DOM CASMURRO, UMA METÁFORA REPUBLICANA 

Dom Casmurro, de autoria do genial e imortal Machado de Assis, talvez seja o melhor romance para descrever o Brasil atual, pois essa magnífica obra, escrita em 1899, dez anos após a proclamação da república, fala sobre fidelidade e traição, ou seja, a narrativa é sobre um homem culto (Bento Santiago), que resume as virtudes de elegância e de caráter das elites brasileiras, numa tentativa de nos convencer de que ele é uma boa pessoa, embora tenha sido arbitrário, autoritário, insensível e patriarcal, à maneira tradicional (como os nossos políticos), e tenha com isso destruído a sua própria vida bem como a vida da mulher que amava (Capitú), com a qual ele vivia e tinha um filho, mesmo assim, apesar de tudo, ele ainda tenta nos convencer de que é uma pessoa civilizada e que ainda tem razão, numa tentativa patética de apresentar ao mundo o seu autoritarismo e os seus impropérios com uma estampa civilizada, adornada com filigranas de uma conduta proba e impecável, como se fosse um modelo a ser seguido pelas gerações vindouras!
É importante esclarecer que, na narrativa de “Dom Casmurro”, temos apenas a versão do acusador (Bentinho). Lembre-se de que o romance é ambientado numa sociedade machista e patriarcal. O bruxo do Cosme Velho (um dos apelidos de Machado de Assis) não dá à Capitú o direito do contraditório e ampla defesa (“audiatur et altera pars”, que significa “ouça-se também a outra parte”). Por conta desse princípio, nos dias de hoje, toda sentença condenatória proferida pelos leitores de Dom Casmurro (Bentinho) será considerada nula!
Osmar Ruiz Júnior
Enviado por Osmar Ruiz Júnior em 01/09/2019
Reeditado em 13/10/2019
Código do texto: T6734676
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