O PATAMAR PSÍQUICO

Ainda que iniciado há mais de 50 anos na arte poética, impressiona-me imensamente o processo sensitivo-intelectivo que permite a fixação da Poesia através da peça escritural que lhe dá formato. Fico a todo o tempo tentando chegar a um conceitual compreensível, o qual permita ao poeta iniciante – o neófito – entender que o poema com Poesia exige, através de uma linguagem sintética e rítmica não aberta e nem derramada de sentimentos e intimismos, venha a eclodir na cabeça do poeta-leitor (todo o leitor de poesia também é um poeta) uma sensação estética assentada num ritmo diferenciado da linguagem prosaica usual, cotidiana. E que, por sua absorção pelo receptor, produza nele um universo novo, no qual a imagem vinda a lume seja a transmissão da voz do Mistério – a inexplicável magia que lhe dá origem. Porque o poema nada mais é do que a materialização da Poesia. Um sentir peculiar versado e ritmado a produzir imagens e sensações. Tudo segundo o patamar psíquico de seu receptor.

– Do livro inédito A VERTENTE INSENSATA, 2017/18.

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