Nos Trilhos Da Vida
TEXTO ESCRITO POR LARÍSIA DA SILVA NUNES, 12 ANOS. MINHA IRMÃ.
Era uma madrugada de Terça feira em 1926, Elizabeth Holmes, uma jovem de vinte anos, acordou às três horas bastante disposta, pois finalmente partiria de trem, rumo a sua cidade natal, Londres. A jovem passou a morar em uma humilde residência na França, pois passou toda a sua adolescência em um orfanato que abrigava crianças órfãs, que perderam seus familiares na primeira guerra mundial, e quando completou seus dezoito anos, teve que comprar uma casa própria.
Elizabeth nunca chegou a conhecer seu pai, mas era apaixonada pela leitura por conta dos livros que ele deixou, e por conta disso, seu sonho era se tornar uma grande escritora. Estava trabalhando a um bom tempo em seu primeiro livro, que retratava sua experiência de vida nestes longos anos que havia passado só, juntamente a sua biografia.
Antigamente com seus dez anos, a jovem morava com sua mãe, Elvedra Holmes, que após receber a noticia de que seu marido, pai de Elizabeth, havia falecido em combate na primeira guerra mundial, entrou em uma depressão séria, não conseguia comer, dormir, se levantar, e após algum tempo, não podia mais acordar...
Elizabeth já havia arrumado suas malas, afinal, ia para a casa de sua Tia, a Senhora Damian, era assim que deveria chamá-la, afinal, não era uma boa tia, tinha ódio de sua irmã, mãe de Elizabeth, Por motivos desconhecidos até mesmo pelo seu tio falecido, Alfred David. Mas isto não importava mais! A jovem mal podia esperar para pegar o Trem, rumo as suas lembranças...
Na estação, Elizabeth pegou no bolso de seu vestido sua passagem, mas quando estava falando seus dados para o moço responsável pelas passagens, ele a encarou por algum tempo, e logo em seguida começou a falar:
-Senhorita, o seu nome não esta na lista...
-Como assim? –perguntou Elizabeth, com seus olhos marejando, sentindo um enorme aperto no peito, só de pensar que não poderia prosseguir. -Eu comprei minha passagem semana passada! Falei meu nome, meu destino... Como meu nome não poderia estar ai? Deve haver algum engano!
- Mas não ah senhora! – o guarda responsável falou em um tom firme, isso fez com que uma lagrima corresse lentamente pelo rosto da jovem. – e também os cantos já estão todos ocupados, o trem esta lotado, esta na contagem certa.
-não é possível! –começou a cair mais lagrimas de seu rosto- Mas eu lembro perfeitamente de ter comprado a passagem! Como pode?–só de pensar que não poderia visitar sua cidade e de sua mãe mais uma vez, fazia seu coração apertar cada vez mais. Ela não sabia o que fazer, afinal, o que poderia fazer? Apenas chorar...
-Senhor, na verdade... A moça esta me acompanhando – disse um rapaz alto de cabelos negros, pele branca e olhos castanhos.
-Com licença, mas, qual o seu nome? –perguntou o guarda
-Jack Wilson
-Jack Wilson... Ah! Sim, sim, seu nome esta na lista, perdão senhora, eu não sabia. – Elizabeth não podia acreditar no que verá, parecia que sua sorte havia mudado em um piscar de olhos.
-Vamos sim? –Disse Jack, estendendo a mão para Elizabeth, que logo a segurou, agradecendo logo em seguida o rapaz.
-Obrigada novamente é...?
-Jack, meu nome é Jack Wilson, mas me chame apenas de Jack.
- Oh sim Jack... Bem, obrigada novamente, se não fosse por isso talvez eu nunca fosse rever minha amada cidade. – disse Elizabeth com um sorriso no rosto, já subindo as pequenas escadas que dava origem ao interior do trem, e logo atrás vinha Jack.
- Londres certo? Também estou indo pra lá!
Mas com uma meta... Um pouco diferente- disse Jack com um sorriso bobo no rosto.
-E qual seria sua meta? –Perguntou Elizabeth curiosa, afinal o rapaz transmitia um ar de nervosismo.
-Vou para uma escola militar... Talvez, em um futuro próximo, entremos em uma segunda guerra e... Eu gostaria de defender nosso pais! Assim como meu pai fez, tenho muito orgulho... - disse Jack com um brilho nos olhos.
-Perda de tempo... -disse Elizabeth revirando os olhos, já sentada em uma das poltronas com Jack ao seu lado.
-Como assim perda de tempo? Esta questionando meus sonhos é isso que estou ouvindo? –perguntou Jack um pouco frustrado com a reação da jovem.
-É isso que ouviu ‘’perda de tempo’’, a guerra só traz morte, tristeza, saudades... Você é um suicida?
-Claro que não! Só quero defender meu pais, quero defender o meu orgulho! E não vou ouvir mais besteiras vindas de uma garota desconhecida, e que não sabe os meus motivos! –Jack já estava nervoso, afinal, quem gostaria que seus sonhos fossem reconhecidos como ‘’perda de tempo’’?
- Eu perdi tudo! Meu pai, minha mãe, meus sonhos... – Elizabeth se perdeu um pouco em seus pensamentos, mas continuou em seguida a falar. –A guerra só traz tristeza, dor, perda... Não queria que ninguém se machucasse... Sei que não sou a única que passou por tudo isso, mas... Se houvesse uma maneira de por um fim nisso tudo... Eu o faria.
-Entendo... Sinto muito pelos seus pais e... Desculpe. – um silêncio agonizante se formou até que a jovem decidiu quebrá-lo dizendo:
-esta tudo bem. –ela sorriu- desculpe é que... Eu nunca gostei muito da idéia sabe... –disse já desmanchando o sorriso.
-Tudo bem, mas, Anime-se! –Jack balançou a jovem delicadamente. – são três dias de viagem, e com certeza comigo aqui serão os mais divertidos de sua vida! – disse Jack tentando animá-la.
-Certo – A jovem riu. –então é... Jack... Fale-me um pouco sobre esses ‘’seus motivos’’.
Jack começou a falar, e falar, seus motivos para estar tão empolgado para defender seus pais, sobre sua mãe, seu pai que morreu em combate, seus dois irmãos falecidos, e um pouco sobre si mesmo, Elizabeth ouvia atenta a cada palavra que saia da boca de Jack, até começar a escurecer, e os dois pegarem no sono... Elizabeth sentiu que após conhecer aquele rapaz que a ajudara a pegar o trem, os trilhos de sua vida começariam a se formar pouco a pouco... Elizabeth acordou no meio da noite, quase congelando de frio. Ela retirou seu lençol da bagagem para se enrolar, pois estava um clima chuvoso, e percebeu que seu novo amigo estava tremendo... ‘’será que devo enrolá-lo? Talvez ele acorde... ’’ esta duvida rodava na cabeça de Elizabeth, que logo tomou a iniciativa de dividir seu fino lençol com o amigo, e timidamente colocou sua cabeça em seu ombro, podia sentir a respiração fria do rapaz, e logo em seguida pegou no sono...
Três dias de conversas, risadas, e claro, muito frio se passaram e finalmente, Londres! , Elizabeth estava super feliz por ter conseguido chegar ao seu destino juntamente ao seu novo amigo. Entre os seus dezoito e dezenove anos, trabalhou duro em uma cafeteria perto de sua casa para bancar esta viagem, e hoje adivinha só? Realizou seu sonho. Jack e Elizabeth iriam tomar rumos diferentes de suas vidas, mas seria muito triste deixar passar a limpo uma amizade dessas. Então ela disse:
-por onde você ira morar?
-perto daquelas estações. – ele apontou. – e você? Onde pretende morar?
-Vou para a casa de minha tia, a Senhora Damian. –Quando a jovem falou ‘’senhora’’ Jack a olhou estranho, e logo perguntou:
-Pra que chamar sua tia de senhora? Pra que todo esse respeito?
-simples... -a jovem começou a se explicar-se. – Como eu havia juntado dinheiro apenas para a viagem e não tinha para onde ir, mandei uma carta para minha tia, perguntando se eu poderia morar em seu apartamento enquanto estou aqui...
-Sim, mas o que é que tem?
-Ela só me permitiu morar com ela, através da condição de que eu fosse sua empregada domestica... Ela é meio rude, mas não tinha escolha, e não pude negar...
- entendo... -disse Jack surpreso com a história, estas palavras saíram tão naturalmente da boca da jovem... “ela estava feliz”? Ele se perguntava.
-Bom... Tenho que ir, nos vemos por ai. –disse Elizabeth se despedindo do rapaz.
-Nos vemos por ai... - disse Jack beijando a mão da jovem sem cerimônia, e notou que ela tinha ficado um pouco surpresa com uma atitude tão cavalheira.
-Até... - disse esta ultima palavra até se retirar do local, e ir para o endereço onde morava sua tia... ‘’ O que o futuro me reserva?’’ se perguntava.
Eram três da tarde, Elizabeth estava procurando um apartamento de cor marrom, com uma entradinha Bege com um portãozinho de madeira. Depois de vinte minutos de caminhada ela finalmente achou a casa de sua tia. Elizabeth estava nervosa, sabia que sua tia era um pouco rude, mas... Será que ela era tão ruim assim? Não se lembrava mais. Mas todas as suas lembranças com sua tia voltaram a tona, quando foi ‘’recebida’’ de uma forma nada gratificante:
-Hora... Vejo que chegou atrasada... o que pensa que estava fazendo? –perguntou Senhora Damian, em um tom que não podia nem ser considerado arrogante por Elizabeth.
-Desculpe tia.
- É Senhora Damian para você mocinha! Você não esta a altura de me chamar de tia sua tola!–Senhora Damian deu um tapa forte no rosto de Elizabeth, deixando a marca de seus cinco dedos, após ela tomar esta ação, murmurou algo baixo o suficiente para que Elizabeth não entendesse. Então se afastou da porta de entrada, fazendo um sinal para que a jovem moça entrasse.
Elizabeth estava preocupada, seus olhos estavam marejando, em qualquer segundo ela poderia desabar. E se ela fosse ser tratada assim todos os dias? Pobre moça. Elizabeth levou suas malas ao seu quarto, arrumou sua cama, trocou de roupa e dormiu por um tempo, acordando as seis e catorze com um grito de sua ‘’adorável’’ tia a chamando:
- o que pensa que esta fazendo dormindo até essa hora? A casa não vai se arrumar sozinha sua inútil! –berrava sua tia, que por sua vez, batia na porta com força, ‘’e por acaso eu tenho cara de empregada?’’ se perguntava Elizabeth, e logo em seguida a respondeu:
-Já estou indo, um momento, por favor... -disse Elizabeth cabisbaixa, mas procurando fazer tudo o mais rápido possível.
Não muito longe dali, Jack, passava pelas ruas, o rapaz finalmente tinha realizado seu sonho, em pouco tempo, entrou em uma escola militar, e estava apenas dando um passeio a noite, como de costume, para se acalmar. Quando Jack estava passando por uma casa marrom, escutou gritos de uma mulher, parecia que estava importunando uma empregada, Jack resolveu ignorar a situação, mas seus pensamentos se voltaram a moça com quem havia viajado... ’’será que ela esta bem? Será que ela ira ficar bem com essa sua tia? E se realmente sua tia for tão rude quanto me dissera?’’ perguntava-se Jack, já voltando para a casa que havia comprado.
Elizabeth passou a noite arrumando o apartamento de sua tia, e quando acabou, atirou-se no sofá que tinha acabado de limpar, estava exausta, e tudo o que mais queria era dormir ali mesmo. Amanheceu, e a tia de Elizabeth a chamou, e pediu para que comprasse o almoço, entregou-lhe uma enorme lista, e logo a jovem tratou de se troca, afinal, sua tia não era nada paciente, não permitia demoras.
Elizabeth mais uma vez teria que encontrar algum de tipo de endereço, que no caso era o do mercado, a jovem estava exausta, trabalhou muito, e dormiu pouco, sua tia lhe paga uma pequena quantidade de dinheiro, mas o suficiente que com, daqui a cinco anos, a jovem teria o bastante para comprar uma casa própria, e isto com certeza seria um grande começo.
Elizabeth estava a caminho do mercado, quando avistou Jack, que no qual estava sentando na ponta de uma calçada, parecia esta perdido em seus pensamentos. Ah jovem se aproximou lentamente e o cutucou, Jack parecia assustado quando viu Elizabeth, a jovem não esperava essa reação, então começou a rir da expressão que Jack fizera:
-Não tem graça, você quase me matou. –disse Jack colocando a mão em seu peito, sentindo seu coração palpitar, a qualquer momento ele poderia saltar pela sua boca.
-Claro que tem! –a jovem ainda ria. – desculpe, eu vou parar... –falou isso após perceber a expressão de Jack, ele estava sério.
-O que foi isso em seu rosto? – Jack se levantou, e colocou sua mão sobre a bochecha da jovem, pois estava vermelha e marcada, por conta do ocorrido com sua tia.
-Não foi nada de mais... – a jovem desviou o olhar. – não foi nada...
-Se não fosse eu não estaria preocupado! – a jovem se espantou. –foi... Sua tia não?
-Não...
-Foi sua tia não? Pare de mentir! Ai minha nossa, venha comigo! –Jack começou a puxá-la.
-Mas tenho que comprar suprimentos para ela, não posso me atrasar! –a jovem estava preocupada, mas Jack parecia não ligar.
-Não me importo! Sua saúde é mais importante do que simples alimentos. – Elizabeth se espantou com a atitude de Jack, ‘’será que ele realmente estava preocupado?’’, se perguntava.
Jack a levou ah uma pequena casa perto das estações, a jovem estranhou um pouco, pois era apertada e velha, Jack a sentou na em uma cadeira e começou a prepara alguns curativos para por em seu rosto. Então Elizabeth resolveu falar:
-Não precisava...
-Oh, por favor, claro que precisava... Você realmente não tem para onde ir?
-Não posso... Minha tia me paga uma quantia de dinheiro que com daqui a quatro anos poderei comprar uma casa própria...
-entendo, mas, o que é este livro com você? – Jack apontou para o livro que a moça estava carregando, ele também o tinha visto com ela desde a primeira vez que se encontraram.
-Ah isso? É apenas um livro que estou escrevendo.
-Que incrível! E já esta pronto?
-estou quase, faltam só algumas paginas, e finalmente poderei publicá-lo. –disse a jovem empolgada, ate se dar conta do tempo que havia perdido conversando com o rapaz. –desculpe Jack, tenho de ir, se não minha tia ira brigar. Levantou-se e foi embora, deixando o rapaz sem lhe dizer uma palavra.
No caminho comprou rapidamente o que sua tia havia pedido, então voltou para o apartamento rapidamente, e um gelo correu pela sua espinha quando viu sua tia sentada na perto da pequena portinha, estava esperando-a...
-Mas que demora foi essa Elizabeth?! –estava nervosa, e em seguida deu alguns tapas na jovem.
- desculpe tia, eu me perdi.
-Mentira! – lhe deu outro tapa. – pare de mentir para mim sua ingrata! E o que é isso ai com você? –apontou para seu livro.
-Meu livro tia, quer dizer, Senhora Damian!
-Me dê isso aqui! –Sua tia tomou o livro de suas mãos de uma forma brusca e violenta, chegando até machucar um pouco a mão da jovem, mas naquele momento, o que mais se machucou foi seu coração. Sua tia havia rasgado seu livro ao meio, depois começou a pisar nas paginas espalhadas pelo chão. A jovem estava desesperada com aquela ação:
-O que você fez? –Elizabeth gritava. – você estragou tudo! Trabalhei minha vida toda neste livro! –Elizabeth se desmanchava em lagrimas, e sua tia apenas a olhava seria.
-Sua mãe tirou tudo de mim, apenas para criar uma verme como você! Não terei piedade enquanto você estiver sobre meu teto! –desta vez sua tia a empurrou para dentro de casa, e a mandou entrar em seu quarto.
Elizabeth chorava e chorava... Dedicou-se tanto tempo ao livro para nada? Sim... Para nada. A jovem chorava alto, e claro, ouvia reclamações de sua tia para que ela se calasse, mas fingiu não ouvir, afinal, tinha trancado a porta.
No meio da noite Elizabeth lembrou-se de seu amigo, Jack, será que ela podia contar com ele para falar de seus problemas? ‘’Ah não importa!’’ pensava a moça. Com um longo lenço que sua tinha havia lhe dado, Elizabeth a usou como uma corda, e amarrou uma ponta em uma cômoda que estava próxima a janela, e a outra, apenas jogou. Elizabeth descia silenciosamente pela janela, e quando chegou ao chão, Fez o mínimo barulho possível, abriu o portão, e mesmo estando descalça, correu em direção à pequena casa de Jack, ela havia decorado o caminho, ainda bem...
Após chegar à casa do rapaz, bateu em sua porta fortemente, parecia que a qualquer momento a porta poderia desabar. No fundo, Elizabeth ouviu uma voz rouca resmungando um ‘’já vai’’, a jovem estava nervosa, estaria sendo incomoda?
Quando Jack abriu a porta, se surpreendeu, não esperava ver Elizabeth ali, parada, descalça e... Chorando... Por mais que se conhecessem há pouco tempo, Elizabeth sentia que podia confiar em Jack, e alem do mais, não tinha ninguém para desabafar... Em um piscar de olhos, Elizabeth abraçou o rapaz chorando, ele a puxou delicadamente para dentro, e começou a preparar algo para que ela bebesse, até se acalmar... Depois Elizabeth em seguida recuperou seu fôlego, e começou a explicar-se:
-Minha tia... Como pode ser tão cruel? –começou a chorar novamente. – ela estragou tudo! Meu livro ela... O destruiu, sem do nem piedade... Como pode existir alguém assim?
Jack apenas ouvia a moça atentamente, até que ela pegasse no sono, ele a pôs em sua humilde cama, então se dirigiu ao sofá. Jack havia tido uma grande idéia, mas teria que esperar a jovem acordar, pois não queria deixá-la mais abalada, nervosa, e indecisa, mas do já estava.
Quando a moça acordou, estava com os olhos inchados, pois havia chorado bastante na noite anterior, viu Jack em sua pequena cozinha, parecia estar preparando algo bastante gostoso, até que o rapaz notou que Elizabeth Havia acordado, então lhe disse:
-Bom dia Elizabeth! Estou preparando umas panquecas, vai querer?
-Bom dia Jack, e sim, vou querer panquecas... Olha, pode me chamar de Liza se quiser?!
-Certo então, ‘’senhorita’’ Liza, vai querer panquecas? –brincou Jack.
-hahaha certamente senhor Jack, gostaria de suas adoráveis panquecas. –Elizabeth entrou na brincadeira.
Os dois tomaram seu café da manhã, neste curto período houve muitas brincadeiras, e sempre quem as puxava era Jack, Elizabeth, ou melhor, Liza, estava realmente feliz, era como se a presença de Jack, fizesse com que seus problemas sumissem, ele realmente era uma boa pessoa. Até que, Jack ficou sério repentinamente, então começou a falar de um modo meio pensativo para Liza:
-Você tem certeza de que deseja voltar para a casa de sua tia?
-Não tenho escolha Jack. –disse Liza, abaixando a cabeça lentamente.
-Desculpe se pareci meio intrometido, mas, eu realmente... Preocupo-me com você... Afinal, nunca tive alguém que pudesse falar tão abertamente em toda minha vida.
-Não seja modesto...
Um silêncio se formou, e várias idéias vieram à cabeça de Jack, até que ele falou:
-Por que você não mora aqui comigo? Somos amigos não? Você confia em mim, não?
-Claro que sim! Somos amigos, mas... A minha tia me paga uma boa quantia, eu já lhe disse antes...
-Eu sei... -Jack passou a mãe pelos cabelos, e pensou por um tempo. - Eu posso trabalhar, no meu tempo livre! Eu posso arranjar um emprego, posso me sustentar e lhe dar uma grande quantia, assim, você não precisara mais sofrer nas mãos de sua tia! –Liza o encarava, sabia que aquele era um assunto a ser pensado... O que preferiria? Passar mais quatro anos sob o teto de uma tia que não lhe dava valor, mas que lhe paga uma boa porção de dinheiro ou... Passar quatro anos felizes, com um amigo com quem possa confiar desabafar, e se sentir bem?... Era obvia a escolha que Liza tinha que tomar não?
-Obrigada! –Liza abraçou Jack, e uma, duas, três e mais lagrimas caíram de seu rosto, mas não eram lagrimas de duvida e de arrependimento, e sim, lagrimas de alegria.
Quando a tia de Elizabeth, Senhora Damian, soube da notícia de que sua ‘’sobrinha amada’’ iria sair de sua residência, fez questão de que fosse breve ao arrumar suas malas. Mas Elizabeth não se abalou, afinal, por mais que sua tia fosse uma má pessoa, Liza não guardava rancor, então, assim que passou pela porta da casa de sua tia, a olhou por um tempo, pois queria guardar sua imagem na memória, usaria isso em seu novo livro, então sorriu e disse:
-‘’Eu a Perdoou... ’’-Após Liza dizer estas palavras a sua tia, a Senhora abriu bem seus olhos, não tinha certeza se realmente havia ouvido bem aquelas palavras saírem da boca da jovem. Então após isso, apenas arrebitou o queixo, e se dirigiu a porta, e a fechou, sem nem sequer dizer-lhe uma palavra. Elizabeth pensou ter visto sua tia hesitar em fechar a porta por um momento, mas talvez tenha sido apenas sua imaginação...
Após este ocorrido, Elizabeth abraçou Jack, segurou a mão do amigo e disse ‘’Vamos?’’ e finalmente, mais um trilho de sua nova vida, foi posto a sua frente.
Jack Wilson arranjou um emprego, era sapateiro, toda a tarde, assim que voltava de seu treinamento militar, corria para o trabalho, e Elizabeth cuidava da casa, almoço, e claro... Registrava cada experiência nova em seu livro. Meus caros leitores, vocês devem estar se perguntando... Então eles acabarão juntos? Este então foi o clássico, e clichê final feliz? Não... Afinal, eram apenas amigos unindo as forças para construir pouco a pouco os trilhos de suas vidas... Por mais que Elizabeth, ao longo dos anos, sentisse algo mais forte por Jack não encontrava forças para se declarar... Ele ah fazia se sentir bem, calma, à vontade, relaxada... Ele era o seu próprio remédio para o estresse, que aos tempos, nem sabia mais o significado desta palavra.
Como esperado, quatro anos se passaram, Elizabeth já estava com vinte e quatro anos, Jack estava com vinte e sete. Finalmente Elizabeth havia conseguido juntar o dinheiro necessário para comprar uma casa própria, e começar uma vida longe de Jack... A jovem não se sentia bem a vontade em deixar a casa do amigo, passaram estes últimos anos juntos e felizes, para Elizabeth, estavam mais felizes do que um casal. Então Elizabeth se decidiu! ‘’Iria se confessar a ele, por mais que não seja correspondida, irei falar!’’ pensava a jovem.
Elizabeth foi correndo em direção a Jack, que estava sentado na calçada de sua casa, seus pensamentos pareciam meio distantes, sua cara não estava tão agradável, Jack sempre foi um rapaz alegre e sorridente. Então, silenciosamente, Elizabeth sentou-se ao lado de Jack, e resolveu perguntar:
-Jack... Algum problema?
-Ah, Liza?! Oi é... Não é nada de mais... –os olhos de Jack marejavam.
-Por favor... Sabe que pode contar comigo não? –disse Elizabeth pondo sua mão no ombro do rapaz.
-Sim eu sei... é que... Mas que droga!
-Calma Jack! Diga-me, por favor...
Jack se silenciou por um tempo, estava tentando procurar as melhores palavras para contar a Liza o que lhe havia acontecido, mas, não podia lhe enrolar muito, então resolveu ser o mais direto possível:
-Irei para a guerra Liza... - Jack já esperava que a reação de Liza fosse de surpresa, afinal, se em quatro anos nunca receberão esta noticia, por que agora?
-Eu... Não acredito... -Lagrimas começaram a correr pelo rosto de Liza. – Pare de brincar Jack! Não é engraçado, por favor, pare com isso...
-Mas Liza! Estou lhe dizendo a verdade... Eu irei para a guerra...
-Jack Wilson, por favor! Pare com esta brincadeira estúpida! Você passou dos limites! –dizia Liza já chorando.
-Elizabeth! –Jack nunca mais havia chamado Liza pelo seu verdadeiro nome, a jovem ficou paralisada, ele realmente estava falando sério? –Estou indo para a guerra Elizabeth... Daqui a um mês estarei embarcando a caminho do campo de batalha...
-Não pode ser... –Elizabeth já se desmanchava em lagrimas. – eu sempre soube que este dia ia chegar... Mas, nunca imaginei quando seria... Tinha que ser agora Jack? Por que Jack? Por favor... Por favor, não vá, não me deixa...
-Elizabeth... Sei que esta não foi à decisão mais sabia que já tomei... Mas alem do país, estarei defendendo meu orgulho, as pessoas desta cidade, e principalmente, estarei protegendo você Elizabeth! Eu te amo muito... Não quero nem imaginar o que eu faria se perdêssemos a guerra e machucassem você... Por favor, me deixe ir... Prometo voltar, e quando eu voltar, irei dizer ‘’Venci por você Elizabeth’’... –Jack já chorava, não queria partir, mas era necessário...
Elizabeth abraçou Jack fortemente, chorando em seu abraço caloroso, até retomar o fôlego, sorrir para Jack, e dizer:
-Estarei esperando Jack... Estarei esperando...
-Obrigado... Eu te amo Liza...
-Também o amo Jack...
Um mês se passou, Elizabeth estava acompanhando Jack até a estação de trem... Por mais que a jovem estivesse confiando nas palavras de Jack, ainda sim se preocupada... Não queria perder o seu amado. Jack estava falando seus dados para o moço responsável pelas passagens, e quando acabou de lhe dizer, virou-se para Elizabeth e disse:
-Então... Estou indo...
-É... Foi bom em quanto durou... Sentirei sua falta...
-Também sentirei a sua... Mas não se preocupe! Irei lhe escrever!
-Estarei aguardando...
Os dois se abraçaram, e se emocionaram no meio do abraço amoroso, Jack sorrio para Liza, e beijo sua testa, Liza limpou as lagrimas de Jack e disse ‘’Vá... Ganhe esta guerra por mim... “Estarei a sua espera...” Jack subiu no trem colocou seu corpo para fora, e acenou para Elizabeth. Quando o trem começou a partir lentamente, Jack não se conteve, e gritou:
-Elizabeth! Sentirei saudades, eu... Eu te amo!
No mesmo instante Elizabeth vinha correndo em direção a janela onde Jack se encontrava, e selou seus lábio em um beijo de despedida:
-Eu também o amo Jack, sentirei muito sua falta! –dizia Elizabeth abraçando o rapaz de pontas de pé, para poder alcançá-lo de onde estava. Então o trem começou a andar mais rápido, e Jack, seguiu pelos trilhos de seus sonhos. Ambos acenaram um para o outro, até que a distancia não permitisse que se vissem mais...
Todos os anos, Jack escrevia para Liza, falava de como foram suas ‘’aventuras’’ sobre seus leves machucados, e quando podia lhe mandava fotos de si mesmo em combate:
Isso fazia o coração de Elizabeth palpitar, e isto a incentivava a cada dia torcer pelo amado, e sempre que podia, respondia suas cartas com muito amor: ‘’estou com saudades, fique bem meu amado, eu confio em você... ’’
Passaram-se treze anos, a guerra ainda não havia acabado. Elizabeth estava muito preocupada, pois sabia que seus rivais eram fortes, mas não duvidava da força de Jack. Elizabeth já estava com trinta e três anos, mas Jack nunca parava de escrever para a moça, nem Elizabeth de respondê-lo, por mais que a distancia entre os dois fosse grande, seu amor era maior ainda, e os trilhos de suas vidas ainda estavam longe do fim...
No ano de 1945, Elizabeth havia passado dois meses sem receber cartas de seu amado, a jovem que agora se declarava mulher estava com trinta e nove anos. Jack havia se esquecido de sua amada? ‘’Claro que não!’’ Pensava Elizabeth. Os dias foram passando, e a guerra teve um fim, Elizabeth estava feliz, seu amado finalmente havia conquistado o que tanto sonhava, defendeu o país, seu orgulho, os cidadãos, e principalmente, defendeu sua amada Elizabeth.
Mas a jovem ainda não tinha recebido cartas do rapaz... ‘’Será que ele esta embarcando de volta para casa?’’ se perguntava a jovem, mas os dias iam se passando, e nem sinal de Jack, até que o carteiro bate em sua casa lhe dizendo:
-Boa tarde e... Desculpe senhora, esta carta deveria ter sido entregue à senhora há alguns meses atrás, mas a fabrica teve alguns problemas com os endereços, então ‘’entrega especial para Elizabeth de Senhor Jack!’’
Quando o carteiro disse estas palavras, Elizabeth abriu um sorriso enorme no rosto, e retirou a carta da mão do rapaz rapidamente agradecendo-o várias e várias vezes, e logo em seguida entrou em casa, sentou-se em sua poltrona para ler a carta, ainda com seu sorriso no rosto, finalmente algum sinal de vida de seu amado Jack... ‘’Finalmente estava voltando para casa!’’ pensava Elizabeth, ainda sorridente e esperançosa...
Mas seu sorriso foi se desmanchando lentamente após ler o conteúdo da carta, que dizia assim:
‘’Cara Elizabeth, esta carta que estou lhe escrevendo, é a mais especial e importante de todas, então, guarde-a com carinho, pois será a ultima... Minhas condições não me favorecem, recebi um tiro no peito, mas não ah ninguém para me tratar... Sei que neste momento sua reação pode não ser a das melhores, mas quero que saiba que eu ganhei a guerra... ‘’Nós’’ ganhamos a guerra... Fiz tudo o que pode para conquistar sua segurança, afinal, eu realizei meu sonho... Defendi alguém que eu mais amava neste mundo.
Lembra da primeira vez que nos conhecemos? Você disse que esta história de ganhar a guerra era ‘’perda de tempo’’... Você podia estar até certa, mas até então... De todos estes anos, esta foi a maior prova de amor que lhe propus! Pode apostar...
Não queria parecer muito melancólico nesta nossa ultima carta, mas, em cada palavra que estou lhe escrevendo, saio do fundo do meu coração... Quero que saiba, que minha ultimas palavras foram: ‘’Eu lutei por quem mais amava neste mundo, e não me arrependo de nada que tenha feito por ela... ’’ Elizabeth, se eu estivesse em condições de vida, eu iria pedi-la em casamento... Iria lhe tornar a mulher mais feliz do mundo, com todas as minhas forças!
Eu lhe garanto. Mas não posso... Eu tentei, mas não posso...
É, parece que os trilhos das nossas vidas finalmente se ligaram... Mas mesmo que eu não esteja ai neste momento para lhe abraçar, e passar todos os dias de sua vida com você... Quero que saiba, que dez do dia em que te conheci, minha vida passou de mal a melhor... Posso morrer nesta guerra agora mesmo! Mas vou morrer sabendo, que sempre havia alguém torcendo por mim... Sabe... Eu não pude cumprir minha promessa... Não pode estar ai com você, mas irei deixar com você um presente que no qual eu havia guardado, para quando nos víssemos novamente... Eu te amo Elizabeth... Lembre de mim com carinho, e sempre que você estiver triste, lembre dos nossos momentos felizes juntos! Eu sempre estarei no seu coração lhe dando forças para você nunca abaixar a cabeça... ’’ ‘’PS: Seja feliz... ’’
‘’Com amor: Jack Wilson. ’’
Ao lado da carta havia uma pequena caixa. Quando Elizabeth abriu, deu um pequeno mais significativo sorriso, seguido por lagrimas... Jack podia não ter cumprido sua promessa de voltar... Mas se comprometeu em cumprir uma mais valiosa ainda...