Doutor Francisco Mello - (669)96892292 - Advogado Criminalista, Rondonópolis, Mato Grosso, Centro Oeste, Brasil. Especialista em Direito Penal e Processo Penal. Artigo: O TRADICIONALISMO E O CAVALO CRIOULO

O cavalo crioulo, por lei e tradição é um dos símbolos do Rio Grande do Sul.

Sua origem, nos remetem às andanças de Cristovão Colombo, o qual em sua segunda vinda à América, (1493), – desta vez na América Central, onde hoje é a República Dominicana, no Caribe – trouxe um bom número de cavalos e ginetes para facilitar a colonização.

Estes animais se reproduziram abundantemente e grande parte, se tornou selvagem. Nos Estados Unidos receberam o nome de: mustangs; no México, os chamavam: mesteños; na América Central e no Caribe denominavam-se: cimarrones e nos países Platinos e Sul do Brasil eram chamados de: baguales.

Por quase quatro séculos adquiriram resistência às diferentes condições climáticas e alimentares, o que os fizeram fortes, rústicos e resistentes.

Proprietários de cabanhas, estancieiros, capatazes, peões de estância, tropeiros, e campesinos, entre outros, sabem a importância do cavalo crioulo para as campereadas, rodeios, uso no arado, carreiradas, apartação de gado, tiro de laço e variadas apresentações.

Registre-se por óbvio e oportuno que o cavalo crioulo participou de grandes batalhas em várias conflagrações a mais notável delas, a Revolução Farroupilha conhecida como a guerra dos homens e cavalos bravos.

Os espanhóis introduziram o cavalo no Chile, Peru, Países da Prata: Uruguai, Paraguai, Argentina e também no Rio Grande do Sul.

Com o surgimento em 1932 da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos – ABCCC, a raça foi otimizada, com aperfeiçoamento genético e técnicas de criação, manejo e seleção dos animais.

A Televisão passou a transmitir grandes eventos como a Prova Freio de Ouro, dando grande destaque à raça, visibilidade aos ginetes, e estimulando a seleção de animais que melhor apresentem: beleza, funcionalidade, resistência, boa índole e temperamento.

No Brasil, as pelagens principais são: gateada, rosilha, moura, tordilha, zaina, alazã, além das malhadas: tobiana e oveira.

O cavalo crioulo é rústico por natureza, mas quando bem domado se torna dócil e funcional para um sem número de atividades. Primeiro vem à doma, depois o treinamento com galopes intermitentes, trotes, e, elegância no passo; a seguir a fase de competições.

Há anos foi introduzido em hipismo com excelente aproveitamento esportivo.

Convém lembrar que a arvore genealógica do cavalo crioulo inicia-se com as raças: andaluz e rocine, de notável valentia e resistência, qualidades que motivaram dos espanhóis a trazê-los para o hemisfério Sul.

O cavalo crioulo é reconhecido mundialmente por está no topo do ranking nas mais famosas provas e competições esportivas.

No início do século XX, o estancieiro argentino Dr. Emilio Solanet, observou que os cavalos crioulos resultantes dos intensos cruzamentos com variadas raças estavam desnaturados e quase em extinção.

Notou o quanto eram fortes, resistentes e incansáveis os cavalos dos índios na Patagônia; perguntou o motivo, eles responderam: Gateado morre antes de cansar-se.

Dom Emilio, concluiu se tratar da mais pura raça crioula, sem cruzamentos exóticos, obtida pela seleção natural, então, escolheu e comprou do cacique Tehuelche, 84 animais – maioria de reprodutores – e os levou para sua Estância: El Cardal.

Em 1920, Dom Emilio, pediu à Sociedade Rural Argentina o reconhecimento oficial da raça, que só concedeu em 1922.

Atualmente, todos os cavalos crioulos registrados na Argentina e o Rio Grande do sul são descendentes daquele lote.

No Brasil a raça crioula é uma das que mais crescem, gerando receitas e inúmeros empregos.

Para não me alongar, visto que o tema é muito instigante, registro o seguinte.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, Faz saber que a Assembleia Legislativa aprovou e eu sanciono e promulgo a Lei Nº 11.826, DE 26 DE AGOSTO DE 2002.

Art. 1º Fica incluído o Cavalo Crioulo como animal-símbolo do Estado do Rio Grande do Sul.

Faz sentido a canção dos Monarcas:

“Um gaúcho sem cavalo É um arreio sem estribo É igual a um pajé solito Sentindo a falta da tribo.

Quem sou eu sem meu cavalo O que será dele sem mim, Talvez dois seres perdidos A vagar pelo capim.”

Isto posto, parabenizo aos gaúchos pela bela escolha. Despeço-me de vereda, a trote largo e a galope. Um quebra costelas a todos.

SOBRE O AUTOR:

Dr. Francisco Mello dos Santos. Rondonópolis-MT. Advogado Criminalista, Historiador e Professor de carreira. OAB-MT 9550. Especialista em Direito Penal e Processual Penal. Afeito a tudo que diz respeito ao Tradicionalismo e Cultura Gaúcha.

Dr Francisco Mello
Enviado por Dr Francisco Mello em 04/10/2019
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