VISÃO RÁPIDA DO ROMANTISMO-PARTE III
1---CANÇÃO DO EXÍLIO - Original de GONÇALVES DIAS, 1843, poema sem um único adjetivo - qualificações positivas, exaltação: palmeiras (árvores típicas da ‘minha’ terra), sabiá (pássaro típico da ‘minha’ terra), cantar (manifestação sonora harmoniosa), aves que gorjeiam (manifestação sonora considerada geneticamente).
2---“INSPIRAÇÕES” (paródias) em:
JÔ SOARES - “Canção do exílio às avessas” é estar na Casa Da Dinda, fora de moda na atualidade... sem cair no total esquecimento...
JOSÉ PAULO PAES - “Canção do exílio facilitada --- “Lá? Ah! / Sabiá... Papá... Maná... Sofá... Sinhá... / Cá? Bah!”
MÁRIO QUINTANA - “Minha terra não tem palmeiras... / E em vez de um mero sabiá, / Cantam aves invisíveis / Nas palmeiras que não há. // Minha terra tem relógios, / Cada qual com sua hora / Nos mais diversos instantes... / Mas onde o instante de agora? // Mas onde a palavra “onde”? / Terra ingrata, ingrato filho, / Sob os céus da minha terra / Eu canto a Canção do Exílio.”
MURILO MENDES - qualificações negativas, crítica: o EU lírico sente-se isolado na própria terra, denunciando ausência de nacionalismo, contaminação da pátria por elementos estrangeiros e alienação cultural - macieiras da Califórnia (árvores estrangeiras - estado da “corrida do ouro” e “pomar do mundo”), gaturamos /cores predominantes: verde, amarelo e azuç-anil/ e sanhaços (pássaros venezianos), monismo (uma doutrina filosófica), cantar (manifestação sonora anti-harmoniosa, dada à natureza do pássaro que age sobre esse verbo: sanhaço), aves que gorjeiam (no contexto, significado ampliado: poetas e filósofos) --- “Canção do exílio --- Minha terra tem macieiras da Califórnia / Onde cantam gaturamos de Veneza / Os poetas da minha terra / São pretos que vivem em torres de ametista, / os sargentos do exército são monistas, cubistas, / e os filósofos são polacos vendendo a prestações. // A gente não pode dormir / com os oradores e os pernilongos / Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. // Eu morro sufocado / em terra estrangeira. / Nossas horas são mais bonitas / Nossas frutas mais gostosas / mas custam cem mil réis a dúzia / Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade / a ouvir um sabiá com certidão de idade!”
OSWALD DE ANDRADE - à semelhança de MURILO MENDES, Oswald desmistifica a forma da canção, despojando-a dos recursos típicos do poema, para aproximá-lo da descontração da prosa coloquial. --- Do livro PAU-BRASIL, “Canção de regresso à pátria --- “Minha terra tem palmares / Onde gorjeia o mar / Os passarinhos daqui / Não cantam como os de lá // Minha terra tem mais rosas / E quase que mais amores / Minha terra tem mais ouro / Minha terra tem mais terra // Ouro terra amor e rosas / Eu quero tudo de lá / Não permita Deus que eu morra / Sem que eu volte para lá // Não permita Deus que eu morra / Sem que eu volte para São Paulo / Sem que eu veja a rua 15 / E o progresso de São Paulo.”
RIBEIRO COUTO - “Os moinhos tem palmeiras / onde canta o sabiá. / Não são artes feiticeiras! Por toda parte onde eu vá, / mas em terras estrangeiras, / posso ouvir o sabiá, / posso ver mesmo as palmeiras, / em que ele cantando está. // Meu sabiá das palmeiras, / canta aqui melhor do que lá. / Mas em terras estrangeiras, / e por tristezas de cá, / só à noite e às sextas-feiras, / nada mais simples não há! / Canta modas brasileiras. / Canta e que pena me dá!”
No tema “sabiá”, como retorno, CHICO BUARQUE DE HOLANDA. E voltou!
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LEIAM meus trabalhos “O SABIÁ.........” - Partes I-II-III-Final.
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