Análise literária da obra As vinhas da Ira de John Steinbeck
STEINBECK, JOHN As vinhas da ira; tradução Ernesto Vinhares e Herbert Caro. Victor Civita Volumes I e II, Abril Cultural, São Paulo,1982.
Características do Autor
John Steinbeck nasceu em Salinas, Califórnia, Estados Unidos a 27/02/1902 e morreu em New York a 02/12/1968.
Muito jovem fora influenciada por seus pais a ler Dostoievisk, Milton, Flaubert, George Elliot e Thomas Hardy cuja a “Morte d'Arthur” mais tarde apontou uma de suas primeiras influências literárias. Terminou o curso secundário no Salinas High School em 1919. No ano seguinte ingressou na Universidade de Stanford exercendo várias profissões para custear os estudos.
Em 1925 empregou-se no jornal “American of New York” e, vasculhou a cidade em busca de um editor para seus livros ainda não escritos.
Estreou na literatura com “A taça de ouro (1929), biografia romanceada do bucaneiro Henry Morgan, já marcada por seu estilo e características alegóricos.
Publicou em seguida “Pastagens do céu” (1932) e “A um Deus desconhecido”. Esses primeiros livros não lhe asseguraram a carreira. Em 1935 firmou-se autor de prestígio com “Boêmicos errantes” que recebera a medalha de ouro do Commonwealth Club of San Francisco como melhor livro Californiano.
Os três romances mais importantes foram escritos entre 1936/1938 “Luta incerta (1936) descreve uma greve de trabalhadores agrícolas da Califórnia; Ratos e homens (1937) que seria transportado para o cinema e teatro analisa as complexas relações entre os dois trabalhadores migrantes; “As vinhas da ira” (1939), considerada sua obra prima em que conta a exploração a que são submetidos os trabalhadores itinerantes e sazonais através da história da família Joad que migra para a Califórnia atraídos pela ilusória fortuna da região. Essa trágica odisséia recebe o prêmio Pulitzer e foi levada as telas por John Ford em 1940.
As obras de Steinbeck inclui ainda “Caravana de destinos” (1914), “A Pérola” (1945/1947); o destino viaja de ônibus” (1947), “A leste do Éden (1952), que obteve grande sucesso de público também na versão cinematográfica de Elia Kazan (1950); “Doce Quinta-feira” (1954), “O inferno de nossa desesperança” (1961), Niágaras com Charley (1962).
RESENHA
As Vinhas da Ira “The Grapes of Wrath” é um romance que foi escrito em 1929 por John Steinbeck.
A obra retrata a crise provocada pela evolução das máquinas e pelos bancos que insaciavelmente adquiri propriedades deixando os texanos sem perspectiva de vida em sua própria terra.
Há muitas descrições sobre a terra do Texas, problemas sociais da época e a migração para a Califórnia que por suas plantações de uvas, algodão, pêssegos e outros frutos parecia um bom lugar para se começar de novo.
Mostra um povo sofrido, humilde e de fala muito peculiar e por demais deficiente na linguagem com muitas letras subtraídas e palavras unidas e outras sem ter um sentido.
RESUMO DO LIVRO
As vinhas da Ira, de John Steinbeck
A história acontece no período da crise de 1929 e, têm como locais o Estado do Texas e o Estado da Califórnia.
História da família Joad Tom Joad sai da penitenciária Mcalester em liberdade condicional. Ele volta a sua cidade, no Texas, para rever a família e é surpreendido com plantações invadindo as casas, o lugar quase deserto e, as poucas pessoas que encontrava estavam de partida.
Tom reencontra o pastor “pregador” Casy que havia abandonado a vida religiosa. Ambos descobrem que o banco arrecadava lados os acres da terra e a maioria das famílias foram para a Califórnia.
Muitos perderam seus empregos com o surgimento das máquinas e tratores.
Tom e Casy encontram a família na casa de seu tio John, todos se preparavam para ir ao oeste. O pai Sr. Tom Joad e a mãe tinham receio de saírem e, os avós estavam ansiosos, principalmente o avô que queria ver os laranjas e as vinhas do oeste.
Tom tinha dois irmãos, ainda crianças Winfield e Ruthie e um irmão de dezesseis anos de idade que depois da prisão de Trom assumira a casa ajudando o pai e, havia o irmão mais velho deles, Noah, que tinha problemas mentais e, Rosa de Sharon que se casara e estava grávida.
Na jornada houve dificuldades financeiras, discriminação e mortes. Avô e avó morreram no caminho e foram enterrados como indigentes. Rosa de Sharon grávida, fora abandonada pelo marido, Connie.
As muitas famílias migrantes sofreram injustiças, massacres, pois havia na Califórnia até mesmo grupos de extermínio. A família Joad encontrara outras famílias no caminho e compartilharam com elas comidas, sonhos e esperanças.
Muitos os desencorajavam com descrições horrendas dos habitantes, lugares que eram obrigados a ficarem e a miséria a que seriam sujeitados.
Explorações na lavoura, nas cidades os preços exorbitantes dos produtos, indústria automobilística cresce.
Tom arranja briga, fere um policial e Casy assume a culpa no lugar dele.
Já sem Noah, Connie e Casy, a família Joad vai parar em acampamento do governo parecia o paraíso, porém não se encontrava emprego.
Tom medita sobre a temporada na cadeia e compara a vida de Mcalester com a vida na Califórnia, ele preferia a cadeia. Novamente arranja encrenca e some, e desta vez, não aparece mais. Desta última encrenca Tom havia reencontrado Casy que liderava uma greve e, este é morto por policiais e Tom por estar junto é caçado pelas autoridades.
O desfecho do livro nos remete a constante luta pela sobrevivência.
Rosa de Sharon dá a luz a uma criança morta.
A família Joad incompleta encontra um pai e uma criança com fome e, Rosa de Sharon cede seu leite ao homem doente.
ANÁLISE DO LIVRO (local e período em que foi escrito/biografia e posicionamento do autor/corrente historiográfica/comparação com outras obras)
Texas é uma região muito castigada pelas longas estiagens e sua terra é muito poeirenta e, com a chegada das máquinas e tratores, toda tecnologia e ciência inovadoras da época facilitaram e ajudaram os grandes proprietários, porém houve muito desemprego.
Na obra há uma crítica ao progresso e, mostra até um saudosismo às épocas que havia lutas com índios, demarcações territoriais e o simples plantio.
Os ricos e pobres nesta época tinham um inimigo comum, os Bancos. Os Bancos pareciam monstros devoradores de terras, expulsavam os arrendatários, tiravam-lhes os empregos matando assim a alma dos homens. Com tanto desemprego e matança de Okies (migrantes) a religião é muito questionada, a benevolência e, até a existência de Deus eram questionados.
No livro é citado dois tipos de religião, uma originária da Escócia no século XVII que se assemelha a evangélica e a outra era mais radical e se assemelha aos “QUAKERS”.
Os agricultores eram maltratados e taxados como inconvenientes, pois os BANCOS pagavam ninharias e, inconformados alguns trabalhadores se rebelavam e faziam greve.
A personagem Tom ao mesmo tempo que criticava o sistema penitenciário dizendo “a instituição não ajuda no crescimento do homem, não o torna nem bom nem ruim”, mas reconhece que a vida em Macalester era regrada, tinha comida e conforto coisa que devia ter no mundo de “fora”, mas a vida havia se tornado cruel dura e ríspida.
Encerramos a crítica comparando a estrutura de “As vinhas da Ira” com “Vidas Secas” de Graciliano Ramos.
A uma reprodução da liguagem precária das personagens problemas devido as secas, migração ocasionada pela desgraça, degradação e miséria da terra, porém em as Vinhas da Ira Steinbeck a problemas devido o porgresso que ao invés de ajudar prejudica o povo humilde.
Avô, avó, mãe nada mais são, menino mais velho, menino mais novo, mostrando o sofrimento que descaracteriza o indivíduo fazendo perder seu valor existencial.
Mãe apesar de não ter nome tem características mais forte que veremos na análise das personagens.
Ambas as obreas tem desfechos “abertos”, ou seja induz ao leitor imaginar “o que acontecerá” com as personagens fazendo-nos refletir nos problemas que realmente existem e, que em algum lugar existem famílias como as dos Joad e de Fabiano de “Vidas Secas”.
Mãe assim como Fabiano que mesmo descaracterizado pelo seu meio, ambos conseguem manter a família unida.
O absurdo de poder existe nas duas obras, em Vidas Secas Fabiano é preso e humilhado, não pelo fato da infração cometida, mas sim pelo simples fato de ser “ignorante”, ou seja simples e sem estudos. A injustiça é causada pela vaidade que um cargo maior provoca nas pessoas, neste caso os policiais. Em As vinhas da Ira o abuso acontece por causa da revolta nutrida pelo desemprego que segundo os californianos fora provocado pela migração dos “Okies”.]
Tanto Graciliano Ramos quanto John Steinbeck exploravam em suas personagens e, levando em conta a solidariedade de Steinbeck os pontos mais marcantes em comparação à Vidas Secas são a linguagem deficiente, o mieo ambiente que modifica o ser humano semelhantes, no caso das obras “A miséria une os miseráveis”.
ANÁLISE DAS PERSONAGENS:
Tommy Joad – Foi preso por matar um homem numa briga de bar. Em liberdade condicional ele vai ao encontro de sua família.
Tom era simples, porém seu caráter é forte, apesar do seu erro do passado era honesto, digno e antes de ser preso era o eixo da família ajudava seu pai a sustentar a família e o seu elo de ligação com a mãe era muito forte ambos se apoiavam.
Al Joad – Irmão de Tom que desde sua prisão ajudava o pai no encargo de sustentar a família. Era fanfarrão, mulherengo, caminhoneiro devido a sua paixão por carros, ele queria ser mecânico de autos.
Tommy Joad (pai) – Homem que perde o controle da família e que carrega uma culpa dentro de si em relação ao filho Noah (ele deixou o menino cair do colo).
Noah Joad – Irmão mais velho de Tom. Quieto, observador. Ele tinha problemas mentais.
Winfield Joad – Irmão caçula. Era criança e se portava como tal.
Ruthie Joad – Era mais velha que Winfield e controlava tudo. Era agressiva, esperta, inteligente e amadurece conforme os fatos ocorridos no trajeto.
Avô – Teimoso morre de apoplexia e desgosto de sair de sua terra.
Avó – Quieta. Vivia a combra do avô e morre de tristeza logo após seu marido.
Rosa de Sharon (Rosasharn) - casada com Cannie esperava um bebê. No precurso é abandonada pelo marido e perde o bebê. Era suscetível, influenciável, medrosa e pessimista, porém com todo o sofrimento e a morte do bebê reparamos uma sutil mudança de caráter.
Casy – Era ex-pregador, sonhador, falava muito bem era idealista, fazia muitas reflexões sobre a vida e, tinha consciência de que era um mero pecador, por isso, abandonava a vida religioso.
Tio John – complexado, traumatizado e tinha fixação em pecados, seja, tudo para ele era separado em pecado ou não pecado. Seu trauma era ter deixado sua jovem esposa morrer de apendicite, pois fizera pouco caso as reclamações da mulher, achava que era simples dor de barriga.
Mãe – forte ligação com filho Tom. Mulher forte tomava todas as decisões na família. Ela era motivo de uniões e desuniões.
SIMBOLOGIA
Algodoeiros – o algodão é fofo e macio representando o conforto e a segurança em família, entretanto, os espinhos e a aspereza do talo nos faz refletir no destino que guarda surpresas, sabores e dissabores da vida.
Acampamento do governo – lembra o sistema comunismo em que há uma comunhão e cooperação e massa popular e, ninguém é melhor ou pior, tem mais ou menos posses, existe apenas as contribuições e o compartilho com os compatriotas.
A penitenciária de Mcalester também traça esse paralelo, porém há uma crítica negativa ao sistema penintenciário americano, que dá mordomia e não influencia nem para o bem, nem para o mal, ou seja, não havia na época uma estrutura firme e construtiva nas penitenciárias americanas, apesar das cadeias de máxima segurança e as penas de morte.
CONTEXTO HISTÓRICO
Os E.U.A. viveu um período entre guerras onde houve uma rejeição dos países da Europa aos E.U.A. e, a partir de 1920 as mulheres começam a votar nas eleições presidenciais.
Entre 1929 à 1933 houve a queda das ações na Bolsa de Valores de New York CRACK de Wall Street que iniciou uma grande crise econômica.
Devemos recapitular anteriormente em que expansões territoriais conquistou aos norte-americano a Luisiania, Flórida, Gadsden, Oregon, Mississippi e, uma longa disputa com o México, eles apossaram-se de uma grande parte do oeste: Texas, Califórnia, Utah, Colorado, Arizona e Novo México.
Descobre-se ouro na Califórnia. E, no final do século passado a industrialização se torna vitoriosa.
CONTRIBUIÇÃO DA LEITURA PARA A FORMAÇÃO DO PROFESSOR (De que forma a leitura deste livro contribuiu para sua formação?)A obra retrata o homem moderno diante das diculdades da vida dentre elas a pobreza e a privação em um mundo nada doce. São vítimas da competição. E como lição de Artes nos remete a pensar que as pessoas não podem viver sozinhas e precisam ser solidárias uma com as outras para poderem sobreviver.
REFERÊNCIAS
Bibliografia
STEINBECK, JOHN As vinhas da ira; tradução Ernesto Vinhares e Herbert Caro. Victor Civita Volumes I e II, Abril Cultural, São Paulo,1982.
STEINBECK, JOHN As vinhas da ira; Editora BestBolso, 2008.