIKIPEDIA.

MAS este precioso instrumento de trabalho, tão democrático que está ao alcance de todos nós, é susceptível de algum erro..., devemos sempre confirmar os DADOs que ela nos fornece. Então, para começar, seguimos os LINKS (as ligações externas), e assim poderemos ampliar os nossos conhecimentos.

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Então, ficamos a saber que QUINTILIANO foi um prestigiado advogado romano, que também foi professor de Oratória:

QUINTILIANO nasceu em 35dC e morreu em 95dC:

Myriam

13 de Novembro de 2022

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Finalmente – Quem foi QUINTILIANO

Desde o início das nossas publicações sobre Gramática e sobre Teoria Literária, que falamos em Quintiliano.

Estou certa de que muitos Leitores já se terão perguntado quem teria sido esse teórico...

De facto, tenho querido dar alguma notícia sobre este antigo mestre das matérias literárias. No entanto, na altura em que procurei na Internet, não encontrei informação que me satisfizesse. Até que finalmente, surgiu uma biografia pormenorizada numa revista sobre História, que muito apreciei – Trata-se da revista “La Aventura de la Historia”, Nº 235, de Maio de 2018; pág 48-52.

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Quintiliano viveu em tempos do Império Romano, no século I dC, entre os anos de 35 e 96.

Era natural da “província”, ou melhor dizendo, da colónia romana da HISPÂNIA, que, na época em que este nosso Autor viveu, já abrangia toda a Península Ibérica. Aliás, grandes vultos da Cultura Romana, tanto na Literatura, como na Filosofia, ou na Historiografia Romanas, nasceram aqui, na Península Ibérica (1).

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Para já, faço notar que por vezes, alguns autores actuais referem a HISPÂNIA sob a designação de Hespanha. Mas HISPÂNIA e Espanha são realidades históricas diferentes:

Se dissermos HISPÂNIA, estaremos a referir o nome da Península Ibérica, durante a Antiguidade:

A própria “província” (melhor dizendo, colónia) mais ocidental do Império Romano, situava-se na península da Hispânia. Se dissermos ESPANHA, estaremos a referir o país moderno, que só se formou conforme ele é actualmente, após a unificação promovida pelos Reis Católicos, Fernando de Aragão e Isabel de Castela, no final do século XV. O espaço geográfico é de facto o mesmo; mas a realidade histórica é distinta (2).

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Voltando a QUINTILIANO:

Lamentavelmente, sabemos pouco sobre alguns autores da Antiguidade, porque muitas obras se perderam...

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Quintiliano nasceu na província (colónia) romana da Hispânia, na cidade de Calahorra – uma cidade situada no interior-norte da Península Ibérica (3). Terá nascido entre 37 e 40 dC.

A sua cidade natal já tinha sido oficialmente reconhecida como “município de cidadania romana”. Isto é, os naturais dessa cidade já seriam considerados como CIDADÃOS ROMANOS. Este facto de ter nascido como “cidadão” romano, e apesar da sua origem modesta, permitiu que o nosso autor chegasse a ganhar a honrosa dignidade de CÔNSUL, devido aos serviços que prestou à dinastia reinante.

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Pensa-se que a família de Quintiliano teria vivido em Roma.

Quintiliano terá feito a sua formação em Roma (1).

Recordemos que, na capital do Império, a formação dos jovens fazia-se mediante o acompanhamento e frequência de oradores famosos! Assim, o jovem Quintiliano seguia as “classes” e as intervenções dos oradores célebres.

Mas depois dos seus anos de formação, regressou à sua cidade natal, Calahorra, no noroeste da Península Ibérica. No entanto, sobre esta fase da sua vida, pouco se sabe.

No ano de 68, o general romano Galba, governador do território Tarraconense (todo o norte da Península Ibérica), marchou para Roma para tomar o poder após o suicídio de Nero. Quintiliano marchou juntamente com esse exército.

Cerca do ano 72, por decisão imperial, é criada em Roma uma pensão anual de 100.000 sestércios, para um mestre de latim, e outro de grego (4). Provavelmente, este pagamento a estes mestres, esconderá uma intenção de controlar o Ensino público, ou seja a Educação.

Quintiliano – foi o primeiro a receber essa pensão. Ao “reformar-se”, Quintiliano reconhecia que se tinha dedicado 20 anos à sua função de “mestre”. No entanto, Quintiliano também exerceu profissionalmente como “advogado”

Por volta do ano 92dC, Quintiliano – provavelmente já reformado – foi incumbido pelo imperador, da educação dos filhos de um primo, prevendo que algum desses jovens pudesse suceder-lhe no poder. Esta atribuição foi, sem dúvida, uma alta recompensa aos bons serviços de “mestre” do nosso biografado.

No ano de 95, sendo já Cônsul – um elevado cargo – tenta o seu ingresso no Senado.

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Por volta dos seus 45 anos, Quintiliano casou com uma jovem de 19. Tiveram dois filhos. Mas tanto a esposa como as crianças morreram prematuramente...

Das obras de Quintiliano, algumas sobreviveram até aos nossos dias:

= “SOBRE A FORMAÇÃO DO ORADOR”:

Trata-se de uma obra de 12 “livros”, metodologicamente organizada, cujo objectivo visa a formação oratória:

Descreve os primeiros passos da educação, até ao ensino superior! O seu objectivo:

“Formar um homem honrado, perito na arte de falar”

Embora nessas épocas fosse frequente os escritores renderem louvores ao “poder”, há a assinalar que em numerosas passagens, Quintiliano desenvolvia demasiados encómios ao poderoso e cruel Imperador Domiciano – que passou à História como um homem tão cruel que o próprio Senado o condenou à “danação eterna”...

Actualmente, no entanto, os estudiosos são levados a pensar que talvez a obra de Quintiliano tivesse sido publicada na primeira parte do reinado deste imperador, numa época em que este teve uma actuação mais positiva...

Marcial, seu contemporâneo, e depois Juvenal, e Suetónio – e mais tarde, Plínio o Jovem (2), resgataram a memória de Quintiliano como mestre da Oratória.

NOTAS

(1) – Alguns nomes da Cultura Latina, nascidos na Hispânia (a colónia romana que ocupava toda a Península Ibérica), que fizeram a sua formação em Roma, onde se tornaram famosos:

= Marco Aneu Séneca – ou Séneca pai – ou Séneca o Velho – orador (54aC-39dC)

= Lúcio Aneu Séneca – filósofo estoico, e também advogado; um dos mais

célebres escritores e intelectuais do Império Romano (4aC-65dC)

= Marcial (38-104dC) – poeta

= Lucano (39-65dC) – poeta

= o geógrafo Pompónio Mela (séc I dC)

= o imperador Trajano (53-117dC),

= o teólogo e historiador Paulo Orósio (c.385-c.420 dC)

= Prudêncio (348-410dC) – poeta

= o imperador Teodósio I (379-395dC)

= Plínio, o Jovem (61 ou 62-114dC) - orador

(2) – Notemos que sobre Quintiliano, o dicionário-enciclopédia INFOPÉDIA, diz :

“Autor latino (35-96 d. C.), de origem ESPANHOLA, Marcus Fabius Quintilianus”...

Conforme dizemos no texto acima, esta forma de expressão é incorrecta. A boa forma de exprimir este conceito seria – “Autor latino, de origem hispânica”....

https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$quintiliano

(3) – A cidade de Calahorra, que como se vê, é antiquíssima – fica situada na actual província espanhola de La Rioja, no interior-norte da Península Ibérica; região que inclui, a N, parte do vale do rio Ebro, e que a sul, se integra na cordilheira do Sistema Ibérico.

(4) – Esta é uma importante decisão. Porventura, o primeiro reconhecimento de que o Ensino é um “serviço público”.

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Leitura complementar:

Biografia de Quintiliano, na Wikipedia:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Quintiliano

Também a INFOPÉDIA tem uma breve informação sobre Quintiliano. Mas além de pouquíssimo dizer, transmite uma ideia confusa sobre a sua origem.

Diz esta enciclopédia para estudantes que QUINTILIANO foi um

“Autor latino (35-96 d. C.), de origem espanhola”.

Esta é uma noção que pode induzir em erro os leitores menos informados.

É frequente ver, em textos ingleses, referirem a antiquíssima Hispânia como Espanha. E isso é totalmente errado.

Quando na Antiguidade se referia a Hispânia, referia-se a província romana que abrangia toda a Península Ibérica.

Assim, quando vemos a designação de HISPÂNIA – automaticamente nos reportamos aos tempos do Império Romano.

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Myriam Jubilot de Carvalho

Novembro 2020

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 15/11/2020
Reeditado em 12/11/2022
Código do texto: T7112125
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