Análise literária O Urso de Willian Harrison Faulkner
Características do Autor
Willian Harrison Faulkner foi um dos principais escritores norte-americano do século XX (New Albany, Mississippi, 1897 Oxford 1962).
Tornou-se conhecido por seus romances sobre o condado mítico de Yoknapatawpha e Jefferson sua capital. Faulkner usou como modelo, para criá-lo, a área circunvizinha da cidade onde vivia, Oxford, no Mississippi. A geografia, a história, a economia, bem como a vida social e moral desse condado foram analisados por ele.
Descreveu, igualmente, a decadência de suas famílias aristocráticas e sua incapacidade de ajustar-se a vida moderna.
Em 1949, Faulkner recebeu o prêmio Nobel de Literatura. Em 1955 recebeu vários prêmios por suas obras.
A obra de Faulkner caracteriza-se por um notável conjunto de técnica, tema e tom.
Faulkner se mostrou especialmente hábil na criação de personagens que reagiam diferentemente em relação à mesma pessoa e situação. Usava dessa técnica para que seus leitores reconhecessem a dificuldade de se fazer julgamentos verdadeiros.
William Faulkner, como Tolstoi, Cervantes, Dickens, é daqueles cujas riquezas não podem esgotar.
RESENHA
A obra O Urso é uma guerra agressiva sem motivos. Faulkner quer mostrar a sociedade norte-americana e sua total falta de valores. O urso demonstra a força e a paciência. A história apresenta heroísmos inúteis de cães e caçadores, as covardias, as ambições calculadas, as paixões primárias, a estupidez humana, o medo, a generosidade, a fadiga, o jogo. Sobrevalora Europa,põe-no nos mas altos níveis ,como um orgulho como um modelo a seguir.
Reflete de que somos nós mesmo os humanos que nos destruímos uns aos outros.
A ênfase está no menino que amadurece antes do tempo.
A falta de respeito em relação aos escravos, aos animais e a natureza.
O significado do "Urso" é que é uma personifação da busca de compreender o significado do Tempo na existência humana e a enfoca as agressões por parte de nós mesmos "os animais racionais".
RESUMO DO LIVRO
O menino cresceu escutando as estórias mais estupendas que falavam das grandes florestas. Do homem branco pretensioso que acreditava ter comprado um pedaço dela, do índio rude para julgar que era dono de um pedaço e poderia vendê-lo. Como o Major de Spain, que ostentava como um terreno próprio. Como o velho Thomas Sutpen de que o major de Spain a adquiria. Do velho IK Kemotubbe, o chefe Chickasaw, de que o velho Sutpen a adquiriu e que por sua vez sabia ainda melhor.
Não eram homens brancos ou negros, mas caçadores com firmeza e audácia para resistir e humildade e habilidade para sobreviver, cães, ursos, veados juntos em destaque na floresta, guiados e obrigados cujas leis desconhecem o remorso e a clemência.
Finalmente seu dia chegou, novembro através da lenta fina chuva ele viu a floresta, tal como a veria para sempre, uma alta muralha de árvores.
Em uma manhã, levante um pouco a espingarda disse Sam, engatilhe e fique quieto, mas não seria para ele, não ainda. A humildade estava nisso, assim aprenderá a paciência, pois tinha apenas dez anos e uma semana na floresta, não era o urso. Certa manhã, tornou a ouvir os cães, e Sam disse que era um ganido confuso, é Old Ben. Disse o menino, nem seque está correndo, caminhas, faz isto uma vez por ano pra ver que está aqui, quem é novato no acampamento, pra saber se conseguimos o cão que irá acusá-lo.
Pela primeira vez tomava consciência de que o urso era um ser mortal, e que todo mês de novembro eles seguiam para o acampamento sem esperança alguma de matá-lo. - Será? - disse o menino. - Ainda não temos o cão – disse Sam.
Na manhã seguinte saíram. Atravessaram uma clareira minúscula e desapareciam entre os caniços, sentiu que o urso o estava observando, não se moveu continuou segurando a inútil espingarda que jamais dispararia contra o urso, nem naquele momento nem nunca, então ele se foi.
Em junho, no verão seguinte, toda manhã deixava o acampamento, tinha sua própria arma, chegando a encontrar o tronco a qual havia encontrado a pegada mutilada pela primeira vez, então viu o urso que estava ali imóvel tão grande quanto o imaginara, o urso se moveu, olhou por cima do ombro em direção ao menino e sumiu.
Estava com treze anos e teria que temer e odiar Leão, conhecia as pegadas do urso melhor que as suas, era necessário um cão incomum para poder acuá-lo. Esse cão era Leão, um cachorro selvagem que Sam Fathers enjaulou e domou para que com sua coragem matasse Old Ben.
E é realmente isso que acontece, em uma das caçadas a Old Ben o urso é acuado pelos cachorros e por Leão que o enfrenta agarrando sua garganta e o urso por sua vez fere-lhe a barriga. Boom cravou-lhe várias vezes a faca. Finalmente Old Ben tomba como uma árvore. Após voltarem para o acampamento, o Leão tem sua barriga costurada, mas não resiste e morre. Sam Fathers que teve um esgotamento pela dura caçada morre e é enterrado na mesma tumba de Leão.
O menino faz 21 anos e deveria receber a herança de seu avô, à terra que o velho Carothers McCaslin comprou com o dinheiro de branco. McCaslin não entende por que o menino quer repudiar a fazenda, mas para o menino não há o que repudiar, porque Deus criou primeiro a terra, os animais e depois o homem para ser seu administrador e não para retê-la para si e para seus descendentes. Para o menino nós fomos despojados do Éden e de Canaã e esses bens são usurpados. Terras que haviam mantido trabalhadores na escravidão e que ele pode ver em livros que continuam essas anotações. Livros que revelavam injustiças coletivas e tragédias que jamais poderiam ser separadas. Restava no livro onde estava anotado o último nascimento o nome de Fonsiba. Dezessete anos depois ela se casa com um estranho, que era negro e que dizia que iriam morar no Arkansas. Cinco meses depois MacCaslin encontra Fonsiba vivendo no Sul em extrema miséria. Mas mesmo assim Fonsiba lhe diz que está bem, pois é livre. MacCaslin deixa no banco dinheiro suficiente para que ela não morresse de fome por muitos anos.
Em 1888, o homem repudiando, renegando e livre tendo descoberto que nenhum homem é livre e provavelmente não suportaria sê-lo, casado e morando em Jefferson.
Deve existir uma sabedoria além daquela que se aprende através do sofrimento, para que o homem possa distinguir entre liberdade e licença, não sendo contrário a liberdade como tal, mas em nome das velhas razões pelas quais o homem sempre lutou e morreu em guerras assegurando o futuro de seus filhos. O menino não consguiria distinguir o que realmente tinha visto naquela terra sombria, saqueada e deserta. Os negros eram tratados como raça inferior, as mulheres eram usadas como sua propriedade, sendo engravidadas e devolvidas depois. Ensinaram coisas aos negros não para o engrandecimento, mas sim, para interesse próprio, eles obtiveram tudo dos brancos desde seus antepassados e isso aparecia nos olhos.
Se lembrava do urso feroz e cruel não somente para permanecer vivo, mas implacável na razão do selvagem que era, e também sabendo da longa história de um povo que havia aprendido a humildade através do sofrimento. O menino também desejava aprender, ser humilde para se tornar conhecedor digno na floresta, mas se tornou apto tão rapidamente que temeu jamais se tornar digno. Principalmente após seu casamento, onde até o momento não dava tanta importância a terra como se via em outras pessoas, e influenciado por sua esposa em uma noite de amor resolve aceitar a fazenda que herdara de Sam Fathers, mas no menino permanece o pensamento de que ela estava perdida, nasceu perdido e que todos nós nascemos perdidos. A verdade estaria sempre presente, como sendo uma, não muda, envolvendo todas as coisas que se refere ao coração, honra, orgulho, compaixão, coragem e amor. Talvez essa honra, orgulho e compaixão não deixaram que o menino e Sam Fathers atirassem no urso, o amor,a justiça e a liberdade tocaram em seus corações.
Pois as pessoas e os animais nada mais eram que instrumentos para a colheita de algodão, o lucro estava acima de tudo e com Beauchamp apesar do nome não tinha tanta importância também, pois era negro.
Apesar da sabedoria herdada de seus ancestrais, os negros eram discriminados e explorados, pois eram considerados inferiores aos brancos, o índio também tinha o conhecimento da terra a qual conhecia a cada palmo e ensinando o que sabia do menino, não lhe foi dado o calor necessário, pois não passava de um índio.
E o cão Leão também apesar de sua valentia de ter enfrentado o urso, feroz, cruel, não passava de um cão.
Enfim, o homem e a luta por seu espaço, sua terra, pelo poder, pelo próprio homem, pela natureza e o animal discriminando e sendo incapaz de viver em harmonia com as casas, as pessoas e os animais existentes no mundo.
Coragem para enfrentar seus maiores obstáculos, mas sendo corrompido pelo instinto destruidor.
ANÁLISE DO LIVRO (local e período em que foi escrito/biografia e posicionamento do autor/corrente historiográfica/comparação com outras obras)
Os contos de Faulkner revelam a mesma técnica, tema e tom de seus romances. Em suas obras Faulkner analisa as relações entre negros e brancos em diversas de suas obras, mostrava-se especialmente preocupado com pessoas de antecedentes raciais mistos e seus problemas no estabelecimento de sua identidade.
Ao serem reunidas histórias curtas do período, torna-se evidente o problema no qual Faulkner está priomordialmente interessado. Em cada uma delas são retratadas a fúria e o terror que resultam do conflito de forças vitais biológicas e qualquer mecanismo interior. Este é o tema central da literatura norte-americana de mais peso. Faulkner possui como talento particularmente vigoroso o de revelar a fúria em sua veemência sem meramente discutir o conflito em si. Há o aparecimento de vestígios de uma preocupação social em The Hamlet (1940) e a voz do reformador se tornou mais explícito na obra de Faulkner. Operou-se então uma mudança saudada pelos críticos, porque o autor, apesar de adotar um estilo ainda mais tortuoso, parecia disposto a dispensar os véus impenetráveis que obscureciam o significado oculto de sua produção literária. O velho Bem constitui mais um símbolo do que um fato, contudo, não fica claro se ele deve ser destruído, por ser um urso, ou aorado como um deus. Depois de revelar a saga do Sul sob forma de epopéia moderna da queda e da corrupção do ser humano.
Muitos críticos de início denunciavam em seus livros a ênfase que dava à violência e anormalidade. Depois reconheceram que Faulkner aponta falhas na sociedade, fazia contrastes com o que chamava de “verdades eternas”. Tais verdades são valores universais como o amor, a honra, a piedade, o orgulho, a compaixão e o sacrificio.
Simbologia:
O menino: Simbolizava a humanidade que o homem teria que ter, em reconhecer que a coragem é um estado que está no ser humano, e que o homem mesmo valente deve temer a um covarde.
Os cães: Tinham que se mostrar valentes para continuar a merecer o nome de cão, simbolizavam a presença do urso e a esperança de capturá-lo.
O urso: Simbolizava o anonimato, o obscuro, algo inviolável da floresta.
Leão: coragem, obstinação, determinação de perseguir e matar, resistência dos limites.
Floresta: Simboliza a escuridão, crepúsculo sem memória.
A esposa: representa a sociedade gananciosa, que não consegue viver sem posses.
CONTEXTO HISTÓRICO
Período 1929 – 1950
Em 29 de outubro de 1929 uma notícia explodiu como uma bomba nos EUA; a Bolsa de Nova York havia quebrado. Essa explosão arrasou a economia americana, pois havia nos EUA especulações em longa escala devido a prosperidade existente. Fortunas haviam sido feitas rapidamente e numerosas obras literárias como F. Scott Fitzgerald descreveram o mundo de loucura e ostentação criado com a desenfreada especulação. Já no imediato pós-guerra houve um prenuncio da Grande Crise.
Em 1932 o número de casamentos declinou, índices de natalidade e escolaridade. Favelas multiplicaram-se e se ampliaram com o congestionamento dos falidos, desempregados e subempregados, chamados Hoovervillesw. Tudo isso desfez o prestígio do Partido Republicano.
Em meio a crise econômica e social, realizou-se a eleição de Franklin Delano Roosevelt (1933-1945). Roosevelt pôs em prática o New Deal para solucionar problemas econômicos e sociais gerados com a crise e a Grande Depressão e instituiu o controle bancário. Apesar das resistências opostas, o dirigismo do New Deal conseguiu salvar o capitalismo norte-americano, mas a recuperação foi lenta, às vésperas da Segunda Guerra Mundial ainda havia 8 milhões de desempregados, somente reempregaos quando as indústrias bélicas se desenvolveram após 1941.
As reformas ocorridas no New Deal preocessaram-se em conjuntura internacional marcada por tendências indicativas de novo conflito mundial.
Os EUA entraram oficialmente np conflito, após o ataque japonês a Pear Harbour, base aeronaval norte-americana ns Ilhas Havaí.
Em 1941 a enorme produção bélica, além de atender ao esforço de guerra dos EUA, supria também as necessidades dos Aliados em geral. Em 1943 a Batalha do Atlântico foi ganha pelos aliados, graças sobretudo à ação conjungada aeronaval anglo norte-americana.
Ocorre a súbita morte do Presidente Roosevelt e a Harry S. Truman à chefia do governo norte-americano. Em 1945, o Japãp assinou sua rendição e termina a Segunda Guerra Mundial.
A economia norte-americana no pós guerra caracterizou-se grande instabilidade. Essa instabilidade econômica afetou a sociedade, principalmente nos Estados do Sul onde se encontrava a população negra.
CONTRIBUIÇÃO DA LEITURA PARA A FORMAÇÃO DO PROFESSOR (De que forma a leitura deste livro contribuiu para sua formação?)
As críticas que Faulkner faz em suas obras sobre a falta de sentimentos que o ser humano apresenta: amor, honra, piedade, orgulho, compaixão e o sacrifício.
Mostra também que o menino era diferente. Não se apegava aos bens materiais.
É uma obra de grande reflexão para ser trabalhada nas aulas de artes.
REFERÊNCIAS
Bibliografia
FAULKNER, William , O Urso, tradução de Hamilton Trevisan, Editora Vertente, São Paulo,1977.