Coisas que Moisés Alves fez e ninguém notou mas que mudaram tudo

"Coisas que fiz e ninguém notou mas que mudaram tudo" é um livro de Moisés Alves, escritor soteropolitano, professor universitário, doutorando em Delicadeza: escritura, crítica e políticas em Clarice Lispector dentre outros muitos adjetivos que não irei enumerar. Moisés foi meu professor na graduação e também meu orientador de TCC. Que privilégio. Lembro-me detalhadamente das aulas de Estudos Culturais e de A Identidade Cultural da pós-modernidade de Stuart Hall e de como a leitura de Moisés me impactava. Esse efeito era provocado pela forma como conduzia sua aula, afinal, ele é um professor provocador e se permite também ser provocado por nós. Moisés não apenas ensina, ele também encanta. É um encantador de palavras. Não me lembro exatamente como, mas soube que ele era amante de Clarice Lispector e logo o pedi para ser meu orientador. E foi magnífico. Um aprendizado que levo para toda vida e que certamente continuarei estudando Clarice. Hoje, além de ex-aluna, sou sua leitora.

"Coisas que fiz e ninguém notou mas que mudaram tudo" revela um Moisés jazzista, íntimo, alegre, triste, humano. Nitidamente adepto dos versos brancos e livres, sua poesia nos aproxima de sua intimidade quando traz os áudios, fazendo com que o interlocutor ao ler automaticamente se imagine ouvindo. Eu juro que ouvi.

A escrita caminha com o contemporâneo e traz assuntos que são notícias, como por exemplo quando fala de democracia e golpes no Brasil, nas balas que mataram Mariele Franco e Marcus Vinícius de 14 anos. "a bandeira do brasil deveria ser substituída por camisa de escola municipal com furo de bala, mancha de sangue e foto 3x4 nossa".

Chorei lendo Prato da Casa.

Este texto não é uma resenha, é apenas um registro de minha alegria em me identificar e me conectar ainda mais com Moisés através de sua escrita.

Alves, Moisés

Coisas que fiz e ninguém notou mas que mudaram tudo/Moisés Alves. - Rio de Janeiro: Circuito, 2018