ANTÍTESE, QUIASMO, PARADOXO E OXIMORO

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Figuras de Linguagem ou de Oposição

 

1. ANTÍTESE (do Grego, antíhesis = anti, contra / thésis, afirmação)

A língua latina, posteriormente, adotou a grafia de antithese, designando oposição, contraste. Antítese é uma figura de pensamento que consiste na aproximação de dois pensamentos de sentido antagônicos, contrários. O contraste pode realizar-se entre palavras, frases ou orações; geralmente ligadas por coordenação:

- Nesta cidade habitam o amor e o ódio.

- Você se preocupa com o passado; eu, com o presente.

- O esforço é grande e o homem é pequeno. (Fernando Pessoa)

- Amigos e inimigos estão, amiúde em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal. (Rui Barbosa)

A antítese, em outras palavras, harmoniza dois conceitos contraditórios numa só expressão, formando assim um terceiro. Este recurso expressivo veio a ter extraordinário desenvolvimento no Barroco; foi apreciado por poetas e prosadores, em particular, por Gregório de Mattos:

- Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, (antítese: nascer / morrer)

- Depois da Luz se segue a noite escura,

- Em tristes sombras morre a formosura, (antítese: feio / belo)

- Em contínuas tristezas a alegria. (...) (A Instabilidade das Cousas do Mundo)

A antítese realça, dá ênfase a dualidade de sentimentos do poeta. Por isso eles a empregam com frequência.

3. PARADOXO (do Grego, parádoksos = estranho, extraordinário)

Paradoxo é a reunião de idéias contraditórias e aparentemente inconciliáveis, num só pensamento, o que nos leva a expressar uma verdade com aparência de mentira. Quando falamos, por exemplo:

- Eles são ricos pobres.

Tanto "rico" quanto "pobre" são adjetivos que se referem ao sujeito [eles]. Os dois adjetivos pertencem a uma mesma unidade da frase, ambos qualificam um mesmo ser. Mas estes dois adjetivos têm sentidos opostos. Estamos a conciliar dois julgamentos distintos: pensamos na riqueza deles porque têm dinheiro, mas simultaneamente na pobreza, por sabermos do vazio de vida que vivem, ou da aridez de alma.

Todo o paradoxo, em última análise, encerra uma antítese, porém uma antítese especial, que em vez de opor, enlaça idéias contrastantes: Antítese: Eu sou velho, você é moço. Paradoxo: Eu sou um velho moço.

O paradoxo revela-nos que a conciliação de contrários é possível e, por vezes, indispensável para se exprimir a verdade. Exemplos de paradoxos modernos: Inocente culpa / lúcida loucura / silêncio eloquente / ditadura democrática / ilustre desconhecido / um silêncio ensurdecedor / um supérfluo essencial / boatos fidedignos / espontaneidade calculada / mentiras sinceras / "É proibido proibir." / "Foi sem querer, querendo."

Quando Camões em célebre soneto sobre as contradições do amor, disse que esse sentimento:

“Amor é fogo que arde sem se ver, / É ferida que dói, e não se sente;

É um contentamento descontente, / É dor que desatina sem doer.”

Criou um dos mais bonitos paradoxos do lirismo português. O contrário do paradoxo é pleonasmo.

4. OXIMORO (do Grego, oksúmoron = agudo, aguçado)

É o paradoxismo, ou seja, o mesmo que o paradoxo, porque, aproxima também, termos ou expressões contrastantes e contraditórios num só pensamento, expressando uma verdade com aparência de mentira: Então, falo melhor quando emudeço...

- Meu amargo prazer, doce tormento!

- Era dor sim, mas uma dor deliciosa.  

O oximoro e o paradoxo são figuras bastante adequadas para manifestar ironia ou sarcasmo:

- Nunca vi uma inteligência tão burra quanto a sua!

- Essa é a sábia ignorância, a que Sócrates tanto se referia.

2. QUIASMO (de Grego, Khiasmós = disposto em cruz)

Que por seu turno, deriva da letra grega [X] qui. O quiasmo é uma espécie de antítese; também conhecido como antimetábole. Consiste no cruzamento de grupos sintáticos paralelos (dois ou quatro vocábulos), de forma que o grupo de vocábulos do primeiro se repete no segundo em ordem inversa (AB x BA):

Melhor é merecê-los [a] sem os ter [b]

Que possuí-los [b] sem os merecer. [a] (Os Lusíadas, c IX, 93)

Com dois elementos:

Desfeito em cinzas,

Em lágrimas desfeito.

O quiasmo também pode ser encontrado na prosa:

“De certos homens, dizia Sócrates, que não comiam para viver, mas só viviam para comer.“ (Pe. Antônio Vieira)

Risos que se umedeciam de lágrimas e lágrimas que se esmaltavam de risos.” (Antônio Patrício) ®Sérgio.

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Ajudaram na elaboração deste texto: Helio Seixas, Ana Cecília - Figuras de Linguagem – Atual Editora e Rocha Lima – Gramática Normativa da Língua Portuguesa – José Olympio Editora, RJ, 1985.

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