Essa tal de (que palavrão!) SILEPSE ...
A língua portuguesa é pródiga em antagonismos. Se, por um lado,
nos cobra correção gramatical (isso equivale a dizer : praticar o
rosário de regras que compõem o idioma, tais como : regras para
uso do "x", regras para emprego da crase...etc, e por aí vai), por
outro lado, cria, na relação das FIGURAS DE LINGUAGEM (vários i-
tens de um recurso destinado a tornar o texto mais belo e mais
enfático) uma senhora figura, chamada SILEPSE (que, a bem da
verdade, é A NEGAÇÃO COMPLETA de todas as regras de concor-
dância).
Essa tal de SILEPSE consiste em se praticar a CONCOR-
DÂNCIA "IDEOLÓGICA", isto é, a concordância deve ser feita de acor-
do com a intenção que você tem em mente e não de acordo com as
normas (regras) gramaticais.
Um dos esdrúxulos exemplos de SILEPSE :
"O povo FORAM às ruas, na defesa de seus interesses".
Sob a ótica da Gramática, essa frase teria cometido
o mais grosseiro dos erros gramaticais; porém, tomando-se por base
a FIGURA DE LINGUAGEM chamada 'SILEPSE", a frase, acima aspeada,
está perfeita, correta, porque, a palavra "foram" (verbo na 3a. pessoa
do plural) está concordando não com o coletivo povo (que está no
singular), mas sim com a idéia que a palavra povo transmite : milhares
de pessoas.
É como se a frase acima correspondesse a esta :
"Milhares e milhares de pessoas (=povo) FORAM às ruas"...
(DURMA COM UMA DESSAS...)