Amor às Letras

Os poetas não acreditam nas palavras, usam-nas, embora façam amor com elas; eles namoram a escrita, é aí que as chamam e as possuem.

A escrita é uma filha do dizer, todos somos filhos da fala. A fala e o dizer são nossos pais, estão sempre a nascer, por isso nos transcendem em sobrenatural presença.

A escrita é nossa filha, a arte, toda a Arte, é um incesto.

Não podemos, nem devemos, ter medo do dizer. Sem esquecer que ele é nosso pai... Eu sou um mistério até para a minha mãe, minha matéria prima é o Silêncio e a reflexão: na incidência da luz sobre as águas... Este é um acontecimento profícuo, trata-se de uma História de Amor...

Amor às Letras.

Passando estas reflexões do caderno, meus últimos versos, poema:

COSTURANDO

costura

a costureira

vestido para si

vem-me à ideia

e sinto-a aí... assim

olho-a como igual a mim

Francisco Coimbra
Enviado por Francisco Coimbra em 16/10/2005
Reeditado em 17/10/2005
Código do texto: T60099