Coisas da inspiração
A AVIDEZ PELO INSÍPIDO
Luciana Carrero
Ávida do que é insípido não sou, mas se me provarem que tomar xixi de jacaré rejuvenesce, como diz Cora, a adorável personagem vilã da novela Império, eu faço o sacrifício. Navegar nas asas da utopia é perfeita alienação. Ser o diabo e tomar banho de enxofre, deve ser bem melhor, mas não aqui e sim lá no inferno da mente, onde o masoquismo pode ser felicidade. Eu posso dizer que fui aos infernos, mais do que Dante e, de lá, voltei um pouco diaba, mas só para atiçar os loucos, pois não firo ninguém com garfos. Vão dizer que eu falei aqui o que não tem nada a ver com nada. E daí, o que tem isso? A palavra fertilizada cresce igual a erva brava, também. E, agora, minha risada diabólica: hag hag hag. Abraços, meu querido, amado, adorável e apaixonante escritor que instigou esta manifestação. Não fiquem com ciúme, as madames. Meu amor por ele é de irmã. Amor filial e não matriz.
A inspiração poética exige que nos coloquemos à disposição. Que nos entreguemos ao universo, algo parecido com mediunidade, não no sentido de religião, mas no cósmico, onde habitam todos os segredos. Isto significa que, no mundo, tudo é inspiração, incluindo-se a dos inventores e da tecnologia humana. Os inspirados, que se entregaram como receptores do cósmico, recebem poesia e praxis. Cabe a cada um de nós escolher a qual nos dedicar. Sem esquecer, ainda que poesia é também praxis; e que ciência é também poesia. Quando não deixamos o pensamento fluir na senda da imaginação, nunca iremos ao crescimento da Ciência, nem aos meandros da Poesia. Não é questão de ter ciúmes - e sei que dizes isto num sentido de que desejas um crescimento relativo ou absoluto que todos nós almejamos,- Mas a Poesia e a praxis são plantas necessárias que devemos colher no grande bosque, onde existem todos os remédios. É só darmos o primeiro passo, porque a inspiração é recurso natural renovável e cultivável. Tem para todos e é infinita. Vamos buscar umas plantas no cósmico para plantar no nosso quintal. O grande poeta brasileiro, Manuel de Barros, cultivava poesia no seu quintal, onde nasciam e cresciam fantásticas inspirações. Um dia todos nascemos; e um dia vamos fenecer. O valor do ser humano não é comparativo entre pessoas, mas é computado no resultado final, sobrevivendo na raça. Enquanto uns ficam e outros partem, novas gerações nascem cheias de esperanças e ávidas de inspiração.