POETA NÃO ESCREVE POESIA, ESCREVE POEMA
“Mas os livros são somente ocasiões para a poesia” (Borges).
É exatamente assim. Este pensamento de Borges, entre outros, serve para a justificativa do que é dito já há muitos anos por diversos autores – entre eles Octávio Paz: poesia é fenômeno, isto é, possui a capacidade de causar sensações estéticas na pessoa. E isso pode estar na música, na dança, na pintura, na natureza, etc. Deste ponto de vista, poeta não escreve poesia, escreve sim, poema. Este, por sua vez, é o gênero literário mais próximo da poesia, tendo a prerrogativa de materializar em palavras a maior variação de sensações estéticas (do belo, do prazer, de contemplação, etc), em outras palavras, da poesia.
Logo, sendo assim, cabe ao poeta perceber a poesia que há nas coisas, sentindo seu encantamento, sua beleza... depois disso ele escreve o poema. Como poesia é o fenômeno, ninguém pode escrevê-la, o que torna uma tragédia linguística e intelectual expressões como: livro de poesia, competição de poesia, poesia de determinado autor, etc, e etc. Poema é texto escrito com estrofes, versos, podendo ou não tem rimas, poesia não é texto, é sensação estética, é sentimento que podemos perceber em obras de arte como na música, na pintura, no poema, etc.
Que fique claro, portanto, que poeta não escreve poesia, escreve sim poema.