FOLCLORE INDÍGENA - PARTE II

Minha doce mulher, como toda fêmea, tem seu lado selvagem. Leu a estória

de PIRI-PIRI, cercado na tribo por uma “horda feminina a seus pés”.

Senti um pesado olhar ameaçador. Frase terrível: “Se você tem também a

sua horda, melhor sumir mesmo, vá morar em Marte, porque EU tenho uma

faca serrilhada que corta até embutidos congelados.........” Não é (diz

de si própria) nada ciumenta. Se fosse, acho que usara guilhotina.

Fazer de conta que não entendi o local da... cirurgia!

LENDAS e CRENDICES DA AMAZÔNIA

1-AÇAÌ - Na área onde hoje é Belém, havia uma tribo com um número

crescente de habitantes e por isso começou a escassez de alimentos,

recém-nascidos sendo sacrificados para reverter a situação. A filha do

cacique engravidou e o conselho dos senhores do povoado não abriu

exceção. Onde o bebê foi enterrado, nasceu uma palmeira esguia, lá no

alto escuros frutos pequenos, continuamente devorados pelos pássaros ,

assim como por outros animais os que caíam ao chão. Se os animais podiam

comer e também todos da tribo. Entenderam como um presente dos deuses e

encerraram o severo controle da natalidade. O AÇAÍ se popularizou e

constituir a base alimentar da população local, importante traço cultural

paraense, e posteriormente se espalhou pelo país.

2-COBRA NORATO - No Pará, se encanta numa serpente. Por vezes, solta a

carapaça que o cobre e mete-se em festas, mas de madrugada volta ao

suplício.

3-CURUPIRA - Noite de lua cheia! Medo: quietas as tribos roraimenses

AUARI e ATROARI, assustados nas malocas. Da mata, ressoa ruído barulho,

melhor dizendo, o estalo de um machado de TUXAUA, feito de casco de

jabuti. Chefe TUXAUA grita, avisa que é o CURUPIRA fazendo a ronda,

testando a firmeza das árvores, se irão resistir a ventos e tempestades;

somente o pajé pode ir ao encontro, aprender mais ainda os mistérios,

segredos de cada planta e o poder de cura. Todos quietos pois o guardião

da floresta /que dorme no oco das árvores/ não gosta que o perturbem, só

castiga forasteiro, geralmente o homem branco, que destrói a floresta ou

mata os animais; aí, ele apaga os rastros das patas, esconde os

indefesos e dissolve cheiros no ar; furioso, imita a voz dos quadrúpedes

e o pio das aves, enganando os caçadores, leva-os para longe, perdidos.

Como é o CURUPIRA? Um curumim feio, com pelo de macaco, mãos (?)

grandes e verdes, orelhas pontudas e pés virados para trás, justamente

para desviar e atrapalhar, ninguém sabe se ele está indo... ou vindo. O

visitante bom lhe dá fumo e o Curupira simpático mostra o caminho de

volta.

4-GUARANÁ - O grão do guaraná lembra a figura de um olho humano e desta

semelhança surgiu a lenda criada pelos índios SATERES-MAUÉS. A índia

UNAI teve um filho concebido por uma serpente e morto pelas flechas de um

macaco. No local onde foi plantado, nasceram plantas de guaraná. Em

outra versão, o menino era o lindo filho do pajé, protegido por TUPÃ, o

deus máximo; um dia, brincava na floresta, subiu numa árvore frutífera,

o Gênio do Mal transformou-se em enorme serpente que assustou o menino -

caiu do alto e morreu. Da cova bem funda, após algum tempo nasceu uma

planta desconhecida, futos parecidos com olhos humanos: o GUARANÁ. Todo

final de novembro, os índios celebram este acontecimento em Maués, cidade

a 200 quilômetros de Manaus.

5-MACUNAÍMA - O Sol era apaixonado pela Lua, mas nunca se entravam.

Quando ELE ia se pondo, era a hora em que ELA ia nascendo... isso durante

milhões de anos... Enorme montanha repousa no meio dos imensos campos de

Roraima - em cima, um vale de cristais e um lago de águas cristalinas,

que reservam os mistérios da natureza. Num dia de eclipse, o sol se

atrasou e o tão ansiado encontro aconteceu - raios dourados do Sol

refletidos, juntamente com os raios prateados da Lua, no lago misterioso:

MACUNAÌMA foi fecundado! Curumim esperto, cheio de magias, teve como

berço o Monte Roraima; cresceu forte e tornou-se um guerreiro, herói da

tribo MACUXI: “A bravura desse homem não se mede pelas armas que usou,

mede-se pelos feitos que o tempo projetou.”

6-MAPINGUARI - Monstro amazônico é um gigante com pelos negros no corpo,

mãos compridas, unhas com garra e fome insaciável em sua boca rasgada do

nariz ao estômago, em corte vertical; pés em forma de cascos, mata

infalivelmente para comer e devora só cabeça de homem. Só é vulnerável

no umbigo, lugar clássico para a morte dos monstros. Ao contrário de

muitas entidades fabulosas, dorme durante a noite e ataca na penumbra no

meio da floresta, surgindo na obscuridade dos troncos disformes, aos

berros roucos, altos e atordoadores.

7-PAVÃOZINHO-DO-PARÁ - É uma das aves-símbolos da Amazônia e na crença

dos índios se transforma num amuleto chamado ‘moco’. Os pajés matam o

pavãozinho à meia-noite de sexta-feira e o enterram numa encruzilhada;

um ano depois, no mesmo dia e horário, retiram os ossos e jogam na água,

o raro que não afunda, irá se tornar amuleto em ritual sagrado.

8-SERRA DO TEPEQUÉM - Na lenda MACUXI, imenso vulcão sempre “zangado”,

jogando longe as lavas que queimavam e destruíam tudo ao redor,

desesperando os índios, agora sem poder caçar e pesca, destruídas as

roças de macaxeira e banana, o buriti e o tucumã, animais e pássaros

abandonando a região. Certo dia, o pajé os reuniu ao redor da fogueira e

traduziu mensagem espiritual de que três virgens deveriam ser

sacrificadas, só assim aplacaria a fúria do vulcão - três cunhas belas se

ofereceram e, em sublime gesto de renúncia, atiraram-se dentro do vulcão.

Aceito o sacrifício, o vulcão parou de lançar fogo, agora - em vez de

fogo - começou a jorrar diamantes. A vida local se normalizou. Hoje,

o vulcão é uma grande serra, que tem à frente três lindas serras que

representam as virgens sacrificadas.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 11/09/2018
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