FRAGMENTOS DE DRUMMOND-Aula no ensino médio
Espero sempre ser útil a coleguinhas de ofício, embora eu seja apenas um professor comunitário voluntário, semeador gratuito de cultura.
1---“No meio do caminho” --- “No meio do caminho tinha uma pedra (...) no meio do caminho tinha uma pedra.” --- estrofe 1, redundância, estrofe 2, semântica --- repetição, recurso poético --- língua popular, a pedra no meio do caminho significa impecilho, necessário desviar. --- Esse texto causou polêmica, parecia uma brincadeira do poeta, que anos mais tarde compôs um soneto, aludindo a esse poema (explicou?):
2---“Legado” --- “Que lembrança darei ao país que me deu (...) uma pedra que havia em meio do caminho.” --- Eternidade, “Na noite do sem-fim” --- metonímia, glória - “minha incerta medalha” --- Orfeu - filho do deus Apolo e da musa Clio, que encanta a todos com a sua música --- “canto radioso”, brilhante --- palpitando a bruma”, o nevoeiro --- em ambos os poemas, apreciando o primeiro, enigmático, a ‘pedra’, motivo para a poesia.
3---HQ - Uma pedra Dummondiana nos caminho de Bidu - 3 quadrinhos - cão caminha feliz, sorridente, num campo de flores; de repente, esbarra numa pedrona - ih, lembra o poema: “No meio do caminho havia uma pedra... Havia uma pedra no meio do caminho...” - nuvem negra sobre a cabeça, 3 estrelas de dor sobre o focinho... tadinho... - MAURÍCIO DE SOUSA.
4---“Um boi vê os homens” --- “Tão delicados (mais que um arbusto) e correm (...) É difícil, depois disto, é ruminarmos nossa verdade.” --- Título, ponto de vista adotado pelo autor --- homem em contraste com o resto da matéria que compõe o mundo e o poeta assume o ponto de vista de um animal --- ruptura com a natureza, em “até sinistros. Coitados, dir se-ia não escutam / nem o canto do ar nem nem os segredos do feno,” --- inconstância da expressão fisionômica humana, em “Toda a expressão deles mora nos olhos - e perde-se / a um simples baixa e de cílios, a uma sombra,” --- imagem geral que o boi forma do ser humano - em gestos-fisionomias-atitudes humanas, algumas características humanas que o boi detecta: delicadeza (fragilidade), pressa, nobreza, gravidade, tristeza, crueldade, pequenez física, impossibilidade, inadaptação, organizações duradouras (circunstâncias), melancolia, instinto predatório --- não havendo atributo essencial, surge a ruptura --- segundo o ponto de vista do boi, é impossível organização em formas calmas (conotação) porque a desarmonia caracteriza a sociedade humana ---no sentido denotativo, ruminar, característica bovina, é remastigar/remoer o alimento que volta do estômago à boca, como material necessário a erva e a água (subsistência do animal) --- no sentido conotativo, pensar, refletir ---denotativamente, o responsável pela integração animal-natureza é o homem que destrói erva e água --- na destruição dessa cadeia, usa como arma sons absurdos e agônicos (ações e palavras humanas) que induzem desejo-amor-ciúme --- a presença do homem perturba o boi --- em “uma graça melancólica”, conotação de um pouco de simpatia do boi pelo homem, qualidade humana efêmera, que dura apenas “(um minuto)” --- contraste boi/homem na metáfora “e como neles há pouca montanha” - montanha simboliza um dos traços físicos do boi que se contrapõe ao pouco volume e a delicadeza da estrutura física do homem --- montanha, antítese reentrâncias.
LEIAM o poema “O boi”, do mesmo autor: “Ó solidão do boi no campo. (...) No campo imenso a torre de petróleo.”
F I M