De: Silvino Potêncio > Ser Escritor!
O Escritor Machado de Assis, um dos grandes artífices da Língua Portuguesa, ele nos dizia através da sua bem elaborada prosa que, às vezes, o Escritor é bem sucedido na sua verve mas os seus Livros não atingem o conhecimento geral e, como tal, não são rentáveis do ponto de vista comercial. São muitos os anônimos que escrevem apenas pelo prazer de escrever, pela vontade unipessoal de deixar os pensamentos registrados ao longo da sua existência como, modestamente, é o meu caso pessoal.
Segundo a opinião dele, e de outros Escritores na sua essência mais honesta, sómente o talento para escrever não é suficiente para criar uma obra prima!, sequer tão pouco chega para se escrever um qualquer “best seller” (passe embora o estrangeirismo corriqueiro que hoje se escuta por todo o lado) muito menos ainda um escrito com qualquer sucesso na literatura Portuguesa.
Assim, ele recomendava e eu aprendi isso já há muitos anos – em literatura procuremos ler os clássicos; quer sejam eles poetas, escritores, filósofos e tantos outros pensadores do género humano, verdadeiros formadores da opinião pública generalizada como autêntica, pois eles nos deixaram lá toda a sua experiência e inspiração vividas a seu tempo.
A técnica adoptada por qualquer um, é apenas técnica e, sem talento, ela resulta apenas numa carpintaria de letras onde o talento pode falhar por indisciplina, mas é consertado por uma frase de efeito, um verso de inspiração superior e transportado para o papel numa ruma ordenada por milhares de arrazoadas e avalizadas palavras, umas mais conhecidas, outras nem tanto, em ritmo musical aos ouvidos, logo... para serem lidas e memorizadas, elas precisam tão só de uma fonia simples mas sincronizada, uma sintaxe concatenada com um raciocinio e um pensamento de momento que caia no gosto da generalidade mais popular.
Quando me perguntam o que é ser “escritor” eu respondo com uma espécie de menemônica onde afirmo amiúde e até repetidamente para comigo mesmo; não é escritor quem quer, e muitos o são sem querer!
A definição em si do termo “escritor” como função e/ou profissão é algo meio indefenido porque a princípio trata-se de uma actividade secreta.
Todo mundo escreve e não precisa ser escritor.
O Escritor quando se predispôe a realmente sê-lo, ele se comporta como um autêntico franco-atirador; primeiro ele estuda o ambiente em redor, onde ele imagina o lugar aonde se vai desenrolar a ação daquilo que lhe vai na Alma e no seu espírito criador.
Depois ele instala-se e prepara as armas ainda não utilizadas para atingir os alvos que vão surgindo ao longo da tal inspiração.
Todo o livro começa com uma página em branco!...
Ali começa um campo totalmente desconhecido, seja uma folha de papel ou seja o monitor de um computador e, como diriam os Chineses na sua milenar sabedoria; “toda a viagem de milhares de quilômetros, ela começa com um simples pequeno passo atrás do outro”!... Da mesma forma na escrita, a primeira folha em branco, de um livro por bem grande que seja no seu vértice final ela começa sempre com uma simples letra de qualquer alfabeto decifrável e termina num ponto final...
Por vezes, finda a escrita em enigmáticas reticências que indicam que tal pensamento ou episódio terá ainda alguma continuação!... ou seja ainda não acabou em definitivo.
A eternidade de cada texto é a sequente futura ação do escritor que abriu o cenário com apenas uma letra.
E isto em suma é a inspiração quem nos dá tal autoridade para ser ou não ser escritor?!... em resumo “ipsis verbis”; é o leitor que tem a palavra final.
Para ser escritor é e sempre será necessário primeiro ser leitor. A qualidade final da obra depende da quantidade de conhecimento adquirido como leitor e não apenas a inspiração, ou o talento!
Na prática, a necessidade de escrever é sempre um segredo porque é algo que se revela de forma progressiva à medida que se abre o baú de cada um dos nossos pensamentos.
Autor: Silvino Potêncio
Emigrante Transmontano em Natal/Brasil
O Escritor Machado de Assis, um dos grandes artífices da Língua Portuguesa, ele nos dizia através da sua bem elaborada prosa que, às vezes, o Escritor é bem sucedido na sua verve mas os seus Livros não atingem o conhecimento geral e, como tal, não são rentáveis do ponto de vista comercial. São muitos os anônimos que escrevem apenas pelo prazer de escrever, pela vontade unipessoal de deixar os pensamentos registrados ao longo da sua existência como, modestamente, é o meu caso pessoal.
Segundo a opinião dele, e de outros Escritores na sua essência mais honesta, sómente o talento para escrever não é suficiente para criar uma obra prima!, sequer tão pouco chega para se escrever um qualquer “best seller” (passe embora o estrangeirismo corriqueiro que hoje se escuta por todo o lado) muito menos ainda um escrito com qualquer sucesso na literatura Portuguesa.
Assim, ele recomendava e eu aprendi isso já há muitos anos – em literatura procuremos ler os clássicos; quer sejam eles poetas, escritores, filósofos e tantos outros pensadores do género humano, verdadeiros formadores da opinião pública generalizada como autêntica, pois eles nos deixaram lá toda a sua experiência e inspiração vividas a seu tempo.
A técnica adoptada por qualquer um, é apenas técnica e, sem talento, ela resulta apenas numa carpintaria de letras onde o talento pode falhar por indisciplina, mas é consertado por uma frase de efeito, um verso de inspiração superior e transportado para o papel numa ruma ordenada por milhares de arrazoadas e avalizadas palavras, umas mais conhecidas, outras nem tanto, em ritmo musical aos ouvidos, logo... para serem lidas e memorizadas, elas precisam tão só de uma fonia simples mas sincronizada, uma sintaxe concatenada com um raciocinio e um pensamento de momento que caia no gosto da generalidade mais popular.
Quando me perguntam o que é ser “escritor” eu respondo com uma espécie de menemônica onde afirmo amiúde e até repetidamente para comigo mesmo; não é escritor quem quer, e muitos o são sem querer!
A definição em si do termo “escritor” como função e/ou profissão é algo meio indefenido porque a princípio trata-se de uma actividade secreta.
Todo mundo escreve e não precisa ser escritor.
O Escritor quando se predispôe a realmente sê-lo, ele se comporta como um autêntico franco-atirador; primeiro ele estuda o ambiente em redor, onde ele imagina o lugar aonde se vai desenrolar a ação daquilo que lhe vai na Alma e no seu espírito criador.
Depois ele instala-se e prepara as armas ainda não utilizadas para atingir os alvos que vão surgindo ao longo da tal inspiração.
Todo o livro começa com uma página em branco!...
Ali começa um campo totalmente desconhecido, seja uma folha de papel ou seja o monitor de um computador e, como diriam os Chineses na sua milenar sabedoria; “toda a viagem de milhares de quilômetros, ela começa com um simples pequeno passo atrás do outro”!... Da mesma forma na escrita, a primeira folha em branco, de um livro por bem grande que seja no seu vértice final ela começa sempre com uma simples letra de qualquer alfabeto decifrável e termina num ponto final...
Por vezes, finda a escrita em enigmáticas reticências que indicam que tal pensamento ou episódio terá ainda alguma continuação!... ou seja ainda não acabou em definitivo.
A eternidade de cada texto é a sequente futura ação do escritor que abriu o cenário com apenas uma letra.
E isto em suma é a inspiração quem nos dá tal autoridade para ser ou não ser escritor?!... em resumo “ipsis verbis”; é o leitor que tem a palavra final.
Para ser escritor é e sempre será necessário primeiro ser leitor. A qualidade final da obra depende da quantidade de conhecimento adquirido como leitor e não apenas a inspiração, ou o talento!
Na prática, a necessidade de escrever é sempre um segredo porque é algo que se revela de forma progressiva à medida que se abre o baú de cada um dos nossos pensamentos.
Autor: Silvino Potêncio
Emigrante Transmontano em Natal/Brasil