5 Autores que NÃO gostam de você.

Há autores que a gente lê pra se distrair. Outros pra relaxar. Outros pre descobrir que a chave do sucesso está em você mesmo (e ai você se pergunta pra que raios você comprou este livro). Mas há autores que a gente lê pra se F@#^& até gostar!!!!

São simplesmente escritores que gostam de nos tirar o chão e ainda cavar um buraco até o quinto dos infernos para que o próprio Satanás coma nosso fígado com cebola.

Sendo assim, vou deixar uma lista de cinco autores cruéis com os leitores. O texto estará escrito em ordem de memória, tá? Só o primeiro lugar que é o meu favorito mesmo.

5. Machado de Assis.

Com um estilo narrativo único, Machado cria personagens que até podem ter boas intenções, mas são devorados por um mundo hipócrita e aproveitador. Os protagonistas também não são flor que se cheire, são mesquinhos, pedantes e parecem ostentar uma inteligência ou moral que não possuem. No fim, só querem se dar bem na vida e à custa dos outros.

Nem o leitor escapa. Ao longo do texto Machado quebra a quarta parede o tempo todo, mas raras vezes é amigável. E há trechos em que ele reclama ter que explicar tudo e manda até você fechar o livro e dar uma volta.

Enfim... tolerância zero. E você achando que era só dizer se traiu ou não...

4. Augusto dos Anjos.

Augusto dos Anjos gosta mesmo é de nos fazer sofrer e o pior, até sofrer é inútil, porque é eterno. Com versos recheados de vocábulos científicos e um pessimismo hediondo, ele não se atém a falar da morte somente. Ele fala da decomposição dos corpos, do cheiro dos cadáveres, do esgoto, do verme. Uma figura que aparece sempre nos seus poemas é o vencido, porque afinal não importa que grande história você tenha pra contar, no fim você é vencido pela dita cuja, e termina como comida do verme "operário da ruína".

Fica a dica, se ache menos.

3. Dostoievski

Dono de uma narrativa psicológica labiríntica e cheia de referências à religiosidade russa, Dostoievski entra na mente dos seus personagens até o mais íntimo dos seus temores. Em Crime e Castigo você acompanha a jornada de Raskolnikov desde a sua pobreza e orgulho até o momento em que ele comete 2 assassinatos. Mas pensa que a história termina aí? O resto do livro é ele tentando lidar com a culpa e uma das escapatórias mentais que ele cria é se comparar a Napoleão, porque os crimes cometidos em nome dos fins altos são absolvidos pela história. O tempo todo o autor está te bombardeando com joguinhos psicológicos que só tem um único objetivo: te atormentar até você confessar que "precisa de ajuda". O bom, pelo menos é que há uma luz no fim do túnel.

2. Flannery O'Connor.

O livro Um homem bom é difícil de encontrar são 10 historinhas pra lhe provar que você não vale merda. Todos os personagens são mesquinhos, hipócritas, racistas, idiotas, mas fingem viver o American Way of life. Todos sorridentes, fofinhos... Só que não. Detrás de avozinhas adoráveis temos seres egoístas, detrás de homens firmes, temos um avô que nega o neto na frente de todo o mundo só porque ele lhe fez passar vergonha e que ainda ensina o neto a ser Racista. No último conto temos um assassinato pura e somente por inveja.

A gente lê e fala: "Mano, tenho que criar jeito na minha vida".

1. Franz Kafka

O que você tem a dizer de um camarada que te transforma em uma BARATA? E o pior, te mostra que o mundo sem você gira do mesmo jeito e pode até melhorar! E mais, no final você é enterrado numa LATA DE LIXO. Um camarada desse tem amor no coração? E em o Processo que você está tentando se """'defender"""" de uma ação penal que você sequer sabe a acusação! E o pior, no final a culpa é tão grande que você CONFESSA. Todas as histórias de Kafka só tem um intuito: de abrir um buraco e lhe enterrar lá. Não tem escapatória, meus amores. Se Descartes falava: Penso, logo existo. Kafka diria: Penso que existo, logo me lasco!

O pior é que as dores dele são tão nossas que a gente cria empatia e reflete sobre quem nós somos...

Daí esse masoquismo.

FALANDO SÉRIO AGORA

Uma das funções da arte no geral e da ficção propriamente dita é exatamente criar "mentiras" que falem sobre as nossas verdades mais íntimas. Muitas vezes se olhar no espelho é um exercício doloroso, quanto mais de perto olhamos, mais imperfeições descobrimos - e lembrando que Descobrir-se é um eufemismo para desnudar-se, e isso constrange.

Quando lemos autores que não têm medo de expor as vísceras da nossa "monstruosidade" e fazem isso através de realidades ficcionais, de certa forma acabamos tendo outras experiências de mundo e de interioridades que. se não podemos dizer que tenham função prática, pelo menos nos humanizam. E é por isso que a gente os lê... não é tanto pra saber a história, mas pra se entender enquanto gente. É nesse sentido que a experiência literária e artística é pedagógica e libertadora, porque ao experienciar essas vidas ficcionais, no teatro e na literatura, por exemplo, ampliamos nosso horizonte e nos tornamos mais empáticos e tolerantes. Céticos também, mas isso é outra história...