Trova (*)
A trova tradicional é uma composição poética de quatro versos de sete sílabas poéticas cada, em que o 1º verso rima com o 3º e o 2º verso rima com o 4º.
Quando você foi embora
pensei que eu fosse morrer!
Aprendi na mesma hora:
nem todo amor faz viver! (Kathleen Lessa)
Encontram-se em trovas mais antigas rimas:
_do 1° verso com o 4° e do 2º verso com o 3º
_do 1º verso com o 2º e do 3º verso com o 4º.
Há ainda trovas em que se faz rima apenas do 1º verso com o 3º, mas isso não é bem visto e nem sempre aceito em concursos.
A trova, para ser bem feita, tem de ter um ACHADO.
Achado é algo diferente, uma surpresa, uma conclusão no último verso.
Adelmar Tavares diz : "Nem sempre com quatro versos setissílabos, a gente consegue fazer a trova; faz quatro versos, somente".
Ou seja: não é trova se não houver o achado.
Nota 1- Comece a trova sempre com letra maiúscula. A partir do segundo verso use letra minúscula, a menos que a pontuação indique o início de nova frase. Nesse caso, use a maiúscula novamente. Aprenda a trovar fazendo poesia de qualidade.
Nota 2- "sílaba poética" é diferente de "sílaba gramatical".
As sílabas poéticas são contadas pelo SOM, pela emissão natural da voz.
Na contagem dos versos, o número de sílabas poéticas é contado somente até a última sílaba tónica. As restantes após a tônica são desprezadas.
Ex: Hora de acender as lâmpadas.
Aqui há 10 sílabas gramaticais:
Ho/ra/ de/ a/cen/der/ as/ lâm/pa/das/
Mas há 7 sílabas poéticas:
Ho/ra/ de_a/cen/der/ as/ lâm/padas
"lâm" é a última sílaba tônica do verso, e contamos somente até ela.
Ex: Veja o mar de Parati.
Aqui são 8 sílabas gramaticais mas 7 sílabas poéticas.
Ve/ja_o/ mar/ de/ Pa/ra/ti/
"ti" é a última sílaba tônica do verso; contamos até ela.
Ex:
Eu/ vi/ mi/nha/ mãe /re/zan/do _______7
Aos/ pés/ da / Vir/gem/ Ma/ri/a _______7
E/ra_u/ma/ San/ta_es/cu/tan/do ______7
O /que_ou/tra /San/ta/ di/zi/a _______7
Nota 3 - Elisão
Quando uma palavra termina por vogal átona e a seguinte começa por vogal ou ditongo, conta-se uma sílaba só.
Ex.:
Ou/ vin/do_a /fa /la /do / ven/to. 7 sílabas poéticas
Que/ro_u/ma /ca/sa/ no/ cam/po. 7 sílabas poéticas
Nota 4 - Ditongos e Hiatos na Métrica.
Para atender à métrica, hiatos podem transformar-se em ditongos (Sinérese) e ditongos transformar-se em hiatos (Diérese).
Ex: Su-a-ve por Sua-ve (3 sílabas viram 2)
Sau-da-de por Sa-u-da-de (3 sílabas viram 4)
Eis alguns exemplos de Trovas:
Nesta casa tão singela,
onde mora um Trovador,
é a mulher que manda nela
porém nos dois manda o amor. (Clério José Borges)
Ficou pronta a criação
sem um defeito sequer,
e atingiu a perfeição
quando Deus fez a mulher. (Eva Reis)
Cão de guarda, ameaçador,
a rosnar, furioso e cego
eis afinal, meu amor,
este ciúme que carrego... (J.G. de Araújo Jorge)
Nota:
excerto de uma publicação mais abrangente, denominada TROVA E TROVISMO, em 26/04/2006, na minha escrivaninha de Teoria Literária:
http://www.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=133198
Fontes de Consulta para este apontamento:
www.geocities.com/clerioborges (Poeta Trovador Clério José Borges)
www.terradapoesia.cjb.net (Projeto Cultural ABRAVILI )
http://www.geocities.com/congressobrasileirodetrovadores/origem.html