EXISTENCIALISMO PORTUGUÊS - FINAL

3---APARIÇÃO, de VERGÍLIO FERREIRA - CONCLUSÃO - Primeiro romance em 1943, "O caminho fica longe", obra influenciada pela técnica cinematográfica e voltada para os tempos de estudante em Coimbra; desfecho psicológico, abre uma perspectiva neo-realista, indicando à personagem principal uma solução sócio-econômica para sua problemática humana. --- Não se trata de aparições fantasmagóricas e sim da significação do eu, este aparecendo a si mesmo. Ó, sim, APARIÇÃO, romance-ensaio: vanguarda preocupada com filosofia-ensaística. /"Sofia" quer dizer sabedoria. Existencialismo, filosofia também do amor livre?!/ Mas arcabouço - estrutura íntima - do romance tradicional: personagens bem definidas, embora sem qualquer preocupação psicológica intencional, e descrição externa à lá EÇA DE QUEIROZ: caráter de modernidade + atitude predominantemente impressionista. Do ponto de vista da linguagem, VERGÍLIO, um clássico. um apolíneo (correção professoral da frase castiça e clareza e simetria dos períodos). Romancista atual. Ao construir o romance, preocupação central menos no fenômeno da linguagem como criação artística e mais no próprio ideário filosófico de que a ficção vai impregnar-se, e com isso ganha o romance-ensaio. Ficção de universo angustiado, visão fenomenológica e existencial do homem, mergulhado no micro-universo de si mesmo, problemática ontológica. Aparição do homem ao homem, do ser ao ser, face à face, aparição relacionada entre personagens que descobrem o problema, soluções diversas, da acomodação à loucura, grande parte deles nem chega a descobri-lo. Multiplicidade de soluções - a própria solução metafísica de ALBERTO SOARES (a do ser, de HEIDEGGER) em contraste com a solução alucinante de Carolino-Bexiguinha ou a de Ana, após a descoberta do problema, refugiada na tranquiidade do lar e da religião. Sofia viu solução na falta de solução, paradoxalmente. Solução de Chico? - apenas viu em Alberto o responsável pela tragédia do assassinato. Alberto, professor como Vergílio, descortina uma visão de mundo, raízes nas teses básicas da fenomenologia e do existencialismo; ponto de vista interno, primeira pessoa, tudo centralizado nele, catalizador de reações humanas, encaradas de um ponto de vista sempre psicológico. Narrador-protagonista no meio de outros contrastivos e antagônicos, tanto confidentes como secundários - homem centrado num próprio homem, humanização integral, sem deuses ou mitologias, homem dono de si mesmo.

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FONTE:

"Vergílio Ferreira e o romance da verticalidade humana", de Leodegário A. de Azevedo Filho - Rio, II Congresso Brasileiro de Língua e Literatura, julho/1972.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 20/09/2018
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